Jornalistas da EBC são proibidos de cobrir protestos em memória de Marielle

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Jornalistas e da EBC denunciaram, nesta terça (20), uma tentativa de censura sobre a cobertura envolvendo a execução da vereadora Marielle Franco e o assassinato do motorista Anderson Gomes. Segundo informações do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, “chefes da Agência Brasil orientaram editores e repórteres a não cobrir os atos em decorrência do episódio.”

“Os empregados se reuniram para questionar o veto à cobertura, reduzida apenas às investigações”, acrescentou o Sindicato.

Marielle foi executada na semana passada, com pelo menos 4 tiros na cabeça. O caso repercutiu na imprensa de todo o mundo e ganhou uma edição especial no Fantástico, no último domingo.

O jornalista Glenn Greenwald, responsável pelo The Intercept, notou uma tentativa da Rede Globo de “controlar” o noticiário sobre a morte de Marielle, de maneira a “esvaziar” seu papel na luta política.

A ideia, segundo ele, era impedir que os ideiais da vereadora passem a ser admirados pela massa que ficou indignada com a execução.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. Divergências
    “A ideia, segundo ele, era impedir que os ideiais da vereadora passem a ser admirados pela massa que ficou indignada com a execução.”

    Não sei se a intenção do jornalista citado foi de dizer que a manipulação da emissora impediu a adesão às causas por simpatia com a ativista, o que seria antipolítico por excelência. Provavelmente o contrário, que a redução à simpatia com a pessoa e ofuscamento deliberado de sua luta política traiu sua história e tentou sabotar sua relevância póstuma. A questão seria discutir suas idéias e não aderir pavlovianamente pela via sentimental.
    A comoção pública por uma tragédia deve servir para que causas relacionadas sejam discutidas e não condição de adesão acrítica movida por emoção instantânea. Parte das controvérsias sobre a reação à tragédia residia nessa questão
    subliminar não adequadamente discutida:: indignação com o fato e adesão política a qualquer tese movida por emoção desprovida de reflexão não estão e não podem ser, automática ou levianamente, condicionados, daí ter sido possível para a emissora tentar controlar a repercussão como um roteiro de seus programas – se controlam o país por que não um drama real que subverte a noção de reality show, se sua especialidade é exatamente criação e controle de histórias onde real e fictício se confundem, do entretenimento ao jornalismo?

    Há muitas camadas de interesses e relações no fato que, se não cuidadosamente discutidos, podem despolitiza-lo por excesso de politização simplista ou seu deslocamento utilitário desvirtuante, a natureza do debate público em tempos de redes sociais eletrônicas movidas a rapidez, superficialidade, egos e biles em altíssima rotação. E um desrespeito à memória da ativista que buscou o caminho mais difícil de fazer política, a divergência construtiva. “Diversas mas não dispersas”, leu-se em uma de suas camisetas.

    Sampa/SP, 20/03/2018 – 17:34 (alterado às 17:42/17:47).

    1. Esclarecimento

      Pelo texto e contexto da reportagem deste GGN fica claro que me refiro, no comentário original que fiz, ao jornalista Glenn Greenwald, à emissora TV Globo e ao seu  programa Fantástico, cuja cobertura do caso da morte da ativista Marielle Franco (o artigo de Glenn Greenwald no site The Intercept Brasil não tratou da morte do seu motorista Anderson Gomes, em distinção feita pelo jornalista entre execução e assassinato, respectivamente, considerando os aspectos de “dolo” e “culpa” ou “dolo eventual” nas mortes) foi objeto da crítica no artigo de Glenn a que a reportagem em comento alude. 

      Ou seja, “jornalista citado” equivale a Glenn Greenwald e “emissora” a TV Globo. 

       

      Sampa/SP, 20/03/2018 – 21:10 (alterado às 21:19). 

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