O Samba da Marilu

 Da FSP – ilustrada

    Aos sete, quando participou da gravação de “Samba de Maria Luiza”, a filha caçula de Tom Jobim (1927-1994) não fazia ideia do quão longe a música do pai havia chegado.

    Dezoito anos depois e hoje vocalista da banda carioca Baleia, a ideia exata desse alcance se reafirmou para ela em “A Música Segundo Tom Jobim”, filme de Nelson Pereira dos Santos e Dora Jobim que estreia hoje (20/01/2012) nos cinemas.

    “É bonito ver a musica dele correndo o mundo até hoje. O filme é uma homenagem muito delicada e emocionante”. Disse ela à Folha, um dia depois de assisti-lo. “Ainda estou digerindo tudo aquilo.”

    Aos 24 anos, Maria Luiza trilha o caminho inescapável da música que herdou, como aconteceu com o irmão mais velho, Paulo, e o sobrinho Daniel – com quem gravou em 2006 uma versão de “Wave” para a novela “Páginas da Vida”, da Globo.

    Em 2010, com seis amigos dos tempos de escola, ela formou a banda com nome de cetáceo. O grupo que tem Sofia Vaz e Gabriel Vaz (vocais), David Rosenblit (piano), Felipe Pacheco (violino e Guitarra), Cairê Rego (baixo) e João Pessanha (bateria), começou a carreira tocando standards de jazz.

    Aos poucos o leque de influências se abriu.

    “A nossa música não é só jazz. As composições mais recentes tem pendido para o rock, a música pop e até o afrobeat”, explica ela, sempre ressaltando a coletividade das criações, se negando a assumir papel de destaque por conta do sobrenome.

    É uma forma de amortecer a cobrança inevitável – e indevida – comum a parentescos desse tipo, além de ressaltar os colegas, todos jovens e músicos talentosos.

    David, por exemplo, é filho de Alberto Rosemblit, que nos anos 1980 acompanhou expoentes da MPB como Nara Leão e Simone.

    “Estamos tocando sem pressa, trabalhando as canções que compusemos e criando os arranjos para, daqui a pouco tempo, gravarmos um EP”, conta ela sobre o disco que deve sair ainda este ano.

    Sem gravadora, a Baleia divulga suas canções na internet e tem feito pequenos shows no Rio de Janeiro.

    O clipping da música “Killing Cupids” (composição da banda), dirigido por Nicolas Bro e lançado sem alarde em outubro do ano passado, se aproxima de 20 mil visualizações no You Tube.

    O tal leque de referências musicais da banda tem de tudo um pouco, Radiohead, Fela Kuti, Errol Garner, Justin Timberlake, de quem a banda toca uma versão jazzy-disco de “What Goes Around Comes Around”, Britney Spears, que ganhou uma releitura de “Toxic”. Já não é só o samba de Maria Luiza que é bonito com o quê.

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador