Após ser ameaçado e viver no exterior, repórter volta e é demitido pela Folha

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O jornalista de segurança pública André Caramante foi demitido da Folha de S. Paulo, quando voltou ao Brasil, depois de viver 3 meses fora do país em razão de ameaças à ele e à sua família pelas reportagens de investigação e denúncias. O Sindicato de Jornalistas de São Paulo emitiu nota, protestando contra a decisão do veículo.

Leia, na íntegra:

Após ser ameaçado e viver no exterior, repórter volta e é demitido pela Folha

A direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) protesta contra a decisão do jornal Folha de S. Paulo de demitir o repórter André Caramante, que passou três meses fora do país por sofrer ameaças e intimidações em função de reportagens que envolviam o ex-chefe da Rota, o vereador e coronel Paulo Telhada (PSDB). A empresa alegou “contenção de despesas” para dispensar o trabalhador.

Caramante era um dos repórteres do grupo Folha a cobrir a área de segurança pública. Tinha 14 anos de empresa, período em que denunciou vários crimes da polícia de São Paulo, como o envolvimento com grupos de extermínio ou prática de corrupção.

Em julho de 2012, Caramante publicou um artigo com o título: “Ex-chefe da Rota vira político e prega a violência no Facebook”, sobre a atuação do coronel Telhada, então candidato a vereador pelo PSDB, mostrando que através de sua página nas redes sociais, ela incitava o ódio e a violência. E através dela mesmo, o vereador pedia que seus seguidores escrevessem à direção da Folha de S. Paulo contra o “jornalista notório defensor de bandidos”. A partir de então, sua vida não teve mais sossego. Recebeu telefonemas anônimos no jornal e em sua casa, ameaçando a ele e a sua família e passou a ser escoltado por motoristas do jornal para ir ao trabalho.

O SJSP hipotecou, então, total solidariedade ao jornalista. Logo em seguida, Caramante precisou deixar o país por 90 dias, temendo pela sua integridade e de seus familiares. Após seu retorno, ele foi afastado da cobertura da área de segurança pública e passou a escrever textos no caderno “Cotidiano”, para a TV Folha e também para o caderno de Esportes. Por sua atuação marcante, Caramante foi vencedor do prêmio Santo Dias da Assembleia Legislativa de São Paulo e do Prêmio Nacional de Direitos Humanos, que recebeu das mãos da presidenta Dilma Roussef, no final de 2013, em Brasília.

Novamente, a direção do SJSP se coloca à disposição de André Caramante para as ações que o repórter julgar pertinentes. E repudia a decisão do jornal de demitir jornalista que tantos serviços prestou à publicação.”

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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