Nem esperança nem equilíbrio, por Paula Cesarino Costa

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Fotor Agência Taboo
 
Jornal GGN – A ombudsman da Folha, Paula Cesarino Costa, abordou as recentes operações policiais em cima de supostas irregularidades em universidades públicas. As reações dos leitores foram contundentes, atacando a Polícia Federal, o Ministério Público e seus métodos. A reclamação geral é de que a Folha só reproduziu a versão da acusação, não dando espaço para os acusados se posicionarem. A queixa é de que o jornal se rende à pauta contra a universidade pública.
 
Paula lembra que tais ações espetaculosas, com policiais fardados e armados em campus universitário, remete à ditadura militar. Coloca em evidência as operações policiais que ocorreram desde fins de 2016 até agora. 

 
A primeira, Operação PhD, atacou a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Depois, em fevereiro de 2017, foi a vez da Operação Research, apurando supostos malfeitos na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Em setembro foi a vez da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na Operação Ouvidos Moucos com a prisão do reitor Luiz Carlos Cancellier, o que o levou ao suicídio. Em novembro, Operação Estirpe, em cima da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Ainda em novembro, no âmbito da Operação Acrônimo, o ex-reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi acusado.
 
Semana passada foi, de novo, a vez da UFSC, na Operação Torre de Marfim, em cima de servidores. E, por fim, a Operação Esperança Equilibrista, que ataca o Memorial da Anistia Política, com conduções coercitivas, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
 
Estas ações pedem uma maior reflexão, entende a ombudsman da Folha. Para ela, parece que a Folha não se debruçou de forma adequada ao tema, para avaliar se as operações foram tecnicamente corretas ou não. E com o agravante que é neste meio que grande parte de seu público-alvo vive, e com orçamento à míngua. Não se afastam necessidades de apuração de irregularidades, mas é claro que houve uma banalização do instrumento de prisões temporárias no país e essas operações não deveriam se transformar em cena de série policial. É responsabilidade da imprensa essa forma como agem, pois é ela quem divulga sem critério.
 
Para ela, é preciso tirar do piloto automático a cobertura de tais operações, de seus agentes e de seus métodos. É claro que essas ações têm evidente interesse público e cabe à imprensa cobrar de todas as partes, analisar eventuais inconsistências, arbitrariedades e objetivos políticos. E, importante, avaliar se devem ser publicadas ou não.
 
O alerta é importante, a imprensa não pode agir como se a presunção de inocência não existisse. Não se deve embarcar no clima que tomou conta do país, é preciso estar preparado para não ser um mero reprodutor de informações passadas de forma incompleta ou manipuladora por procuradores e policiais. É preciso investigação própria e narrativa crítica, fundamentada em fatos e equilibrada.
Pergunta ela: “Que papel jornalistas e jornais pretendem assumir num mundo cada vez mais radicalizado, com condenações sumárias?”. E arremata: “São respostas que proponho que leitores e jornalistas busquem e debatam na tentativa de refletir sobre a gravidade do momento que o país vive”.
 
Leia a coluna na íntegra.
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. Montanha

    A esquerda , mesmo na adversidade, cresce ou se sustenta  na proporção direta ao número de seus adversários. Durante a ditadura havia a imprensa e os militares. Hoje são os militares, a  imprensa, a justiça, as redes sociais, a corrupção. Estalingrado é aqui .

     

  2. É o roteiro do desmonte do Brasil

    Primeiro quebra-se a industria da construção civil, depois, a Petrobrás com o Pré Sal.

    Em seguida, quebra-se o agronegócio e começa-se o desmonte das universidades públicas.

    O sistema bancário será o próximo.

    Tudo isso no conluio da Polícia Federal. Ministério Público, Poder Judiciário e Mídia Corrupta Pagadora de Propina Futebolística (nem preciso dizer de quem falo, né?).

    Ou vamos pra cima desses canalhas que se arvoraram em ter um poder que não lhes pertencem ou vamos ter sérios problemas em futuro próximo.

     

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