O acidente de Huck e as babás sem nome

Enviado por Fernando J.

Por Luiz Antonio Simas, via facebook

As moças se chamam babás; é isso?

Como escrevi certa feita, há um senhor de engenho nos espreitando nos elevadores sociais e de serviço; nos apartamentos com dependências de empregadas; no bacharelismo imperial dos doutores que ostentam garbosamente o título; na elevação do tom de voz e na postura senhorial do “sabe com quem você está falando?”; na cruzada contra a umbanda e o candomblé; na folclorização pitoresca dessas religiosidades; nos currículos escolares fundamentados em parâmetros europeus, onde índios e negros entram como apêndices do projeto civilizacional predatório e catequista do Velho Mundo; no chiste do sujeito que acha que não é racista e chama o outro de macaco; no pedantismo de certa intelectualidade versada na bagagem cultural produzida pelo Ocidente e refratária aos saberes oriundos das praias africanas e florestas brasileiras.

O fato é que somos herdeiros de uma das maldições que o cativeiro legou entre nós: a ideia de que a exploração do serviço braçal é quase um favor que o senhor presta àquele a quem explora. Jogam no mesmo time dos que diziam, na abolição da escravatura, que sem o seu senhor o negro quedaria desamparado.

Tudo isso nos permite constatar que Joaquim Nabuco de fato acertou na mosca. Disse ele que mais difícil do que acabar com a escravidão no Brasil seria acabar com a obra que ela produziu. É ela, a obra da escravidão, erguida em alicerces sedimentados de uma forma profunda e eficaz na alma brasileira, que até hoje nos assombra — porque nos reconhecemos nela como algozes ou vítimas cotidianas — e precisa ser sistematicamente combatida.

O jornal poderia informar ao menos os nomes das babás?

Redação

53 Comentários

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  1. Sorvete sem nome

    Há coisas que ficam no nosso imaginário. O planeta elogia Joaquim Nabuco. Logo, eu elogio Joaquim Nabuco. Não conheço o autor desse artigo. Pegou bem o assunto. As babás sem nome. Hoje, quem – pobre – tem nome nesse país? Ninguém.. Sim, claro, Nabuco acertou na mosca.  Sendo Nabuco, jamais erraria. Ou não seria ele -note-se que aqui não falamos de seu arraigado anti-escravagismo – ou não seria ele, repito, um dos baluartes da despersonalização do Brasil, colocando e ajudando a colocar conceitos alienígeans na nascente República? 

    José Honório Rodrigues escreveu bons livros afins.

  2.  
     
    Onte vi tanta gente

     

     

    Onte vi tanta gente puxando o saco de Luciano Huck na internet que resolvi chutar o augusto trazeiro dele.

    O avião do caiu. Nenhuma novidade. Aviões caem todos os dia. Mas quem anda a pé geralmente não morre em acidente aéreo.

    O avião do caiu e todo mundo está alisando o ego dele. Ninguém vai dizer que viajar de trem é mais seguro que cair de avião?

    “Eu vou, eu vou, direto para o chão eu vou, lula, lá, lá, lá lula, lá, lá, lá eu vou, eu vou” Tema musical para o avião do .

    O avião do caiu. Ele vai pagar o estrago que causou em terra?

    O avião do quase caiu. Se todos tivessem morrido o Ibope da teria sido maior?

    O avião do caiu e a família dele quase morreu. Pobre menino rico. Os brasileiros que andam de ônibus sempre chegam bem em casa.

    O avião do caiu. Todos se preocuparam com os passageiros. Sou tão neoliberal que fiquei com dó do avião. Detesto desperdícios!

    bateu panelas contra . O avião dele caiu. Paneladas no avião, please. Cai direito fiodumaégua!

     

     

  3. Nonsense. A noticia se dá

    Nonsense. A noticia se dá pelo interesse do publico sobre pessoas conhecidas que estavam na cena. O nome das babás não é do interesse do publico que vai ouvir a noticia ou ler o jornal. Não se trata de menosprezo. ver dessa forma é de  um sociologês ideologico burro.  Se na Alemanha há um acidente de onibus onde estava um conhecido jogador de futebol a noticia não vai dar  o nome do motorista do onibus porque não há interesse publico por esse nome.

    Quando se aparece em coisas banais essas expressões de “”casa grande”, escravidão” em um contexto onde não há nada a ver, já se sabe o besteirol ideologico que sai. É o mesmo tipo de visão que é contra a existencia de empregada domestica, profissão que sustenta no Brasil 8 milhões de pessoas que estariam desempregadas se isso não existisse.

    1. Nonsense Andre Araujo

      Me desculpe André, mas a prova de que a matéria está dentro do contexto está na comparação de sua alegação de que  8 milhões de empregadas doméstcias estariam sem emprego não fossem os patrões e o trecho do texto que faz uma reflexão justamente sobre isto. Ei-lo aí: “a ideia de que a exploração do serviço braçal é quase um favor que o senhor presta àquele a quem explora. Jogam no mesmo time dos que diziam, na abolição da escravatura, que sem o seu senhor o negro quedaria desamparado.”

      Sem o “favor” dos patrões em contratar empregadas domésticas, seria interessante ver os paneleiros tendo que lavar o próprio prato onde come, lavar suas roupas, fazer seu proprio almoço… É meu caro, realmente seria péssimo para as empregadas.

      1. O interesse é reciproco, dos

        O interesse é reciproco, dos patrões que tem ajuda em casa e das domesticas que tem o emprego, qual o problema?


        1. Vai ficar perdendo tempo discutindo visão ideológica?
          Já saiu do campo da lógica. … é discussão de fé.

          Já viu o novo iate do Grandenne?

      2. Muito bom, Simonal, voce me

        Muito bom, Simonal, voce me fez notar comportamento mediatico brasileiro que ja vi milhares de vezes antes e so agora bateu:

        AS “BABAS” ERAM PRETAS OU BRANCAS, GENTE?

    2. Ok, concordo André Araujo que

      Ok, concordo André Araujo que o que deve nortear a informação jornalistica é o interesse público. Mas o nome do piloto e o co-piloto são de interesse público? Foram mencionados porque?

      1. É sim de evidente interesse

        É sim de evidente interesse jornalistico, o piloto e o co-piloto são SUJEITOS ATIVOS do acidente, fazem parte dele porque estão conduzindo a aeronave. Em acidentes de onibus sempre o nome do motorista é cidtado pela mesma razão.

    3. Concordo com o início do teu

      Concordo com o início do teu comentário, A.A., mas teu argumento cai por terra quando constatamos que os nomes do piloto e do co-piloto foram divulgados. Seriam eles “de interesse público”???”

    4. Seguindo sua lógica, não é de

      Seguindo sua lógica, não é de interesse público saber se tinham babás, bebês de babás ou baba ovo de artista. Por quê então mencionar que haviam babás no avião ?

      1. O que discute aqui é a não

        O que discute aqui é a não publicação do nome das babás, só isso.  O numero e a condição dos que estavam no avião

        faz parte da noticia.

        1. Em se pensando assim… vamos indo de pior a mais pior ainda,

          né não?

          Nos acidentes de avião, divulgam-se então apenas os nomes dos passageiros endinheirados? Ou os de TODOS os acidentados e/ou mortos?

          Então tá.

          Próxima !

        2. Pode explicar então, dentro

          Pode explicar então, dentro da sua lógica, porque não divulgar os nomes das babás e divulgar o nome e idade do piloto, além do nome da esposa do piloto, que nem no avião estava ?

    5. Entendi

      Iremos eternamente continuar a usufruir de um exército de domésticas, sem utilizar nossos recursos humanos para agregar valor à produção nacional.

      Só um detalhe : falta combinar com as filhas das domésticas que não querem e não pretendem, a maioria, seguir a carreira das mães.

    6. Eu também não queria saber o

      Eu também não queria saber o nome do piloto e do co-piloto, mas a notícia me disse sem eu perguntar. Talvez porque, ao contrário das babás, piloto e co-piloto sejam considerados gente.

    7. Bourdieu dizia que a ausência

      Bourdieu dizia que a ausência é a censura mais poderosa. E quando praticada pelo jornalismo, então, é o poder de dizer quem existe e quem não existe; o que é mentira e o que é verdade.

    8.  
      Acho que há um pequeno

       

      Acho que há um pequeno ruído em seu comentário, caro Andre. Tá certo que na Alemanha, eles são civilizadíssimos. Tanto, que não fosse o povo russo e o Exército Vermelho,  teriam os Godos, conseguido salvar o mundo da ignorância e da truculência. Infelizmente a II Grande Guerra que deflagram, lhes foi em vão .

      Claro que um povo tão bem educado e inteligentíssimo, não concordaria em citar o nome do motorista do ônibus acidentado. Mas aqui, como vivemos num país mestiço e impuro, a imprensa toda deu o nome completo dos dois motoristas do avião. Quanto à graça das duas babás, ao que parece, as moças não tinham nome próprio. Dai, é provável que sejam tratadas pelo mimoso casal de celebridades, como respectivamente, babá 01 e babá 02.

      Orlando

  4. O JN divulgou o nome das babás
    O Jornal Nacional divulgou ontem o nome das duas babás e o estado de saúde delas. Só não estou lembrado dos nomes, mas pelo menos o JN divulgou.

  5. Andre, ou noticia eh isenta

    Andre, ou noticia eh isenta ou nao eh -e estamos falando de logo apos um acidente de aviao.

    Os unicos isentos foram…  o hospital!  Aqui esta o release deles:

    http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2015/05/angelica-e-huck-sao-transferidos-de-ms-para-sp-apos-acidente-aereo.html

    Ate a especificacao que eles foram tratados no SUS nao ta em lugar nenhum!

    Ninguem mais foi isento e nao da pra tapar sol com peneira.

  6. Esses seres assim digamos “extraterrestres, apátridas ou sei lá

    o quê” ,  quando saem às ruas com suas proles, sempre ostentam babás e seguranças a abrir-lhes picadas separatistas das multidões- digamos assim também.

    Antes o faziam com as “serviçais babás” ornando um branco OMO total, depois por parecem politicamente corretos, passaram a dispensar uniformes em OMO total. Mas sempre as mantendo por perto, ora para segurar um guarda-sol colonial, ora para segurar fartas sacolas provenientes das compras nos shoppings  zona sul do mundo, ora para deixar livres seus braços e colos prontos a poses para selfies de revistas e sites de celebridades.

    Cumpre à casa-grande, à pseudo ou auto intitulada casa-grande, esse número patético de estar sempre cercada por 2 ou 3 babás e 4 ou 5 seguranças particulares: a própria guarda real constituída.

    Tenho pena de:

    GENTE QUE É TÃO POBRE QUE A UNICA COISA QUE TEM É DINHEIRO.

    (De um grafite em um portão de uma bela casa, próxima à Praça Panamericana, em São Paulo) 

  7. Já vou avisando: não estou

    Já vou avisando: não estou puxando a brasa para a sardinha do Huck, mas penso que a falta de nomes para as babás no noticiário se deve aos “jornalistas” formados na Casa Grande que nem deve ter perguntado ao casal.

  8. Queda de Avião, Aumento de Audiência

    Nassif: sejamos franco —à parte o acidente, o animador e sua mulher buscarão alavancar a audiência do seu programa televisivo, que não anda das melhores. A própria emissora cuidará disto, dando relevos catastróficos ao caso. Quanto as babás, para ambos esta tudo normal, pois não passam elas de serviçais que eles dispensam da mesma forma que os pepeis toalha. Isto já faz parte do DNA de ambos. 

  9. O acidente de Huck e as babás sem nome

    Babas sentem frio, calor, dor, fome, saudade, são seres humanos; não nasceram em chocadeiras, tem pai, mãe, irmãos, tios e avós. São gente como a gente, tem nome e sobrenome. Imagino a agonia que elas sentiram nesse acidente, mas para a Casa Grande pouco importa, são apenas babas. Triste realidade.

  10. O texto original, na íntegra
     

    Luiz Antonio Simas

    19 h · Editado · 

     

    Escrevi o texto “O Senhor de Engenho Dentro de Nós” em abril de 2013. Reproduzi um pequeno trecho dele para falar das babás “sem nome” do casal Angélica e Huck. A pedidos, o artigo original, completo, vai abaixo:

    O SENHOR DE ENGENHO DENTRO DE NÓS

    É fato fartamente documentado que governos brasileiros, com apoio de parte dos segmentos mais favorecidos e de intelectuais que abraçaram a eugenia, tentaram apagar, nos primeiros anos do pós-abolição, a presença do negro da História do Brasil. Este projeto se manifestou do ponto de vista físico e cultural. Fisicamente o negro sucumbiria ao branqueamento racial promovido pela imigração subvencionada de europeus, capaz de limpar a raça em algumas gerações.

    Do ponto de vista cultural, houve uma tentativa sistemática de eliminar as formas de aproximação com o mundo e elaboração de práticas cotidianas (jeitos de cantar, rezar, comer, louvar os ancestrais, festejar, lidar com a natureza etc.) produzidas pelos descendentes de africanos, desqualificando como barbárie e criminalizando como delitos contra a ordem seus sistemas de organização comunitária e invenção da vida.

    Se hoje não temos mais a pregação explícita de uma política de branqueamento, ainda estamos distantes de superar o que Joaquim Nabuco chamou de “obra da escravidão”. Há um senhor de engenho morando em cada brasileiro, adormecido. Vez por outra ele acorda, diz que está presente, se manifesta e adormece de novo, em sono leve.

    Há um senhor de engenho nos espreitando nos elevadores sociais e de serviço; nos apartamentos com dependências de empregadas; no bacharelismo imperial dos doutores que ostentam garbosamente o título; na elevação do tom de voz e na postura senhorial do “sabe com quem você está falando?”; na cruzada evangélica contra a umbanda e o candomblé; na folclorização pitoresca dessas religiosidades; nos currículos escolares fundamentados em parâmetros europeus, onde índios e negros entram como apêndices do projeto civilizacional predatório e catequista do Velho Mundo; no chiste do sujeito que acha que não é racista e chama o outro de macaco; no pedantismo de certa intelectualidade versada na bagagem cultural produzida pelo Ocidente e refratária aos saberes oriundos das praias africanas e florestas brasileiras.

    Recentemente observamos a ocorrência de alguns eventos que revelam a permanência de práticas senhoriais que continuam nos assombrando. Um grupo de estudantes de Direito da UFMG realizou um trote em que veteranos se travestiam orgulhosamente de nazistas e uma caloura pintada de preto era acorrentada, portando um cartaz onde se lia “Chica da Silva”. Continua, também, a polêmica que envolve clubes de ricaços no Rio e em São Paulo que exigem uniformes identificadores das babás dos filhos bem nascidos de sinhazinhas e sinhozinhos. Temos, por fim, a grita de certos setores indignados com a proteção trabalhista que os empregados domésticos passarão a ter no Brasil.

    O argumento de que os direitos — como o FGTS — encarecerão demasiadamente o trabalho e gerarão desemprego esconde uma questão de evidente fundo cultural: o incômodo de uma elite que sempre desqualificou o serviço doméstico e é herdeira de uma das maldições que o cativeiro legou entre nós; a ideia de que a exploração do serviço braçal é quase um favor que o senhor presta àquele a quem explora. Jogam no mesmo time dos que diziam, na abolição da escravatura, que sem o seu senhor o negro quedaria desamparado.

    Tudo isso nos permite constatar que o já citado Joaquim Nabuco de fato acertou na mosca. Disse ele que mais difícil do que acabar com a escravidão no Brasil seria acabar com a obra que ela produziu. É ela, a obra da escravidão, erguida em alicerces sedimentados de uma forma profunda e eficaz na alma brasileira, que até hoje nos assombra — porque nos reconhecemos nela como algozes ou vítimas cotidianas — e precisa ser sistematicamente combatida.

    (L.A.Simas)

     

  11. Eis, o “outsider”!

    A caminho de 2018, quantos acidentes “sofrerão” o Huck e sua família até se consolidar como o “outsider” (segundo Nassif) da direita? Desconfiado que sou prefiro pensar que tal acontecimento está inserido num processo para popularizar a imagem do “bom homem” e sua família. Nesses tempos bicudos prefiro encarnar a desconfiança neurótica à crer na publicidade midiática. O atendimento no SUS é bem apropriado para essa ideia de homem do povo. Talvez, seja a vacina de Huck contra o avanço morista em suas hostes.

  12. É justamente por causa destes

    É justamente por causa destes tipos de comentarios, que a esquerda é vista como sectária, totalitária, intolerante. E consequentemente perigosa no poder. Uma simples bobagem, é transformada em motivo de revolta e ressentimentos. Parece que o estereotipo está correto, são pessoas revoltadas e de de mal com a vida. 

  13. Os nomes

    O JN realmente acompanha as redes sociais durante a apresentação do noticiário, como já afirmou o Bonner. O repórter que entrevistou o casal ontem citou o nome e sobrenome das duas empregadas. Na ocasião fiz um comentário diante da TV. Ao ler este post concluí: Acertei na mosca.

  14. Puxa!
    Nada contra a Barbie e

    Puxa!

    Nada contra a Barbie e o Kem mas bem que eles podiam parar de emburrecer o povo brasileiro como fazem todo sábado.

     

    1. E ísso aí

      Talvez , por sorte , eles resolvam fazer um retiro de uns seis meses afastados da televisão para refletir o que tem sido a vida deles. Mas isso é problema deles. 

      Ademais ,  de que adianta não tê-los mais emburrecendo os brasileiros aos sábados , se aos domingos ainda temos o ex rechonchudo , e durante a semana aquela eterna puberdade da terceira idade ? 

      Vamos precisar é de uma pane num Boeing inteiro !

  15. O caráter de espetáculo(termo

    O caráter de espetáculo(termo bem apropriado para descrever o fenômeno) sobre esse infausto acidente envolvendo a família do apresentador Luciano Huck é recorrente na mídia nativa. Em especial nas redes de TV. Não precisa nem ter a gravidade de um acidente aéreo: qualquer acontecimento corriqueiro se envolve pessoa rica e famosa recebe uma atenção desmesurada por parte dos órgãos de comunicação num nível do paroxismo. 

    Nominei de “espetáculo” porque me propus a não mais me apropriar para descrever eventos ou posturas do epíteto  “palhaçadas”, substantivo que remete a um ser telúrico e de importância ímpar na nossa infância, o palhaço, portador de todo o nosso respeito e gratidão. 

    Nessas efemérides envolvendo gente “diferenciada” é que irrompem sem nenhum pejo o “vulcão” do preconceito e do sentimento de classe, adormecido e admoestado pelas regras ou condicionamentos de caráter formal. O frenesi do noticiário, a cobertura hiperbólica ao ponto do caricato, a exemplo da “sentinela” na porta do hospital, e, como bem acentua a mensagem do texto, a indignidade de simplesmente tratar como “menor”, como um “pequeno detalhe” dois protagonistas da quase tragédia pelo simples fato(ou teria outro motivo?) de serem “apenas” as babás dos filhos do casal ilustre, é a face obscura e infame de uma sociedade hipócrita e ainda presa aos grilhões da servidão de cunho psicossocial. 

    Ao argumento de que a imprensa só cabe informar o que é de “interesse público” cabem três contraposições: 1) Por que, então, se nominou os três filhos do casal e os dois pilotos? 2) Por conta nesse foco exclusivo  “interesse público”,  é ético a imprensa, na suposição que é(ou deveria ser) uma fonte irradiadora de civilidade e humanidade, colocar em planos diferentes a valoração de serem humanos por conta de riqueza, notoriedade ou o que for? 3) A dar sustentabilidade a esse “tese” do “interesse público”, também não seria salutar a imprensa denunciar a afrontosa disparidade entre o tratamento dados aos comuns dos mortais e a esses “singularizados” por parte do Poder Público? 

  16. Omitiram o nome das babas e

    Omitiram o nome das babas e também o fato que o casal global foi atendido pelo SUS.

    Nas redes sociais o casal agradeceu ao atendimento do hospital (público), embora não citassem o SUS. Agora segundo o noticiário da TV, Angélica agadeceu em primeiro lugar, a Deus e depois ao piloto. 

    As babás e o SUS não interessam. Ambos são coisa de pobre. Corta!

  17. É claro que o artigo tem viés

    É claro que o artigo tem viés ideológico; não vejo nenhum problema nisso. Em maior ou menor grau TODO e qualquer artigo de opinião, reportagem ou matéria jornalística tem subjetividade e ideologia, quando feito por humanos. O mito da isenção e objetividade é apenas isto: UM MITO. Denunciar o preconceito e o estigma que ainda pairam sobre as empregadas e babás é, também, funcão do jornalismo cidadão e comprometido com as causas sociais. O leitor André Araújo tenta justificar a postura da imprensa, que omitiu os nomes das babás, dizendo que não há interesse público na divulgação deles. Com assim cara pálida!? E se uma das babás fosse sua irmã, parente ou amiga, você diria o mesmo? SEMPRE há interesse público quando ocorre um acidente envolvendo pessoas, que possam ter saído feridas ou mortas. O interesse público NÃO se mede pela conta bancária, pelo statu social ou pelo fato da pessoa trabalhar numa emissora de TV. Jamais devemos confundir interesse público com interesse do público.

  18. Não duvido que se houvesse

    Não duvido que se houvesse vítimas fatais do acidente, nossa imprensa culparia as babás antes mesmo de ser feita a perícia da aeronave e tentaria invadir as residências das duas para expor as respectivas famílias e fazer sensacionalismo.

  19. Concordo com o André. É
    Concordo com o André. É bobagem criar tempestade em copo dágua por causa dos nomes das babás.
    Foi uma tragédia, pessoas quase morreram. Ficar aqui criticando a família que ainda está em choque não acrescenta nada.
    Agora, o infográfico é estúpido de tão óbvio. Quem é que precisa disso para entender a notícia?
    Outra coisa. Estive recentemente nos EUA. Vi muitas, mas muitas, famílias americanas nos parques com um monte de filhos, 4, 5 até 7 filhos. Muitas com filhos adotados. Mas não vi nenhuma babá.
    Quer dizer, vi 2, uniformizadas, na Disney, trabalhando para um casal jovem brasileiro e seus 2 filhos. Vergonha alheia total.

  20. Não há nada de novo.

    Galera!

    Quem acompanha um mínimo que seja o mundo das celebridades e como ele funciona não vai se preocupar com o fato de não citarem os nomes das babás.

    É uma situação corriqueira e faz parte da cobertura jornalística de celebridades falar apenas das celebridades e não do seu entorno. 

    Vamos supor que o Murilo Benício tenha uma namorada, se ela for do universo das celebridades nominam o nome dela, também, e tudo que envolve os dois “pombinhos”. Se não for pode muito bem se dizer: Murilo Benício foi visto num affair com uma loira em balada em Miami. Falam do Murilo e a loira pouco importará quem seja. 

    Um exemplo concreto que me vem na cabeça é o do Fábio Assunção que foi meu vizinho até o começo dos anos 90 e estudou no mesmo colégio que estudei. 

    Ele tem um filho com uma mulher que não era do meio das celebridades. Como se comunicava os atos dele junto com a mulher (a mãe do filho) e o filho.

    Fábio Assunção e seu filho (fabinho – não sei o nome do filho dele) foram vistos na peça de teatro Reino encantado. A mãe/mulher estava junto e não tinha nome e era como se não estivesse no teatro junto do pai e do filho e, talvez, nem fosse real. Ela não tinha importância para a audiência esperada na cobertura em vídeo ou em imagens e notícias de jornais e revistas no caderno de entreterimento e fofocas. 

    E mesmo que o Fabinho estivesse no colo da mãe o tempo todo, contam tudo o que o pai e o filho fizeram, os trejeitos do menino, os risos, que comeu pipoca junto com o Fábio e a mãe ao lado é como se não existisse.

    Não nominar o nome das babás é um ato corriqueiro no mundo das celebridades. No caso da Angélica e do Huck e dos filhos são todos de alguma forma celebridades, eles têm cobertura de cada passo, interessa ao público que assiste os dois apresentadores da Globo saber cada passo dos filhos deles, também. 

    Os pilotos nominaram os nomes porque pilotavam o avião e é normal em todo acidente nominar o nome do piloto e copiloto. 

    Não vejo necessidade de uma discussão sociológica neste caso. A cobertura do acidente foi uma extensão da cobertura do mundo das celebridades.

    Fez-se da cobertura jornalística como se fizesse uma cobertura do mundo das celebridades.

    Trazendo e associando fatos. Uma personalidade política. No acidente aéreo fatídico em que morreu Eduardo Campos aconteceu fenômeno igual. Nós ficávamos indignados porque parecia que só morreu o Eduardo Campos e morreram, também, piloto, copiloto e assessores. Quase nunca se nominava na cobertura da tragédia os nomes dos outros mortos e nem o sofrimento dos familiares destes. 

    Neste caso fez-se uma cobertura jornalística apoiada no Eduardo Campos e família –  alçado ao campo das celebridades, para além da Política e visando um objetivo: audiência, depois, com os desdobramentos da tragédia, visando dividendos eleitorais para a oposição política. Ele virou celebridade, ficou mais conhecido depois do acidente fatal do que era antes dele. 

    Sem contar que todos os familiares foram alçados à celebridades, principalmente esposa e um dos filhos que já puseram como herdeiro político da dinastia Campos – eles têm nome próprio – vejam que é idêntico o caso dos Hucks.

    A família Huck e a Família Campos tem nome próprio cada membro, os outros acidentados não, não dão audiência, por isto, não vão ser do interesse do público (segundo a lógica do Jornalismo das celebridades). 

    Temos que discutir, penso eu.

    Qual o ponto central de toda cobertura jornalística?

    Para que serve a cobertura de uma acidente aéreo?

    O que se traz de alerta e o que se pode fazer para prevenção de futuros acidentes? (estão sendo contemplados estes pontos?)

    E os fatos posteriores do atendimento no SUS no acidente atual, como o Jornalismo da velha mídia faz a cobertura? 

    O ponto central, para mim, é discutir o Jornalismo apresentado pela velha mídia a partir dos dois acidentes, juntando com o acidente do Kim Katiguri e a presença do socorro do Samu. 

  21. Olha, meu marido mantém uma

    Meu marido mantém uma assinatura do globo impresso por dois motivos: acha melhor levar o jornal do que a tabuleta para o banheiro, e já está acostumado a identificar as tendenciosidadesdo jornal . Enfim, ele adora computação mas é bastante impaciente com a internet. Já eu leio muita internet mas não abro mão de tomar café com a praga do jornal.

    Mas vamos ao que interessa quanto ao post: juro que li na notícia sobre o acidente, no jornal entregue ontem às 6h, os nomes das babás :Marcileia Eunice Garcia e Francisca Clarice Canelo Mesquita . Página 5.  Fui  checar hoje  se não era delírio. Alívio de não estar louca varrida. Talvez quem levantou esse auê todo só tenha visto a versão digital ou a tira com as figurinhas.

     

  22. Não deve

     No mundo inteiro, nomes de empregados pessoais – de milionários, politicos importantes, chefes de estado, familias com elevado risco de segurança – não tem seus nomes publicados, nem ao menos são identificados ou fotografados, tanto que em alguns paises é clausula de contrato de trabalho. No Brasil, estes contratados, são submetidos a verificação de segurança prévia e continuada, e “alertados” sobre a demissão sumária caso comentem para quem trabalham.

    1. Qua! Qua! Qua!

      So comentei, sem mais JR!

      Bilionários sim! Ate um Político perdeu o cargo por ter faxineira ilegal no país. 

      Onde cara pálida!

      Olha no You Tube, os brasileiros e outros dando entrevistas e fazendo clips com patrões famosos.

      O maior orgulho dos patrões e por princípios é ter parcerias como empregados domestico. As agencias de empregados são diferente, há contratos e são normalmente feitos com empresas ou governo e agencias para cargos políticos ou de companhias que são temporários, é o caso dos que você citou! Babysitting é outra ocorrência de empregada domestica e faxineira as mais comuns. No nível deles NÃO e são eles que pagam. 

  23. Não vale a pena discutir esse assunto…

    Felizmente eles estão bem ( longe de mim desejar mal mesmo àqueles que não aprecio) e em alguns dias estarão curtindo seu pedaço no Village Mall. Quanto aos seus programas, nada sei pois há muito não assisto à Globo. Fazia mal ao meu corpo e alma. Estou muito bem assim. 

  24. Esse Huck é um oportunista, e

    Esse Huck é um oportunista, e agora oportunista com sorte.

    Graças a Deus por isso por não ter acontecido uma tragédia maior.

    Quando Daniel Alves jogava pelo Barça, jogaram uma banana para ele, que ato continuo comeu.

    O esperto do Luciano Huck através da sua grife de camisa, lançaou a camisa #Somos todos Macacos, um bando de coxinhas compraram.

    Recentemente no canaval, ele lançou uma camiseta infantil com os seguintes dizeres #Vem ni mim que sou facinha, copoiando o nome de um bloco de carnaval aqui do RJ.

    Ele poderia aproveitar a oportunidade do infortúnio e lançar uma camiseta com os dizeres # Obrigado SUS e o governo do PT, e doar toda a verba para ser aplicada em algum hospital do SUS.

    //////////////////////////////

    OS três lutadores brasileiro de MMA meteram o pau no PT/Lula, alguns fizeram vídeo defendendo o Aécio, resultado, os três entraram na porrada do Chris Weidman.

    Entre os coxinhas o Luciano Huck é o maior,  aconteceu o que sabemos.

    Está provado e comprovado, votar no Aécio Neves da azar.

    Uruca das brabas !

     

  25. Essa badalação e

    Essa badalação e “esquecimento” do nome de babás e recorrente no pig, e para mim não faz a menor diferença, pois não leio nada deles.  O pior mesmo foi qdo do acidente do émerson fitipaldi qdo ele caiu de ultr-leve na fazenda dele e socorrido pelos Bombeiros de Araraquara, esqueceu quem foram os seus salvadores e pensou que tinha sido o helicóptero da amil! Ah tá, bombeiro também não tem nome….

  26. e por falar em babás sem nome

    e por falar em babás sem nome no táxi-aéreo da Angélica Vou de Táxi… uma baba dos intelectuais de esquerda ou coisa que venha a calhar neste novíssimo lulopetismo-neoliberal, ouvida por Timothy Ash, num restaurante caríssimo de bacanas em sampa:

    “Para ver algo pior você tem de viajar de carro durante pelo menos uma hora até um lugar como São Bernardo, a cidade onde o presidente Lula cresceu em pobreza extrema e fez o seu nome como líder sindical dos metalúrgicos. Aqui os barracos de favela espalham-se pela paisagem até onde a vista alcança. Para aqueles que vivem ali, minha hora de carro se traduz em quatro horas de ônibus e a pé para chegar ao trabalho (se tiverem sorte) de empregada doméstica em um dos bairros arborizados. “Minha empregada” é o início característico das descrições dos pobres urbanos que se ouve dos bons liberais de esquerda de São Paulo, durante um excelente almoço em um dos restaurantes notáveis da cidade. Por  exemplo: “Minha empregada tem de levantar às quatro da manhã para estar no meu apartamento às oito”.”

    … em tempos dourados do império da corrupção e da religião do dinheiro, um pertinente jabaculê isperto…

     

    microconto para twitter e orquestra de 140 toques

    da vida que nos toca:

     

    38.

     

    A mãe saí às 5 da manhã pra trabalhar mais filha de dois anos. Busão lotado de sono, sonhos. Logo que descem amanhece. Filha fica na creche.

     

    jc.pompeu, mar 2011

     

  27. Por quê?

    Gostaria de saber por que “cargas d’água” esse assunto rendeu tanta notícia.

    Poxa, todos os dias, muitos brasileiros “morrem/sofrem sequelas” vítimas de algum acidente/incidente.

    Nesse caso, por que é diferente, por qual razão tudo fica tão mais dramático?

    Além do mais, os pais não foram previdentes!

    Não se deve colocar “toda a família” num único veículo de transporte…

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