Marielle – Dúvidas sobre a solução do crime, por Gustavo Gollo

Por que os 2 presos, acusados pelo assassinato de Marielle, não recebem os tradicionais epítetos atribuídos pelos meios de comunicação aos frequentadores das páginas policiais?

Marielle – Dúvidas sobre a solução do crime, por Gustavo Gollo

No dia 12, após a notícia da prisão dos suspeitos do assassinato de Marielle, publiquei um artigo contestando a versão apresentada em site da Globo por uma das promotoras que incriminava os acusados, sob meu ponto de vista, de maneira completamente absurda.

No mesmo artigo, contestei também a versão apresentada pelo delegado em outro vídeo (do UOL), no qual o horário da câmera que serviria como prova aparecia borrado.

Em conjunto, as duas versões, diferentes, insustentáveis, e parecendo ambas forjadas, me sugeriram fortemente não haver provas que identificassem os acusados.

No dia seguinte, 13, a Globo editou o site, trocando o vídeo nele mostrado.

As críticas que eu havia apresentado na publicação, referiam-se ao vídeo anterior e não se aplicavam ao novo, no qual outras alegações eram apresentadas.

Embora mantidas por escrito, no site, as palavras da promotora que reproduzi e critiquei em meu texto, já não correspondiam às mostradas no vídeo.

Em decorrência da troca efetuada pela Globo, minhas críticas ficaram parecendo completamente disparatadas. Só descobri a troca no dia 15, 2 dias após ocorrida. A edição e divulgação de meu texto efetuadas pela direção do site, aliás, ocorreram após a troca do vídeo, uma lástima.

O novo vídeo esclarecia os detalhes que eu cobrava da promotora e que haviam sido omitidos no antigo (ela alega possuir uma ferramenta super high-tech com a qual identificou o criminoso).

Além disso, o novo vídeo mostrava novas imagens das mesmas cenas mostradas pelo delegado, mas sem apresentar a adulteração exposta no vídeo criticado por mim.

As novas imagens das cenas mostravam o horário conforme gravado pela câmera, incompatível com o crime, razão pela qual havia sido adulterado. No vídeo da Globo, um outro horário acrescentado à cena tentava disfarçar o original, compatibilizando a cena com o crime, e incriminando o acusado. Penso que o disfarce do segundo vídeo seja mais facilmente explicável que a adulteração do primeiro (ou menos inexplicável).

Em decorrência da troca do vídeo efetuada pela Globo, excluí o site original onde meu texto foi postado. Cópia dele aparece no final desse.

Para mim, de qualquer modo, o resultado foi péssimo, uma vez que minhas críticas direcionadas ao vídeo trocado pareciam não ter pé nem cabeça. O infortúnio foi agravado pelo título do artigo.

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As alegações apresentadas no novo vídeo tornaram as denúncias mais verossímeis, lançando alguma base sobre suspeitas que sob a apresentação anterior pareciam descabidas.

Certas incongruências na história contada pela polícia, no entanto, continuam saltando aos olhos, vejamos algumas delas.

Conforme versão amplamente divulgada após o crime, o carro de Anderson, o motorista assassinado, foi fechado por outro, e parado junto ao meio-fio esquerdo, transformando-se assim no alvo fixo alvejado pelo atirador que chegava no outro carro.

A versão contada pela polícia omite descaradamente a existência do primeiro carro. Também se divulgou que as imagens do carro do atirador revelavam um terceiro ocupante no bando dianteiro do carro – policiais costumam dar cobertura aos milicianos encarregados de tais ações com o propósito de evitar eventuais prisões em flagrante dos criminosos. Tudo indica a existência de um número maior de participantes na ação, fato que, aliás, contraditaria fortemente a suposta motivação pessoal do crime, por aversão às pautas políticas de Marielle, conforme alegação da polícia.

Também foi amplamente divulgado o sumiço das imagens em torno do local do crime. Quem teria efetuado tal ação?

O matador é especialista no uso de fuzil, enquanto o crime foi cometido com uma submetralhadora.

Conforme denúncia apresentada em O Globo, com riqueza de detalhes, o assassinato teria sido cometido por um bando de matadores conhecido como Escritório do Crime. O assassinato teria custado R$ 200 mil, acrescido de ágio posterior, devido à inusitada repercussão do caso. O jornal oferece detalhes, como os postos dos participantes na PM. Será que a polícia não teve tempo para averiguar tal denúncia?

O que é o Escritório do Crime?, por Gustavo Gollo

Por que a imagem da câmera de trânsito foi adulterada?

Como explicar a incompatibilidade do horário da imagem original com o crime?

O que justificou o atraso de um ano para a prisão dos assassinos?

Havia alguém atrapalhando as investigações?

Por que tentaram prender os intocáveis, semanas atrás? Pertencem eles ao escritório do crime?

Quem avisou os intocáveis de que seriam procurados?

Quem avisou os 2 acusados – presos saindo de suas casas às 4:30 h –, de que eles seriam presos?

Por que os 2 presos, acusados pelo assassinato de Marielle, não recebem os tradicionais epítetos atribuídos pelos meios de comunicação aos frequentadores das páginas policiais?

Porque não devassaram a vida dos acusados, comentando, por exemplo, o assassinato de 2 policiais que haviam extorquido 100 toneladas de cocaína, em Vitória, atribuído ao matador?

Veja também:

Conspiração 1: O Escritório do Crime

https://jornalggn.com.br/justica/conspiracao-1-o-escritorio-do-crime/

Marielle Franco e a Franquia do crime

https://jornalggn.com.br/violencia/marielle-franco-e-a-franquia-do-crime/

Abaixo, republico o artigo anterior, publicado originalmente em 12/03/2019:

 

Caso Marielle para idiotas, por Gustavo Gollo

De acordo com o g1:

‘Promotora explica como atirador foi identificado

Elisa Fraga, promotora de justiça e coordenadora da Coordenadoria de segurança e inteligência, explicou como o atirador foi identificado.

(…)

“Recebemos uma imagem feita na casa das pedras (sic), a imagem foi gerada por uma câmara de infravermelho. (…)

“Nessa imagem obtida, havia um braço direito do atirador. Fizemos a análise e com a comparação de outras imagens do Ronnie Lessa, observamos uma compatibilidade do réu com o atirador”, disse ainda Elisa.’

A imagem de um braço do atirador que possibilitou a identificação do acusado se assemelha à da mostrada acima.

Após 1 ano inteiro de investigações realizadas por dezenas de pessoas, a promotoria nos revela uma história cujo enredo parece ter sido inventada às pressas, em substituição à farsa contada pela “testemunha chave”, detonada semanas atrás pela Procuradoria Geral da República por tê-la envolvido no imbróglio.

A omissão deliberada de detalhes adicionais pelas promotoras, alegadamente para manter o sigilo da investigação, parece tentar ocultar incongruências ainda mais gritantes.

 

O delegado tentou explicação menos inusitada para “provar” a identidade do criminoso, mas precisou adulterar as imagens. Assista no vídeo.

https://noticias.uol.com.br/65a376f7-6a20-47a4-bf26-182d83063c28

Aos 18s “isso é Quebra-mar Barra da Tijuca, dali foi de onde eles partiram”.

Essa é a imagem que incrimina o matador, que segundo as notícias fazia ponto ali.

Note que data e horário estão apagados; a data vai aparecendo aos poucos. Na imagem seguinte, após corte, o horário é 18:51 h, anteriormente a 17:43 h no Alto da Boa Vista.

Às 18:45 h chega ao centro.

Também vale tentar imaginar algum motivo para que um morador de condomínio de luxo da Barra convencesse um comparsa a matar uma vereadora então desconhecida fora de seus círculos de atuação, nas favelas.

É a vitória da Franquia do crime.

As promotoras se dirigem a idiotas.

P.S. O assassinato de 2 policiais está sendo esquecido nas notícias sobre o acusado.

Uma peculiaridade do caso consiste no tratamento respeitoso concedido por todos os jornais  aos ilustríssimos suspeitos de assassinato, evitando–lhes a tradicional  imputação de apelidos.

Esse matador é especialista em fuzil.

Quem estava no carro que fechou Anderson obrigando-o a parar?

Quem surrupiou as imagens das câmeras em torno do local do crime?

(Artigo publicado em 12/03/2019  às 21:26 h, escrito na manhã/tarde anterior ao Jornal Nacional apresentado no vídeo).

Acrescentado em 17/03/3019 às 6:52:

Polícia afirma que, entre o Quebra-Mar, na Barra, e o Centro, apenas um equipamento do município conseguiu captar dados da placa; veja vídeo

Vera Araújo e Matheus Maciel

17/03/2019 – 04:30 / Atualizado em 17/03/2019 – 04:34

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/policia-investiga-se-fuzis-de-ronnie-lessa-preso-no-caso-marielle-tem-a-mesma-origem-que-os-do-senhor-das-armas/

Longe de justificar a discrepância do horário da câmera, o comunicado sugere que outras câmeras da região houvessem corroborado a da imagem borrada.

Redação

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