Sala de visitas: o que a Lava Jato aprendeu com a Mani Pulite

Luis Nassif recebe o cientista político Aldo Fornazieri, o jurista italiano Jacobo Paffarini e o cantor e compositor Lencker

Luis Nassif recebe o cientista político Aldo Fornazieri, o jurista italiano Jacobo Paffarini e o cantor e compositor Ítalo Lencker

 
Jornal GGN – A edição do Na Sala de Visitas com Luis Nassif abre com a entrevista do cientista político e diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política (FESPSP). Para o professor, a desestabilização político-social enfrentada hoje no país não é resultado de uma única crise, mas sim de múltiplos conflitos estruturais e para a classe política se reconectar com a população é necessária a construção de uma nova pedagogia. 
 
“A nova juventude não quer saber de partidos políticos, a [velha] esquerda não fez essa necessária discussão entre verticalidade e horizontalidade e como buscar um caminho do meio que articule essas duas dimensões”, critica. 
 
Em seguida, Nassif recebe Jacobo Paffarini, doutor em Direito Público pela Universidade de Perugia (Itália) e Professor Permanente no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito do IMED (Faculdade Meridional). Jacobo se especializou no impacto da globalização sobre o poder judiciário dos Estados Europeus. 

Nesta entrevista ele fala sobre os resultados da operação Mani Pulite (Mãos Limpas), uma investigação judicial de grande envergadura realizada na Itália nos anos 1990, fazendo uma comparação com a Lava Jato no Brasil. Um artigo publicado pelo juiz Sérgio Moro, escrito em 2004, revela que o coordenador da operação brasileira se inspirou no caso italiano.
 
Ao comparar o que o Brasil vive hoje à experiência do seu país, Jacobo pondera que o juiz Moro foi o responsável por colocar a política brasileira no impasse em que vive atualmente. O pesquisador italiano identificou duas partes importantes defendidas pelo coordenador da Lava Jato no seu artigo de 2004: primeiro que o inquérito deve ser submetido à opinião pública e, segundo, fazer a opinião pública entender que a política é um custo para o Estado. Entretanto, como estudioso do processo de globalização, Jacobo rebate que a redução da classe política traz como consequência a fragilização da democracia, por abrir espaço à atuação de estruturas supranacionais:
 
“Se é verdade que, de um lado, a presença dos partidos, o que nós chamamos de partidocracias, que se apropriam do ente público, gera um custo, de outro lado os partidos permitiram também um desenvolvimento democrático do estado. No entanto, agora nós temos que resolver um déficit democrático das instituições da globalização” se referindo ao contexto em que vive hoje, por exemplo, os países que ingressaram na União Europeia ou a programas do FMI e que, para aderir ao pacote do bloco ou ao fundo monetário, tiveram que reduziram internamente mecanismos democráticos. 
 
Por fim, Luis Nassif recebe o cantor, compositor e instrumentista Lencker que apresenta seu primeiro álbum de inéditas chamado “Forasteiro”, pelo selo da Kuarup. Seu trabalho se harmoniza com diversos estilos que vão de ritmos regionais ao rock, samba, jazz, soul, MPB e raggae. Dentre as suas referências estão a sua irmã e parceira, Camila de Oliveira, e grandes nomes da música brasileira como Garoto, Tom Jobim, Guinga, Edu Lobo e Toninho Horta.
 
https://www.youtube.com/watch?v=_SZRRCf4GLs&t=4019s width:700
 
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Redação

8 Comentários

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  1. O que tinha que aprender não aprendeu: “TOO BIG TO FAIL”!!

    E, por isso, vai ter o mesmo fim da “Mãos Limpas” – só que ainda mais rápido!

    SEGUE A VALSA: MORO, JANOT E FACHIN NO “BAILE” DO “ACORDÃO” VOL. 2

    Por Romulus & Núcleo Duro

    Como temos registrado no blog, houve nos últimos dias muitas “piscadelas”, de um lado, e “exibição de músculo”, do outro, entre os diferentes atores do “baile” do acordão possível. E segue a valsa!

    Eis a atualização com os fatos desta semana. Incluindo: TSE, Henrique Alves, denúncia de Temer ao STF pelo PGR e… Forças Armadas (!).

     

    LEIA MAIS »

     

  2. Se voces sao como eu podem

    Se voces sao como eu podem pular tranquilamente pros 29:40:  se tem uma coisa que eu nao quero ouvir NUNCA eh Aldo.

  3. Lencker eh excelente, compoe

    Lencker eh excelente, compoe muitissimo bem, fala bem, se explica bem, mas alguem TEM que falar pra ele que cordas de plastico nao tem BRILHO NENHUM!  ZERO!  NADA!  Todas as frequencias que voce esperaria de um violao estao faltando, so tem notas de “alguminstrumento” na gravacao!!!!

    O violao esta la…  completamente morto…  porem…  zumbi!  Ele acabou de comecar a segunda musica com esse violao zumbi de novo!  Que pena!

  4. É possível concluir que a

    É possível concluir que a Lava Jato de Curitiba – conforme as teses em razões finais do MPF no processo do Triplex – aprendeu blindar os seus protegidos: e formou uma “famiglia” constituida – em parte – por um grupo de “homini d” honore” de Curitiba para funcionar como uma Barreira de Proteção à còsca de Temer, Aécio e “entourage”…

    Teses do MPF no memorial: indícios e evidências como provas, pressupostos teóricos e doutrinários; modernas técnicas de análise de evidências (bryesianismo e expansionismo), flexibilização de direitos fundamentais…  

    ****

    A Máfia contada por Bolzani – video (01 hora e 10 min) – La Stampa

    http://scuola.repubblica.it/blog/video/bolzoni-raccontare-la-mafia/?ref=HREC1-17

    – una decina di uomini d’onore forma una famiglia

    – diversi famiglie formano un mandamento [ circunscrição ]

    – più mandamenti eleggono un capo della cupola o comissione

    ***

    1. soldati

    2. uomini d’onore (è un ragno, non è un criminale comum, non fanno solo estorsione, assassini… ma fanno relazione relazione con la politica, con la economia, con la chiesa, con i giornalisti… fanno  relazione con tutti…un mondo di relazione… I’ uomini d’onore è il centro di un piccolo universo

    3. comissione:  cupola di comando in regioni

    4. capo 

     

    1. Gustavo Franco – Presidente

      Gustavo Franco – Presidente do BC no governo de FHC – foi autor de tese acadêmica (monografia) sobre o Encilhamento – golpe financeiro ocorrido no início da República brasileira, tendo como Ministro da Fazenda Rui Barbosa. No trabalho analisou os erros e falhas de Rui Barbosa ligados aos privilégios concedidos ao Conselheiro Mayrink

      Posteriormente prefaciou a edição brasileira do livro “O homem que roubou Portugual” o maior golpe financeiro perpetrado até então.

      Ao depois, como Presidente do Banco Central do Brasil no governo de FHC, foi um dos executores do Plano Real e repetiu o que muitos chamam do 2o. Encilhamento, o golpe financeiro inspirado na política econômica de Rui… 

      Uma boa explicação e histórica sobre os enconhamentos (início da Republica e Plano Real) na obras de Luiz Nassif: “Os Cabeça de Planilha”

  5. Professor Aldo F.
    “A nova
    Professor Aldo F.

    “A nova juventude não quer saber de partidos políticos, a [velha] esquerda não fez essa necessária discussão entre verticalidade e horizontalidade e como buscar um caminho do meio que articule essas duas dimensões”, critica. 

     O professor italiano: “O pesquisador italiano identificou duas partes importantes defendidas pelo coordenador da Lava Jato no seu artigo de 2004: primeiro que o inquérito deve ser submetido à opinião pública e, segundo, fazer a opinião pública entender que a política é um custo para o Estado.” A leitura dos dois dá a impressão que estudaram mas não analisaram e não explicam. Falam como o cara que observa uma tartaruga sobre uma árvore e apenas diz que há uma tartaruga sobre uma árvore. Como é que ela chegou lá, não vem ao caso. Os dois falam da política. O Aldo fala da política sem nunca ter aparentemente imaginado o por que se produz uma campanha monumental, permanente, por décadas a fio, para desacreditá-la perante a opinião pública e consegue-se tamanho êxito, nesse intento, conforme ele observa. As pessoas não querem saber de partidos e política.  Depois ele fala que a tal da esquerda não fez a discussão (seria a auto crítica?) da política com a sociedade. Será que ninguém fez essa discussão, ou muitos fizeram à exaustão esse debate mas foram tragados pelo mesmo colossal sistema de comunicação que conseguiu “deslegitimar a política”, como anunciava o Moro, como seu objetivo (Mein Kampf?), em seu artigo de 2004? Aí, então, vem o italiano e diz que o povo finalmente aprendeu que a política tem um custo. Deveria dizer que esse custo não chega nem perto do que custaria o judiciário, se cumprisse a sua finalidade. Não cumprindo, como sempre fez e faz agora pior, invadindo a seara da política, o judiciário já custa muito mais anualmente que 10% do PIB que vai declinando, enquanto o custo das ações e irresponsabilidades da cruzada política do judiciário só vai aumentando e não se sabe se alguém vai sobreviver à catástrofe criada para pagar essa conta.  Para entender e dizer que a tartaruga está sobre a árvore a juventuda só precisa ter olhos que enxergam. Não precisam de professores. 

  6. Maos limpas ou Amanda Knox?

    Acredito que a Lava Jat tenha aprendido mesmo com o caso Amanda Knox. Primeiro ache o culpado e consiga a condenação na mídia. Ela ficou presa 3 anos mesmo depois do assassino confessar que ela não tinha nada com o acontecido. E como fica a cara da imprensa e do chefe de polícia? Crie evidências e convicções, condene. Demorou 10 anos para provar a inocência. E tem muita gente, especialmente da mídia, que acredita na culpa da menina, com direito até a um documentário ridículo. Qualquer semelhaça é mera coincidência…

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