E os loucos gritavam na Paulista: Fim da PM!, por ZeGomes

E os loucos gritavam na Paulista: Fim da PM!

por ZeGomes

A direita não se importa com a violência comum sobre os pobres (bandidos comuns). Até acha útil, pois os pobres, acossados, votam nos seus candidatos que prometem uma solução pela força e pelo reforço da polícia. Quando ganham –e sempre ganham disparado, vejam Duterte nas Filipinas, Bolsonaro, Fraga e toda a bancada da bala- os direitistas passam a matar indiscriminadamente, tripudiam da pobre esquerda, perseguem os movimentos sociais. E as polícias são parte do aparato de liquidar.

Mas aí a esquerda vai à Paulista, encontra os tresloucados manifestantes pró-Trump (assim como seriam tresloucados se fossem pró-Hillary, porque os dois são iguais) e começa a gritar: “Fim da PM”.  Caem na armadilha. Gritar isso é suicídio político, em um país cujo povo está arrebentado pela violência comum, onde há um tiranete em cada rua infelicitando a vida das pessoas. Entre violência policial e violência dos bandidos comuns, a população ainda parece temer muito mais a segunda, e qualquer brado contra a primeira é imediatamente manipulado pela direita como defesa dos bandidos.

Bordões da direita tipo “o PT quer acabar com a PM” serão mortais. Gritos como aqueles na Paulista oferecem o álibi perfeito.

A esquerda precisa entender o desespero das pessoas frente à violência comum.

Quando alguém pensa nas injustiças do mundo e quer a revolução, e acha que isso se pode fazer num passe de mágica, confunde a sua revolta interior (louvável), com a possibilidade de fazer mudanças. Muita gente de esquerda é assim: revoltam-se, acusam, mas não veem a montanha diante de si que é a reação, o poder dos ricos. Se ferram. E acusam os outros de esquerda de serem vendidos, eleitoreiros. São sem noção.

Um povo sem um mínimo de teoria, de capacidade de pensar sobre a vida e as relações humanas, dilapidado pela mais-valia, que gasta grande parte do seu dia nos deslocamentos de casa para o trabalho, acossado pela bandidagem, não faz revolução. Ele quer é proteção da polícia, por isso elegem os bandidos que prometem isso.

Por outro lado, um povo como os instruídos alemães, que aprendem latim e grego e estudam filosofia no primeiro e segundo grau das escolas, mas vivem no conforto do capitalismo central, também não faz revolução.

O que faz revolução é um povo instruído, no meio de uma das terríveis crises periódicas do capitalismo. Por isso é importante ganhar eleições sim, oferecer boas escolas, ensinar a ler os grandes pensadores e a pensar. E esperar que um dia, no meio de uma grande crise, que, no capitalismo, pode tardar, mas, felizmente, é sempre uma possibilidade, possa acontecer o que a esquerda e todos os justos desejam: uma ruptura, uma revolução.

Pense nisso, Esquerda Radical, ou melhor, Esquerda Tonta.

Mais sobre isso no meu Blog aqui no GGN https://jornalggn.com.br/fora-pauta/pobre-esquerda-sempre-dando-murro-em-ponta-de-faca

Redação

9 Comentários

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  1. Concordo

    A esquerda esqueceu as suas duas principais bandeiras: a nação e a inclusão social. Os modernosos de hoje apenas apelam para uma esquerda comportamental trazida fresquinha desde uma Europa moderna, sem problemas básicos e, por tanto, ociosa e em zona de conforto para exercitar o inteleto procurando o sexo dos anjos e outras prioridades.

    Além de fazermos errado na área de segurança, temos insistido tanto na diversidade de gênero que despertamos resistência baseada em escola sem partidos. Ainda, levantamos tantas bandeiras coloridas, verdes, laranjas, arco-íris, que afugentamos do campo da esquerda o setor evangélico, que inicialmente apoiou o Lula, quando as bandeiras de esquerda eram da nossa esquerda, de terceiro-mundo.

    Concordo muito com o texto acima e, sinceramente, acho que a esquerda modernosa não tem paciência para pensar na nação, no emprego e nas três refeições do pobre, mas apenas para discutir o terceiro banheiro do boteco onde brincam de esquerda.

  2. A propósito

    Entre aspas está a manchete da Folha, em negrito o que me enviaram via Face:

    “Polícia brasileira maat em seis dias o mesmo que  a Britânica em 25 anos”

    Talvez por que o número de policiais assassinados no Brasil em um ano seja o mesmo que em 98 anos na Inglaterra.

    Em tempo, não conferi as estatísticas.

  3. Discordo

    O fim da PM é necessário no Brasil pois policiais tem que ser julgados pela justica comum para que o Brasil deixe de ser o campeao em mortes pela policia.

    A guerra na civil da siria nao matou tanta gente qto a policia brasileira nos ultimos 5 anos.

    O “fim da PM” nao significa o fim do monopolio da forca do estado, mas sim o fim da impunidade.

    Alias, eu moro na alemanha ha mais de 10 anos e discordo que povo seja tao instruido qdo se supoe. Sao bons de propaganda como a historia evidencia. O proprio “made in” apesar de britanico ficou famoso pelas maos deles. Aonde moro o PT daqui, o SPD, esta no comando desde o fim da 2 guerra.

  4. Setores da esquerda ainda
    Setores da esquerda ainda vivem o romantismo idiota do banditismo social. Deixar de gritar esses chavões abestalhados não significa compactuar com a violência policial.
    É necessário entender e chegar ao senso comum para se tornar poder.

  5. A PM te que acabar junto com a Polícia Civil

    O discurso mais batido e recorrente da área da segurança pública foi o esgrimido pelos líderes dos 3 Poderes da República, na reunião que fizeram recentemente para discutir segurança pública: “há falta de colaboração e troca de informações entre as autoridades e corporações!”.

    Esse é o diagnóstico pronto mais velho que existe na área de segurança pública. Volta e meia é lembrado e usado como explicação e justificativa para o caos na área de segurança. Sempre que lembrado é seguido de promessas de “medidas” para fazer as autoridades trocarem informações e atuarem em conjunto, E nunca dá em nada.

    A razão de dar em nada é simples: polícias representam um importante instrumento político dos governadores, que preferem manter o sistema atual para controlá-lo de acordo com interesses políticos, e não de acordo com as necessidades da população e em atuações técnicas da área de segurança. Daí fora dos holofotes pressionam o Executivo pra manter tudo como está, enquanto publicamente declamam o diagnóstico-chavão acima 

    De todos os modelos já testados em segurança pública, o mais bem sucedido é o que tem uma polícia de carreira única e ciclo completo (pra entender isso, há um bom texto aqui: http://www.fenapef.org.br/entenda-o-ciclo-completo-de-policia/), de caráter civil, com autonomia para atuar. Por isso PM e Polícia Civil devem ser extintas e substituídas por uma polícia única. E a quem é contra vou logo avisando: não adianta vir criticar essa proposta sem reconhecer que o modelo atual falhou e sem apresentar uma alternativa.

  6. Essa esquerda modernosa

    Essa esquerda modernosa destruiu o país por causa dos 20 centavos. Agora o PSOL fala em substituit o PT. Até o PSTU tem mais inserção no movimento operário que o PSOL, e no movimento camponês, o PSOl não existe. Afinal, a defesa dos boias-frias transsexuais e a luta para o cortdor de cana poder usar saia no serviço não são coisas que veam agregar muitos votos.

    1. essa…

      Zé Gomes, foi um dos textos mai simples e esclarecedores que já li em GGN. E brilhante. É exatamente isto, ruas e ruas de conhecimento onde outros já passaram, e nós ainda desconfiando se é o caminho a seguir. E o pior, sem conhecer nenhum outro caminho. A ignorância como opção. 

  7. Até que enfim um lampejo de autocrítica

    Então a esquerda descobriu que o pobre odeia bandido e por isso mesmo vota em quem promete exterminá-los? Aleluia!

    A esquerda cometeu muitos erros, mas o maior mesmo foi identificar bandidos como trabalhadores oprimidos. Esse equívoco vem desde o fracasso da luta armada nos anos setenta, que não teve o apoio dos trabalhadores (eram os anos do “milagre” e do pleno emprego) então os militantes começaram a angariar seu novo público entre os marginais, aqueles a quem Marx chamava o lumpen-proletariado. Embora previsivelmente culpasse o capitalismo pela degradação que produzia os lumpens, o velho Marx jamais teve a  ilusão de que eles seriam uma classe revolucionária, pois em razão de seu caráter venal, eram potenciais aliados de quem tivesse dinheiro para comprá-los – ou seja, da burguesia. E de fato, historicamente, os burgueses sempre compraram os lumpens por poucos tostoões, inclusive para jogá-los contra os trabalhadores.

    Bandido não é oprimido, e sim opressor. E acima de tudo, um capitalista ferrenho, pois seu único objetivo de vida é por intermédio do crime ter acesso a bens que normalmente só são acessíveis aos burgueses.

  8. Embora seja Zé o que voce entende de povo e de esquerda?

    Voce disse o que a esquerda pensa e o que os pobres pensam  e depois criticou o que voce mesmo disse. Acho que esta muito autocentrada esta análise . Quando o PT estava no poder provavelmente voce criticava o povo e a esquerda que votava nele e agora voce continua. Sò que agora os argumentos são porque o PT não ganhou uma eleição  porque o povo não votou nele. E desde quando o povo tem alguma coisa a ver com este golpe?. 

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