A CBN nacional e o caso de Manaus

A CBN pratica hoje em dia um dos melhores jornalismos do país. Pode-se discordar do viés dos comentaristas, não da qualidade da cobertura, tanto em nível nacional quanto em São Paulo (não conheço a de outras praças).

Na formação da opinião pública, seu peso é superior ao dos jornais. Não é por outro motivo que, na última edição do Prêmio Comunique-se, o jornalista Gilberto Dimenstein – que veste as camisas da CBN e da Folha – dedicou sua premiação a Mariza Tavares, diretora geral da rádio, e não a Otávio Frias Filho, da Folha, mesmo sendo membro do Conselho Editorial do jornal.

Por ser uma rede nacional, por sua própria influência, a CBN é responsável direta pelos atos de seus afiliados – mesmo porque o prestígio político deles, em sua região, depende em grande parte da imagem da rede; assim como a imagem da rede depende na região depende da imagem de seus afiliados.

Anos atrás, houve problemas sérios com a CBN de Londrina. A CBN só tomou posição depois que virou tema nacional. De alguns anos para cá, com a CBN de Manaus.

A campanha do dono da afiliada, Ronaldo Tiradentes, contra uma médica da cidade, é dos episódios torpes do jornalismo contemporâneo. A maneira como apregoa sua influência, seu poder e a perseguição sistemática a uma mulher, expõe não apenas ele mas a própria marca CBN em todo o país – graças às redes sociais e ao Twitter.

Afinal, qual o caráter da rede CBN? É a que se propõe a defender o cidadão e invoca o interesse público até para o jogo partidário mais comezinho? Ou a que dá retaguarda aos esbirros autoritários de um afiliado?

Qual a imagem dos afiliados da rede CBN, sabendo-se das atitudes da CBN Manaus e da complacência da rede para com um afiliado sem nível? Qual a posição de Mariza Tavares, ela mulher, vitoriosa, sabendo que uma mulher de Manaus está sendo alvo de uma campanha sistemática de um representante da rede na cidade, sabe-se lá por que motivos?

Consultei o Twitter da vítima. É partidária de José Serra. O que significa que suas críticas ao poder público local ou à rádio não podem ser classificadas como “coisa do PT”- álibi fácil para atacar qualquer adversário ou desqualificar qualquer crítica.

Provavelmente deve ser uma ouvinte que seguia fielmente as análises da Lúcia Hippolito, da Mirian, do Merval – sem nenhum demérito nem para ela, nem para eles. Provavelmente uma ouvinte típica da CBN. No entanto, alvo de um massacre por um dono de rádio que usa a marca CBN, sem nenhuma manifestação da parte da CBN nacional em defesa de seu ouvinte.

Luis Nassif

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