Por Marroni
Nassif,
Deixe-me falar um pouco da minha experiência profissional. Fui diretor comercial de um jornal de uma das capitais do centro-oeste. Toda a mídia, naquela época, sem a concorrência da internet praticava achamada “taxa de zelo” que pode ser traduzida por “você paga para eu não bater”, análoga a venda de “proteção”dos gangsters.
Os veículos se valiam dessa prática para chantagear todas as instâncias do poder público e o jornalismo de “qualidade” fazia o levantamento dos podres dos partidos, juízes, sercretários, deputados, fornecendo munição para o empresário emprenhar a fatura do “zelo” nas contas a pagar.
SeiqSei que essa prática “comercial” – que não ficava a meu encargo, esclareço – é, ou era, habitual para a maioria dos veículos de comunicação. E as vítimas não tinham alternativa senão pagar.
Com a internet acabou-se o monopólio e todos os veículos são hoje vulneráveis aos contra-ataques. De estilingue, descobriram-se vidraça. E mais ainda, surgiram as alternativas de informação, destaque especial para a blogosfera, concorrente que está aí e não deixa mais a velha mídia mentir.
A verba publicitária se pulveriza, os cadernos classificados estão a míngua e as novas gerações, que nasceram com o mouse na mão, não leêm nem compram revistas e jornais.
Se antes havia qualidade jornalistíca na mídia, podemos atribuir a percepção dessa qualidade mais pela falta de parâmetros comparativos do que por seu valor intrínseco. Com a blogosfera, os mitos estão sendo desconstruidos e os jornalistas com conteúdo encontraram o espaço para a expressão desses mesmos conteúdos.
Aqueles que permaneceram dentro do velho esquema o fazem por falta de alternativa, quer por falta de conteúdo, quer por incapacidade de enfrentar a ausência de um patrão que lhes diga o que ou sobre quem escrever.
Resumindo, o jornalismo de qualidade está migrando para a blogosfera e deixando as velhas redações para os redatores de aluguel.
Por maior e mais poderoso que seja um veículo de comunicação ele é apenas uma pequena parte do todo que é a internet, e a parte nunca pode ser mais que o todo.
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