Sugerido por Assis Ribeiro
De Sul21
Foi o guitarrista Charlie Byrd quem apresentou a música brasileira ao saxofonista Stan Getz e, em 1962, ambos gravaram o disco Jazz Samba. No ano seguinte, o judeu-americano Getz, apaixonado pela música brasileira da época, convocou João Gilberto, Astrud Gilberto e Tom Jobim e gravou o memorável Getz/Gilberto.
O álbum, que completou no ano passado 50 anos de gravação, tornou-se um clássico da música mundial e levou a música tupiniquim para os quatro cantos do planeta.
Stanley Gavyetsky (Stan Getz) nasceu em 2 de fevereiro em Filadélfia. Os seus pais eram judeus naturais da Ucrânia, que imigraram de Kiev, na Ucrânia em 1903.
Admirador de violonistas brasileiros, em 1963, antes da gravação de Getz/Gilberto, o músico norte-americano tinha gravado Stan Getz With Guest Artist Laurindo Almeida, com o genial e, infelizmente pouco conhecido, músico brasileiro que viveu nos Estados Unidos, LaurindoAlmeida, e Jazz Samba Encore!, com Luiz Bonfá no violão e Tom Jobim no piano.
João Gilberto via com desconfiança a gravação do disco com Getz. A mulher de Getz na época, Monica, teve que convencê-lo a comparecer aos ensaios de Getz/Gilerto no anexo do Carnegie Hall, em Nova Iorque.
Depois de muita insistência, João acabou entrando no estúdio, nos dias 18 e 19 de março, para gravar o álbum que abriria as portas para a música brasileira no exterior.
Na gravação do disco, João Gilberto e Getz se estranharam. João não tinha gostado da gravação de Um Samba de uma nota só, de Tom Jobim, e tenta “ensinar” Getz a executar a canção. João Gilberto e sua conhecida intransigência perde a paciência com a interpretação do gringo e desabafa para Tom Jobim: “fala para o gringo que ele é burro”. Leia a história completa na Revista Almanaque.
Profissional aos 15 anos
O saxofonista Stan Getz tornou-se músico profissional aos 15 anos, e um ano mais tarde, já fazia parte da banda do trombonista Jack Teagarden, que o ensinou, entre outras coisas, a beber. Com apenas 17 anos, já era um alcoólatra, e logo depois, como muitos outros músicos da época, passou a usar heroína. Getz não largou seus vícios até os 60 anos de idade.
Getz sempre contou com uma incrível veia lírica, talvez originária de sua família judia-russa e da influência de jazzistas dos anos 30 e 40. Stan Getz teve passagens por bandas consagradas como as de Stan Kenton, Jimmy Dorsey e Benny Goodman, o último chegou a despedi-lo em uma turnê por Nova Iorque quando o músico não apareceu para tocar em alguns shows.
Getz casou duas vezes, em 1946 e 1956, e teve cinco filhos. Em 1947, entra na brilhante banda de Woody Herman Second Herd e torna-se um dos Quatro Irmãos (Four Brothers), um naipe de saxofones que incluía feras como Zoot Sims, Al Cohn e Serge Chaloff. Um ano mais tarde, grava seu curto e lindo solo para Early Autumn, de autoria do compositor Ralph Burns, na banda de Herman. Quando o disco chega às lojas, Getz se transforma em uma das grandes estrelas do jazz.
Em 1950, o saxofonista deixa a banda de Herman e, nos próximos 40 anos, lidera inúmeros grupos, todos com músicos de primeira linha, além de proporcionar várias chances a músicos desconhecidos em início de carreira. Getz tocou muitas vezes também com seu amigo e trompetista, Chet Baker.
Saiba mais sobre o parceiro de Getz, o genial Chet Baker
Getz morreu em 6 de junho de 1991 em Malibu, na Califórnia e sua biografia Stan Getz: a life in Jazz, de Donald L. Maggin, pode ser encontrada em inglês na loja da Amazon.
O livro é, ao mesmo tempo, um hagiografia e uma litania das últimas angústias que afligiram Getz: seu alcoolismo e seu vício em drogas, que causaram ao músico uma temporada de seis meses na prisão em 1954; sua dolorosa falta de articulação na fala; suas duas tentativas de suicídio; seus corrosivos problemas judiciais com a segunda esposa; seu descontrole psíquico; seu imenso ego e sua luxúria constante, causadores de inúmeros problemas.
Sobre sua personalidade, o seu amigo e também saxofonista Zoot Sims definiu-o assim: “Stan é um amável bando de caras”.
O ídolo Lester Young
Sem dúvida nenhuma, Getz, como uma penca de outros saxofonistas, foi influenciado pelo genial saxofonista Lester Young. Getz e sua espiritualidade construiu esplendorosas melodias que nos leva a crer que Young retornava à Terra. O saxofonista de origem judia adiciona ao som de Young um romantismo que o tornou um ídolo popular nos 50 e 60.
Com o tempo, Getz abandonou um pouco a influência de Young para soar mais semelhante a músicos como Coleman Hawkins e Ben Webster. Já nos anos 60, Getz aproximou-se de seu grande amigo e admirador, Miles Davis. Os dois, com diferença de menos de um ano de idade, morreram apenas com um pequeno espaço de meses e quilômetros de um para o outro na Califórnia.
Stan Getz nunca teve medo de experimentar. Em 1961, convocou o arranjador e compositor Eddie Sauter para escrever uma peça para sua improvisação, e o resultado deste trabalho foi Focus, composição dividida em sete partes e com duração de 35 minutos para uma pequena orquestra de cordas. A parte mais longa ultrapassa seis minutos e a música flutua entre Bartók e boa trilha musical para cinema. Ele próprio considerou este o seu melhor disco.
Stan Getz toca Wave, de Tom Jobim, na Dinamarca
http://www.youtube.com/watch?v=WctZJcPwnOQ]
Getz interpreta Seven Steps to Heaven, de Miles Davis e Victor Feldman
http://www.youtube.com/watch?v=az-NfhfL_-k]
Stan Getz com Chet Baker, em Estocolmo (1983)
http://www.youtube.com/watch?v=l_viy_MGQtI]
Stan Getz interpreta I’m late, I’m late do genial disco Focus que Getz gravou com Eddie Sauter
[video:http://www.youtube.com/watch?v=qAyrdlUcZIw
Night Rider, também do disco Focus
[video:http://www.youtube.com/watch?v=-enhmsHu3is
Ouça na íntegra Getz/Gilberto
[video:http://www.youtube.com/watch?v=9KpIV57PSeo
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A maldição da nomenclatura
Volta e meia, desde dos tempos da fundação do Blog, coaxam nesse espaço as denominações erradas sobre o que é guitarrista e o que é violinista
Na maioria os erros são feitos por delitantes, que – sem maldade, é claro – saem falando coisas sem embasamento.
Coisa de gente que não é do métier…
Pois bem, Charlie Byrd, nunca foi guitarrista. Foi sim violonista.
Basta ler sua biografia, aonde ele estudou, sua discografia, etc.
Só para deixar mais claro, no Brasil chama-se de violonista, aquele sujeito que toca o violão de cordas de nylon ( que os gringos chamam de “classical guitar”.
Guitarrista, aqui na Terra de Vera Cruz, é o caboclo que toca guitarra elétrica, ou simplesmente guitarra.
E nessa preguiçosa tarde de domingo, o brejo parece não ter fim…