Timidez aos ataques de Bolsonaro põe em risco imprensa e liberdade, por Janio de Freitas

‘Sempre que a imprensa não respondeu com altivez aos ataques autoritários, sua fragilidade foi debitada na conta da liberdade’
 
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
 
 
Jornal GGN – A resposta tímida da imprensa aos ataques que Bolsonaro e sua cúpula têm feito, reiteradamente, aos meios de comunicação consolida o início “da domesticação buscada pelo autoritarismo”, reflete Janio de Freitas na sua coluna “Quando não há resposta a ataques autoritários, perde-se liberdade“, publicada nesta quinta-feira (25), na Folha de S.Paulo.
 
Nos últimos dias, o candidato pelo PSL subiu o nível das agressões verbais e ameaças à imprensa. Janio explica que a tímida reação da imprensa diante da ação autoritária e virulenta de um candidato líder nas pesquisas eleitorais ameaça a liberdade de manifestação política, uma vez que, para haver “relação harmoniosa, é necessário silêncio ou complacência da imprensa sobre as falhas do poder”:
 
“Aqui e fora, sempre que a imprensa não respondeu com altivez aos ataques autoritários, sua tibieza [fragilidade] foi debitada na conta da liberdade. Em geral, não só a de imprensa, mas logo, também, a do teatro (presença infalível entre as primeiras vítimas) e demais artes”.
 
Janio avalia que, em parte, a postura da imprensa reflete o medo da criação de algo como um Conselho de Ética dos Meios de Comunicação, propostos nos governos petistas, e comum na Europa, porém um mecanismos que vem sendo criticado por alguns jornalistas “de direita” como controlador.
 
“O que temeram à toa em Lula e Dilma, as empresas de comunicação temem agora com motivo. No pelotão Bolsonaro, não há general, além do próprio candidato, que não faça à imprensa restrições a seu ver necessitadas de medidas enérgicas”, destaca Janio.
 
Entretanto, por mais que a imprensa procure aparentar indiferença às agressões, isso não impedirá que a cúpula de Bolsonaro enxergue os meios de comunicação como um perigo em um possível mandato. 
 
Por fim, Janio chama atenção ao perfil daqueles que cercam o candidato, como seu filho Eduardo, gravado ameaçando fechar o Supremo Tribunal Federal, o que obrigou o pai a pedir desculpas em nome da prole. “Pais se desculpam pelos filhos ainda imaturos”, pontua o articulista. 
 
O vídeo do coronel Carlos Alves ameaçando energicamente o STF incluindo frases como “vamos derrubar vocês aí, sim”, caso Bolsonaro seja punido pela fraude digital na eleição brasileira, é outro alerta do articulista, chamando atenção, em seguida, para a inércia do poder Judiciário no escândalo do WhatsApp:
 
“A revelação da fraude tem quase duas semanas e os tribunais, nada. E a Procuradoria Geral da República, nada. E a Polícia Federal, nada”. 
 
Em resumo, caso vença esta eleição, o governo Bolsonaro terá pouca dificuldade de manifestar seu autoritarismo com instituições fracas e a maior bancada da Câmara dos Deputados, conquistada no primeiro turno. 
 
 
Redação

6 Comentários

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  1. Dificil escolha, claro.

    Além da tibieza meu botãozinho me diz que a imprensona (patronato) pesou o que lhe interessa mais: ganhar o PT e prevalecer democracia mas com “riscos” para seus negocios, qual seja a lei de midias ou ficar com o bronco do Bolsonaro e a censura que certamente vira através de verbas publicas. Morrem, mas morrem abraçados ao diabo.  

  2. Se a liberdade de imprensa conflita com a liberdade política…

    “”Lê but de toute association est la conservation des droits naturels et imprescriptibles de 1’homme” (21) (Déclaration des droits, etc., de 1791, art. 2). “Le gouvernement est institué pour garantir à 1’homme Ia jouissance de ses droits naturels et imprescriptibles” (22) (Déclaration, etc., de 1793, art. 1). Portanto, até mesmo nos momentos de entusiasmo juvenil, exaltado pela força das circunstâncias, a vida política se declara como simples meio, cujo fim é a vida da sociedade burguesa. É óbvio que a prática revolucionária está em contradição flagrante com a teoria. Assim, por exemplo, a proclamação da segurança como um direito humano coloca publicamente na ordem do dia a violação do segredo de correspondência. Garante-se a “liberté indéfinie de la presse” (23) (Constitution de 1795, art. 122) como conseqüência do direito humano, da liberdade individual, mas isto não impede que se suprima totalmente a liberdade de imprensa, pois “la liberté de Ia presse ne doit pas être permise lorsqu’elle compromet Ia liberté politique” (24) (Robespierre jeune, Histoire Parlamentaire de la Révolution Française, par Buchez et Roux, tomo 28, p. 159) ; isto significa que o direito humano à liberdade deixa de ser um direito ao colidir com a vida política, ao passo que, teoricamente, a vida política é tão somente a garantia dos direitos humanos, dos direitos do homem individual, devendo, portanto, abandonar-se a estes direitos com a mesma rapidez com que se contradiz em sua finalidade. Porém, a prática é somente exceção e, a teoria, regra”.

    Karl Marx

  3. Vou falar com toda franqueza:

    Vou falar com toda franqueza: eu não vou lamentar nada que venha a ocorrer com jornalões, emissoras de TV ou rádio colaboracionistas. Não vou me doer se um reinaldo azevedo, villa ou qualquer outro que contribuiu para que a situação chegasse a este ponto tomarem uns merecidos safanões.

  4. Ao participar da perseguição

    Ao participar da perseguição ao PT e contribuir para o golpe de estado, a folha de sp deixou claro de que lado está. Não exatamente o lado do bolsonazi, mas daqueles que vão usá-lo para tomar o poder. Na verdade, esse jornal nunca mudou de lado.

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