Empresário da área de petróleo se defende de acusações da Veja

Por mcn

Folheando hoje cedo o jornal Valor Econômico me deparei (pg. C-1, Finanças) com um anúncio pago de um certo Julio Faerman, empresário aposentado da área de petróleo, com o curioso título de “Um alerta aos homens de bem”.

No texto, bem escrito, aliás, o autor defende-se de acusações gravíssimas contra sua pessoa e empresas que dirigiu. Não menciona quem o acusa. Diz que, aos 75 anos, dificilmente terá em vida a necessária reparação.

Uma rápida busca no Google releva o óbvio: mais um assassinato de reputação de Veja, no tradicional estilo cocoxinha irônico, sem direito à defesa. O caso é o suposto escândalo da suposta propina da holandesa SBM Offshore na Petrobras. Quentíssimo, portanto.

Não sei se ele é inocente, mas, se Veja escolhe um lado, é sempre bom ficar do outro, por questões sanitárias.

Expressão de Opinião

Um alerta aos homens de bem

Julio Faerman

Tenho 75 anos e atuo há pelo menos 50 anos na área de petróleo. Sou engenheiro eletricista com pós-graduação naquela atividade. Minha carreira teve início nos anos 60. Fui empregado concursado da Petrobras. Por alguns anos, fui um dos responsáveis pelos processos de workover – intervenções em poços de petróleo – e de completação no município de Catu, interior da Bahia. Fui obrigado a pedir demissão prematuramente porque meu filho mais velho sofria, à época, de uma doença acarretada pela ausência de água tratada na cidade.

Eu deixei de ser empregado da Petrobras – um dos maiores orgulhos de minha vida – mas não me afastei da atividade petrolífera. Fui contratado então por uma empresa que fabricava o que é conhecido na indústria do petróleo como ‘árvore de Natal”. Elas eram instaladas em campos situados em terra, numa época ainda distante da prevalência da exploração marítima. Graças ao conhecimento técnico acumulado, direcionei meus esforços para a criação de urna consultoria que pudesse orientar os principais players do segmento, em especial os interessados em ingressar na atividade em solo brasileiro.

Valor Econômico (versão impressa)

Eu deixei de ser empregado da Petrobras – um dos maiores orgulhos de minha vida – mas não me afastei da atividade petrolífera. Fui contratado então por uma empresa que fabricava o que é conhecido na indústria do petróleo como ‘árvore de Natal.. Elas eram instaladas em campos situados em terra, numa época ainda distante da prevalência da exploração marítima.

Fundei então, em 1975, a Serpetro. Vinte anos depois, surgiu a Faercom e, em 2006, a Oildrive. Ao longo de quase 40 anos, contribuí para que dezenas de milhares de empregos fossem gerados e dezenas de bilhões de dólares fossem investidos no Brasil por conta das atividades originadas por estes recursos. As empresas em que atuei representaram e ainda representam algumas das maiores prestadoras de serviços e fornecedoras de equipamentos da indústria de petróleo e gás.

Há dois anos, decidi me aposentar. A administração das empresas ficou a cargo de meus ex-sócios, já que me retirei das sociedades. A aposentadoria coincidiu com o fim da parceria com a SBM, empresa que tive a honra de representar por 30 anos e que tomou decisão estratégica de passar a atuar globalmente a partir de estruturas-próprias. Hoje resido em Londres e mantenho apartamento no Rio de Janeiro. Minha família mora no Rio e eu costumo visitá-los sempre que possível.

Ao longo de minha trajetória profissional, nunca meu nome foi associado a qualquer prática desabonadora. Sempre mereci o reconhecimento de meus parceiros de negócios, clientes, colegas e amigos. Nos últimos dias, porém, minha honra tem sido gravemente atacada. A suposta fonte seria um ex-funcionário de uma companhia que foi representada por minhas empresas por cerca de 30 anos. Este ex-funcionário da SBM, conforme relato daquela mesma companhia, tentou extorqui-la antes de tornar públicas as alegações que hoje são acolhidas e veiculadas de forma leviana. Não há outra fonte, não há uma prova, nada. Apenas o relato de um criminoso.

Por conta disso, toda minha vida profissional tem sido desqualificada sistematicamente nos últimos 30 dias. Uma foto tirada no septuagésimo aniversário de minha esposa é utilizada com o objetivo de expor-me ao ridículo e à chacota. Agora sou retratado não mais como engenheiro ou empresário, mas como “lobista” ou ”facilitador de crachás”. De uma hora para outra, minha vida se tornou objeto de escrutínio e investigação.

Meu relacionamento com a Petrobras nunca deixou de ser técnico, e por isso aquela companhia é parceira de negócios há décadas, independentemente do cenário político. Não sou ingênuo a ponto de imaginar que as denúncias que hoje me atingem estejam imunes a interesses de ordem política. Também não é descabido imaginar que haja interessados em afastar uma companhia do porte da SBM de futuras licitações. Já foi dito que as encomendas à SBM cresceram na segunda metade da década passada. Ninguém se preocupou em informar que estas encomendas acompanharam o boom provocado pelas descobertas de novas províncias petrolíferas ao largo da costa brasileira, com ênfase para o pré-sal. E que a utilização das plataformas do tipo FPSO (unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência de petróleo e gás) é a que faz mais sentido para as características do mercado brasileiro, onde predominam campos afastados da costa, lâminas d’água profundas e falta de logística para o escoamento. A Petrobras é líder mundial na exploração de águas profundas e desenvolveu um extraordinário know-how na utilização das plataformas FPSO. E a SBM, por sua vez, é uma das poucas companhias no mundo habilitadas a executar projetos tão complexos ligados a este tipo de unidade.

É impossível não conjecturar sobre o que tem levado tão longe um processo surreal em que se é acusado de intermediar um suposto pagamento de propina. A quem foi paga? Quando? Como? Onde? Não há nada, apenas uma mentira colocada na wikipedia. Como parte desta postagem, foi mencionado o nome de um diretor da Petrobras cuja integridade irretocável e um longo histórico de serviços prestados àquela companhia são de pleno conhecimento de todo o mercado de petróleo e gás. A menção a seu nome deveria servir para desqualificar qualquer acusação, nunca o oposto.

O que tem ocorrido comigo deve servir de alerta a todos os cidadãos de bem, em especial aos que decidiram um dia se tornar empreendedores e a se especializar em mercado tão próspero quanto o de petróleo e gás. Da noite para o dia, uma reputação construída ao longo de 50 anos de atividade profissional é colocada em xeque por obra de um criminoso. E um empresário que sempre agiu com lisura e preservou a ética em seus negócios se vê praticamente convertido no protagonista de “O Processo”, de Kafka.

O fato é que me vejo submetido a um processo público de achincalhe que se alimenta a todo instante. Meus ex-sócios têm procurado esclarecer a seus clientes sobre o que se passa no Brasil, mas só a confiança de muitos anos de relacionamento será capaz de preservar intactos os vínculos comerciais em face de uma exposição pública tão negativa. Mesmo diante de tudo isso, nada temo. Uma investigação isenta, apolítica, técnica, será o maior referendo que poderia desejar a minha honra e a uma conduta profissional da qual me orgulho. Sempre procurei transmitir os melhores valores a meus filhos e netos. Ficam apenas algumas indagações: o que será noticiado depois que todas as investigações estiverem concluídas? Quem será responsabilizado pelos danos causados a mim, a minha família e a meus ex-sócios e suas empresas? Haverá uma retratação pública? Sou muito cético em relação a isso. Aos 75 anos, minha sensação é de que a missão de limpar inteiramente meu nome de toda essa sujeira será delegada a meus filhos e netos.

* Julio Faerman, 75 anos, é engenheiro eletricista com curso de pós-graduação em engenharia de petróleo e sócio-fundador de Serpetro, Faercom e Oildrive.

Redação

13 Comentários

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  1. Lei de mídia

    Quando falamos, pregamos e repetimos que já é urgentíssimo a aprovação de uma Lei de Mídia, fica parecendo que estamos num campeonato em que alguns torcem para um lado e outros para o outro.

    Absurdos como este deste Post acontecem diuturnamente em nossa mídia tupiniquim. Isso não pode mais se tornar uma rotina!

  2. Jogo pesado de mafiosos

    Não dá para não pensar em máfia internacional do setor, com trihões de dólares, agindo nos bastidores, novamente. Assim se tira do caminho concorrentes para chegar perto do pote de ouro. Parece queo PMDB que também descobriu que esse método é eficaz para seus interesses, os cofres públicos.

  3. PELO QUE VI  ai  tem  a

    PELO QUE VI  ai  tem  a marfia  das petroliferas  americanas, querendo  derrubar  a  SBM, visto que  ela tem  tecnologia  avançada  e eles  sabem que  se  derrubarem a  a  SBM ,  logicamente  atingiram de cheio a Perobras,  sao  as  acusaçoes  levianas  feitas  justamente para   acabar  de vez  com a Petrobras  e  logicamente  compra-la  a  preço de banana podre  pois  esse  era o objetivo  de  FERNANDO HENRIQUE  CARDOSO,  como podemos  ver  na declaraçao que  ele faz  dizendo que  seria  muito deificil  vender a Petrobras. Ora  uma  empresa como a  Petrobras  basta  abrir a boca  que nao vai ter  tempo  nem de fechar  pois  aparecem milhoes de interessados. A intençao é  realmente  a de mais um ataque  as empresas que prestam logistica  a Petrobras  pois elas alem de   ser  responsavel pelo  grande sucesso da Petrobra, nao  abrem  mao  da tecnologia, nem permite naturalmente  intromissoes  nos  seus  negocios. Talvez  a SBM como outras empresas  tenham conseguido  ao longos  de todos esses  anos, identificar,  elementos  nocivos, ao seu  bom desempenho  e nao  permitir  que  eles  se infiltrassem. mais  um motivo  para  as acusaçoes levianas. 

    Se  o nobre engenheiro  cedesse  a pressao  desse  ex-funcionario  corrupto  para nao ver seu nome  lameado, o chantagista iria usar isso como   motivo  para   declarar aos  4 ventos  que  houve  o pagamento de propina. Mas  quem nao deve nao teme  e nao se submete  a chantagem de criminoso  como  esse  vagabundo  pau mandado  das  Petroliferas.

    Acima de tudo  vemos  os  ataques  a petrobras  direcionados  de todos os lados,  é nos  EUA,  na  INGLATERRA, e principalmente no Brasil.   com jornais  revistas(facistas)  ed politicos   de  oposiçao ao governo que  tentam passar  para a opinao publica que a  PETROBRAS VAI MAL.  

    Os americanos  estao  pelos  4 cantos do planeta querendo derrubar governos  para  se apossar  de suas  reservas, como  UCRANIA,  VENEZUELA  E  BRSIL, – Eles tem  agencias   preparadas para   executar planos de difamaçao e calunias  para  conseguirem  o que  querem. com isso  soma-se  que  essas empresas  contam com agentes  secretos  da  CIA OU  NSA  que foram desativados  e passam a fazer  parte  dessas empresas   levando  a  corrupçao,  derrubada de governos,  chantagem, calunias,  golpes  para dertrubar  governantes  legitimamente  eleitos pelo povo. 

  4. Caso de polícia

    Concordo plenamente que deva existir uma democratização da mídia, pois não é possível que nesta altura do campeonato, cinco famiglias continuem controlando as informações no Brasil. Ocorre que que o referido panfleto sórdido da direita vai muito além da importante abertura dos meios de comunicação, pois ela não hesita em associar-se ao crime organizado, como ocorreu com Carlinhos Cachoeira e CIA, para atingir os seus propósitos. É claro que o empresário acusado deve acionar judicialmente a revista, porém se for minimamente informado ele já deve saber que o caminho nesta direção é longo e incerto, pois parece que a justiça também é parceira da publicação mais canalha da mídia brasileira.

  5. COMO FOI DESMONTADA A PETROBRAS

    COMO FOI E QUEM DESMONTOU A PETROBRAS – 

    QUARTA-FEIRA, 6 DE NOVEMBRO DE 2013

    Como foi desmontada a Petrobrás

     Via Correio da CidadaniaWLADMIR COELHO
    Em 1995, a emenda constitucional número nove retirou da Petrobrás a condição de operadora do monopólio estatal do petróleo. A manobra apresentou como fundamento o discurso ideológico neoliberal, incorporado, naquele momento, nos atos e ações do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC).A tática utilizada foi alterar o texto do parágrafo primeiro do artigo 177 da Constituição, cujo teor determinava: “o monopólio previsto neste artigo inclui os riscos e resultados decorrentes das atividades nele mencionadas, sendo vedado à União ceder ou conceder qualquer tipo de participação, em espécie ou em valor, na exploração de jazidas de petróleo ou gás natural, ressalvado o disposto no art. 20, § 1º”.Observe: a redação original, votada e aprovada em 1988 por uma Assembleia Constituinte, garantia ao povo brasileiro a propriedade não somente do bem natural petróleo, mas somava a este o bem econômico. A emenda número nove retirou do povo, na prática, a propriedade do bem econômico, determinando que “a União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo, observadas as condições estabelecidas em lei”.Esta alteração no texto constitucional – conforme é possível observar – determinou a criação de uma nova lei para o petróleo, aprovada em 1997, recebendo o número 9478. O novo texto legal tornou sem efeito a lei 2004, de 1953, cujo teor garantia à Petrobras o monopólio da exploração petrolífera.Verifica-se no texto da lei 9478, quanto à propriedade do bem econômico petróleo, a seguinte redação: “Art. 26. A concessão implica, para o concessionário, a obrigação de explorar, por sua conta e risco e, em caso de êxito, produzir petróleo ou gás natural em determinado bloco, conferindo-lhe a propriedade desses bens, após extraídos, com os encargos relativos ao pagamento dos tributos incidentes e das participações legais ou contratuais correspondentes”.Observe-se a inexistência de qualquer limitação à propriedade do petróleo, após sua extração, bastando a empresa concessionária pagar as compensações, dentre elas os famosos royalties.O caráter neoliberal da lei 9478 impediu até mesmo a criação de um planejamento econômico voltado para a autossuficiência. Em seu texto fica determinada a necessidade de autorização para exportação de petróleo condicionada ao previsto na lei 8137, de 1990, assinada pelo presidente Fernando Collor, ficando como único limite à exportação pelo “proprietário” do petróleo a necessidade de manutenção de uma reserva estratégica.Esta reserva seria o mínimo necessário – caso seguisse o modelo dos Estados Unidos – para a manutenção do abastecimento de combustíveis por aproximadamente 60 dias. Não verificamos na legislação brasileira qualquer menção à forma ou método para atingir a autossuficiência.Desta forma, os “proprietários” do petróleo ficam livres para exportar a quantidade que entenderem as respectivas políticas econômicas de suas empresas, cujo centro de decisões, via de regra, encontra-se no hemisfério norte. Não temos no Brasil, mais uma vez, uma política econômica para o petróleo, voltada a satisfazer um plano de desenvolvimento.Como agravante, verifica-se a inexistência até mesmo da chamada reserva estratégica, aspecto que não passou em branco nas ressalvas do Tribunal de Contas da União, em 2012, quanto às contas do governo federal, recomendando ao Conselho Nacional de Política Energética: “Assegure o adequado funcionamento do Sistema Nacional de Estoques Estratégicos de Combustíveis e o cumprimento do Plano Anual de Estoques Estratégicos de Combustíveis, e tome providências no sentido de que o Poder Executivo encaminhe, anualmente, o Plano Anual de Estoques Estratégicos de Combustíveis, como parte integrante do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, conforme previsão insculpida no art. 4º, § 1º, da Lei 8.176/1991”.Assim observado, seria exagero afirmar que o governo Dilma Rousseff é negligente quanto à segurança energética nacional?A entrega do patrimônio nacional foi festejada como a entrada do Brasil na modernidade. Traduzindo, seria a quebra de um monopólio em favor da “livre concorrência”, resultando para a economia nacional avanços, como a diminuição no preço dos combustíveis.Ocultavam, os opositores do monopólio da Petrobrás, alguns fatos de grande importância, como a inexistência de concorrência no setor petrolífero, considerando-se a tradicional concentração do setor somada ao risco para a segurança energética, tendo em vista os objetivos voltados para a exportação das empresas estrangeiras.Mentiam, os defensores da entrega do petróleo, apontando como prova da concorrência o surgimento de empresas nacionais de petróleo. Hoje não constitui segredo a vinculação destas aos clubes de investimentos internacionais, ficando a elaboração de suas políticas econômicas submetida aos interesses dos controladores, via de regra, associados aos oligopólios petrolíferos internacionais.Neste ponto, das chamadas empresas privadas nacionais de petróleo, o caso de maior destaque coube ao grupo OGX. Atualmente apontado como causa de prejuízos mundo afora, todavia esquecem o quanto rendeu aos clubes de investimentos internacionais.O seu supremo dirigente, elevado ao posto de Midas brasileiro, dava a impressão de possuir as chaves dos cofres do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e deste retirava as quantias necessárias para inflar o valor de suas ações, prazerosamente negociadas nas bolsas de valores internacionais. O dinheiro do povo garantia a farra do capital especulativo.Somente para lembrar: um fato semelhante ocorreu na Rússia quando um “jovem talentoso” chamado Mikhail Khodorkovski iniciou uma aventura, rumo ao posto de maior fortuna do mundo, utilizando dos recursos públicos para assumir o controle da produção petrolífera em seu país. O tempo mostrou a fraude, resultando ao “gênio” empresarial a condenação e prisão. Este também figurou nas listas dos mais ricos.Wladmir Coelho é mestre em Direito, historiador e membro do Conselho Curador da Fundação Brasileira de Direito Econômico.Blog do autor: Política Econômica do Petróleo.

     

  6. questão de sintonia…

    Veja, com toda liberdade, PF dividida e MP seletivo, podem quebrar as principais empresas brasileiras e pessoas a qualquer tempo………….

     

    não é só no Brasil, o resultado seria o mesmo em qualquer páis por mais rigoroso que fosse seu judiciário,

    porque as leis, quando implantadas, não previam a possibilidade de haver tal sintonia, tal podridão

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