Veja carrega a metralhadora fake news contra Haddad na reta final, por Gioconda Bretas

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Veja carrega a metralhadora fake news para elevar a rejeição de Haddad na reta final

Parece notícia velha mas confira os novos caminhos que levam ao antijornalismo

por Gioconda Bretas

A metralhadora fake news da campanha bolsonarista ganhou hoje um importante, mas não desconhecido, e velho aliado: a revista Veja.

Com uma simples mudança de data em uma matéria de 2012, Veja carregou a engrenagem da campanha de desinformação que corrói o processo democrático das eleições de 2018. 

Indexada no Google com data de 1o. de outubro, a matéria se tornou hoje (4/10) uma das mais compartilhadas por apoiadores da campanha bolsonarista. (https://goo.gl/S92QmT).

A foto em destaque é de Temer entre Haddad e Chalita. À época, Haddad foi para a disputa de segundo turno ao governo de São Paulo na chapa que tinha Chalita como candidato a vice.

Disfarçada de uma ingênua atualização de conteúdo, a revista colocou nas mãos da turma do vale tudo o falso apoio do presidente ilegítimo que golpeou o governo de Dilma Rousseff, em 2016.

Com reprovação digna de nota no Guinness, 97%,  a revista arremessa toda a insatisfação do governo Temer no colo de Haddad na tentativa de elevar a rejeição do candidato petista. Esse é um dos grandes esforços de reta final da campanha bolsonarista: igualar a rejeição de Haddad à de Bolsonaro, uma preparação para o segundo turno.

Seguidos de frases “não era golpe?”; “é tudo farinha do mesmo saco”; “tapa na cara dos brasileiros”; “lembre-se dessa foto na urna”;  Veja abre mais uma trincheira ser combatida na escalada desenfreada de produção de fake news.

E se você estranhar que a matéria data de 2012, não se assuste. A velha máxima de que uma imagem vale mais do que mil palavras, ainda está no prazo de validade. Para os detratores, esse é um mero detalhe. Para os incautos, passa desapercebida.

Omissão do TSE é adubo para o antijornalismo de Veja

Sob o silêncio do presidente do Tribunal Superior, Luiz Fux, que chegou a declarar guerra incansável contra fake news – seria essa uma fake news? – Veja repete a mesma bolorenta estratégia, que a tornou estudo de caso em tantos cursos de jornalismo, como material de antijornalismo.

Recentemente, a revista travestiu suas capas e editoriais de conteúdos contra fake news, bradando a bandeira da verdade e da objetividade, para com isso blindar-se de suas velhas práticas que datam da redemocratização no Brasil.  

Veja sofisticou as armadilhas que instala no caminho do leitor/eleitor, porém já nas eleições de 1989, a revista carimbou seu passaporte para as profundezas sombrias do jornalismo, ao cravar seu apoio a Fernando Collor com o objetivo de impedir a eleição de Lula. Com o candidato impoluto na capa, àquela altura Collor ainda era um desconhecido, o tablóide alçou o “O caçador de marajás” à cadeira de presidente da república.

Mais recentemente, na quinta feira, antes do primeiro turno das eleições de 2014, Veja desceu seu antijornalismo à categoria de panfleto, com a capa “Dilma e Lula sabiam de tudo”. O panfleto foi literal, já que aecistas fizeram milhares de cópias da capa da revista e a distribuíram desesperadamente nas ruas. Analistas sugerem que essa capa deslocou 9% de intenções de voto de Dilma para Aécio Neves.

Há material farto sobre a revista, como, por exemplo, o vídeo do site Justificando que analisa 100 capas de Veja, de 2013 até os dias de hoje, e seus artifícios de manipulação.  Vale conferir. [aqui]

O que se sabe hoje é que ainda possuímos poucos anticorpos para lidar com a quantidade e qualidade das informações que recebemos. Ainda somos permeáveis e crédulos diante de conteúdos e mecanismos cada vez mais sofisticados de manipulação. Nos idos anos em que televisões ocupavam lugar de prestígio nas salas de casa, adultos e crianças acreditavam que propagandas diziam a verdade.

Gioconda Bretas

Jornalista – Mestre em Comunicação (UNB)

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. Da caldeirinha direto para a cruz

    Será que a Igreja Católica, o Vaticano, e a globo não perceberam ainda que a vitória desse coisa ruim é o fim do poder hegemônico das duas?

  2. Eu não estou preocupado com a
    Eu não estou preocupado com a revista Veja. Ela fala para os mesmos de sempre.

    A minha preocupação e nas comunidades carentes do RJ. Essas comunidades estão infestadas de Igrejas Evangélicas. E todas pregam voto em Bolsonaro.

    Dá pena de ver negros pobres, senhores de meia idade, dizendo que vão votar no “Bolsonario”. Ainda dizem que no PT só tem ladrão.

    A força que o PT tinha nessas comunidades , agora só dá Bolsonaro.

    O PT vai ter que fazer em 20 dias, a desconstrução da imagem do Bolsonaro junto essas comunidades. Vai ser duro.

    Confesso que estou preocupado com esses votos de pobres pró Bolsonaro.

    Esses Igrejas estão fazendo campanha aberta para filha do Cunha. Em troca de reforma e pinturas nessas Igrejas. Muitas não comportam 80 pessoas. São barracos adaptado para Igrejas.
    Não será surpresa se a filha do Cunha for umas Dep Federal mais votada do Rio de Janeiro.

    Lamentável que o PT tenha perdido contato com o povo dessas comunidades. Nem deputados do PT aparecem para pedir votos.
    O PSOL está tendo mais presenças nesse locais, por causa da Marielle que era de comunidade e foi assassinada.

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