A morte de Paulo Caruso e Sueli Costa e a era dos festivais, por Luis Nassif

Hoje chegou a notícia do morte de ambos. Sueli acompanhei à distância. Mas Paulo foi um amigo querido.

Montagem: Toda Bahia

Entre 1967 e 1970 caí de cabeça na onda dos festivais. Meu pai emprestava sua perua Veraneio e nossa turma saía pelo mundo, disputando festivais.

Em 1969, especialmente, foi o ano de mais festivais. Participei de um festival da rádio Marconi, cuja final foi no Teatro Municipal; e outra, a Feira Permanente da Música Popular Brasileira, organizado por Fernando Faro na TV Tupi.

No primeiro, da rádio Marconi, conheci os irmãos Caruso. Eu estudava em São João da Boa Vista, na época, e tinha me enfiado até o pescoço na onda dos festivais. Inscrevi uma música, estilo canção praieira. A dos Caruso, não me lembro bem o tema. Tirei o terceiro lugar, o primeiro ficou com uma de nome “Trenzinho”.

No segundo, competi com Sueli Costa, ela com a música “Flor da Campina”, eu com o “Congresso Internacional do Medo”, em parceria com meu amigo João Jurity. Empatamos na semifinal de julho e fomos para a final competindo com duas músicas de Paulinho da Viola, uma das quais “Foi um rio que passou em minha vida” – e duas de Jorge Ben.

Hoje chegou a notícia do morte de ambos. Sueli acompanhei à distância. Mas Paulo foi um amigo querido.

E “O violão”, com uma das letras mais inspiradas da música brasileira, de Paulo César Pinheiro.

Reencontrei os Caruso anos depois do festival, quando comecei a trabalhar no jornalismo e eles na charge, um grupo fantástico com Laerte, meu colega de USP, Glauco, Angeli, todos filhos indiretos do Pasquim, de Henfil e Jaguar.

Caminhamos por muitas serestas, muitos bares. Fomos do Ópera para o 22, depois para um bar da rua Augusta, depois o bar Brasil. Depois, ambos se meteram em músicas críticas fantásticas.

Um de seus clássicos era sobre Roseana Sarney:

“Vem cá, ó Roseane / vem me fazer feliz / quero fazer contigo / o que teu pai faz com o país”.

Luis Nassif

6 Comentários

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  1. Rádio Marconi, Rua Santa Tereza 20, 19º andar, Edifício Wilson Mendes Caldeira – calada pela “revolução redentora” e implodida junto com a Rua Santa Tereza para a passagem do metrô. São Paulo da força da grana que ergue e destrói coisas belas.

  2. Cartunista é um sacana sério, que sacaneia tão seriamente; que às vezes, tão sério que salva a liberdade, a alegria, a fé em viver, a esperança, enfim, da gente. (Com o perdão do Pessoa).
    Um traço, e toda a tirania começa a fazer água.
    Vivas ao Paulo.

  3. Nassif,
    Cara, tá morrendo tanta gente insubstituível, né mesmo?
    Este país precisa dar um tempo nessa tendência!

    Sobre teu artigo a respeito do show do Chico: mandei essa tua pérola a muitos correspondentes. Por favor, não me cobre direitos: não poderia pagá-los.
    Te assisto toda noite: vocês do GGN 20 horas são minha diária missa (sou ateu, aliás).
    Não sou membro porque a grana tá muito curta, meu! Para compensar, instei a todos que dessem uma olhada no GGN 20 horas para que obtivessem uma visão crítica. Tenho certeza que a maioria (costumazes espectadores da Globonews, CNN, etc., nunca sintonizaram GGN, apesar de minha insistência. Espero convencer alguém, desta vez.

    Acredito que vc não terá acesso a esta mensagem. Todavia, acredito que a querida Lourdes o lerá. Criatura maravilhosa!
    Beijos a todas e todos!

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