Ana de Oliveira lança livro e CD dedicados ao violino solo, por Carlos Motta

Com produção, direção e concepção da própria autora, 10 das 15 faixas que compõem o CD foram criadas instantaneamente, em fevereiro, no Estúdio Monteverdi

Ana de Oliveira lança livro e CD dedicados ao violino solo

por Carlos Motta

Radicada no Rio de Janeiro, a violinista paulistana Ana de Oliveira, spalla da Orquestra Sinfônica Nacional da UFF e integrante do renomado Trio Puelli, está fazendo dois lançamentos: seu primeiro CD de violino solo, “Dragão dos Olhos Amarelos”, depois de uma carreira de mais de três décadas a serviço da música brasileira e internacional, e o livro “O Violino na Música Contemporânea Brasileira – um manual de técnica estendidas”.

Com produção, direção e concepção da própria autora, 10 das 15 faixas que compõem o CD foram criadas instantaneamente, em fevereiro, no Estúdio Monteverdi, onde foi gravado, mixado e masterizado pelo produtor, arranjador, multi-instrumentista e compositor André Mehmari.

Além dessas faixas autorais inéditas, o CD apresenta a Dodecafoniana I e II para violino solo, obra de Sérgio Ferraz dedicada à violinista; Cadenza, composição da violinista para a música “Eterna” de Egberto Gismonti em sua versão para solista e orquestra; Malinconia da segunda Sonata para violino Solo, de E. Ysaÿe, e Posso Chorar, com André Mehmari ao piano, uma faixa bônus inédita escrita por Hermeto Pascoal nos anos 80 e dedicada à violinista quando a conheceu na estreia de sua “Sinfonia em Quadrinhos” – na época, a artista tocava como spalla da Orquestra Sinfônica Jovem Municipal de São Paulo.

“Este registro é a realização de um sonho de liberdade, uma viagem autobiográfica. As composições instantâneas que integram este trabalho são inspiradas em momentos, memórias, sentimentos de minha vida, que foram retratadas sob forma de música, uma catarse e um ato de coragem de me expor visceralmente”, diz Ana de Oliveira sobre o CD.

Tais sentimentos e revelações são ratificados por André Mehmari, para quem esse projeto é, além de tudo, “um testemunho potente da resistência do artista brasileiro em meio ao mais desafiador cenário em tempos recentes e provavelmente de todos os tempos em alguns aspectos”.

Para ele, a artista não se esquiva e “empunha corajosamente seu arco e lança a flecha sonora certeira na direção do ouvinte apto a viajar com ela por veredas que vão muito além do conforto estético e formal: a fascinante imperfeição do ser humano em constante estado de mutação”.

Fruto do seu mestrado profissional concluído em dezembro de 2018, no Instituto Villa-Lobos, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), sob orientação de Mariana I. Salles, o livro “O Violino na Música Contemporânea Brasileira – um manual de técnica estendidas”, com prefácio do violinista Paulo Bosísio, oferece subsídios técnicos e teóricos sobre o assunto e pode ser utilizado como um manual para estudantes de violino e composição.

O termo “técnicas estendidas” define todos os meios técnicos instrumentais não tradicionais e não convencionais para a performance de obras musicais contemporâneas. “No Brasil não há muitas referências técnicas e bibliográficas sobre o tema, embora haja um crescente interesse pela música produzida hoje”, destaca a autora, que complementa: “Foi devido à minha dedicação na execução do repertório para violino dos séculos XX e XXI e, naturalmente, a partir de minhas próprias dificuldades na busca por soluções para a execução de determinadas passagens, assim como em interpretar novas notações musicais, que surgiu a necessidade de elaborar um manual sobre técnicas estendidas para o violino”. 

CD “Dragão dos Olhos Amarelos”: https://tratore.ffm.to/dragao 
Redação

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