A capivara do “miliciano” que tem elos com Flávio Bolsonaro

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O jornal O Globo publicou neste domingo (3) uma reportagem especial sobre a ficha corrida do Capitão Adriano, como é conhecido o ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, acusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de ser o miliciano que comanda o Escritório do Crime – o maior grupo de extermínio em ativa na favela Rio das Pedras.
 
Foi em Rio das Pedras, segundo também revelou o diário, que Fabrício Queiroz permaneceu “escondido” após a imprensa revelar que ele é investigado pelo Coaf por movimentações suspeitas. Em 3 anos, Queiroz, ex-motorista de Flávio Bolsonaro, fez entrar e sair de sua conta bancária cerca de R$ 7 milhões. As autoridades dizem que ele não tem renda nem patrimônio compatíveis com esse volume de recursos.
 
Capitão Adriano, amigo de Queiroz, tem elos com Flávio Bolsonaro. Ele já foi homenageado na Assembleia do Rio duas vezes pelo ex-deputado estadual. Numa delas, Adriano já havia ido a julgamento por homicídio. Além disso, a esposa e a mãe de Adriano trabalharam por vários anos no gabinete do hoje senador.
 
Segundo O Globo, o grupo comandado por Adriano no 16º Batalhão da Polícia Militar (Olaria) é era conhecido como “guarnição do mal”. Os agentes eram suspeitos de sequestro, tortura e extorsão.
 
Em 4 de novembro de 2003, Flávio Bolsonaro homenageou Adriano e outros 7 companheiros do capitão que trabalhavam no 16º BPM. No mesmo dia, Queiroz, então policiar militar de outra unidade (Batalhão de Policiamento em Vias Especiais), também foi homenageado.
 
Naquele mesmo mês, Adriano e os mesmos colegas do GAT (Grupamento de Ações Táticas) do 16º BPM foram apontados como os assassinos de Leandro dos Santos da Silva, de 24 anos, morador da favela de Parada de Lucas. Além de Leandro, os agentes teriam sequestrado, torturado e extorquido outros 2 jovens da favela. 
 
Os PMs foram presos, mas Flávio não sustou as homenagens. Ao contrário disso. Em 24 de outubro de 2005, os agentes foram condenados em primeira instância e, 4 dias depois, Jair Bolsonaro, na Câmara Federal, fez um discurso defendendo Adriano.
 
O júri popular que condenou os policiais acabou anulado depois, e eles foram absolvidos “mesmo diante de provas técnicas apresentadas pelo Ministério Público”. 
 
O Globo não deu detalhes de como o júri acabou anulado tempos depois do discurso de Bolsonaro.
 
Leandro foi executado exatamente 1 dia depois de ter denunciado à Inspetoria-Geral da PM o sequestro, tortura e tentativa de extorsão armados por Adriado e colegas. Ele foi morto com 3 tiros na porta de casa. “A cena do crime foi desfeita para impedir a perícia. Mesmo morta, a vítima foi ‘socorrida’ pelos agentes”, narrou O Globo, demonstrando a interferência dos colegas de Adriano no caso.
 
“Adriano e seu grupo foram acusados pelo homicídio. Um sargento da guarnição foi apontado como o PM que atirou no jovem. O policial era Ítalo Pereira Campos, o Ítalo Ciba, hoje vereador no Rio de Janeiro pelo Avante.”
 
Em 28 outubro de 2003, ou seja, dias antes da homenagem de Flávio a Adriado e companhia, o grupo foi acusado formalmente pelo sequestro de Wilton Arjona da Silva. Os investigadores da Inspetoria-Geral confirmaram a presença de Adriano no local onde Wilton foi mantido sob cárcere privado.
 
O segundo sequestrado pelo grupo foi Anderson Luiz Moura. Ele passou por sessão de tortura e para o resgate foi pedida a mesma quantia, R$ 1 mil.
 
Leandro foi o terceiro sequestrado, e decidiu denunciar os policiais às autoridades. Sua esposa relatou que ele foi surpreendido em casa e que os agentes do esquadrão de Adriano tentaram asfixiá-lo com um saco plástico e um saco de cimento.
 
Adriano recebeu ordem de prisão no âmbito da operação Os Intocáveis, mas está foragido.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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    1. 01 – André Ceciliano (PT) 49.300.000,00
      02 – Paulo Ramos (PDT) 30.000.000,00
      03 – Márcio Pacheco (PSC) 25.300.000,00
      04 – Luiz Martins (PDT) 18.500.000,00
      16- Eliomar Coelho (PSOL) 1.700.000,00
      17 – Flávio Bolsonaro (PSL) 1.300.000,00

  1. Queiroz liga a família Bozo às Milicias
    A familia supra-sumo da ética comia no mesmo tacho dos milicianos. Tá registrado na história. Apesar de ignorado na época mais escancarada da comunhão de interesses entre as duas familias, tudo era notório e se tornou público, com registro na Alerj

  2. aterrorizante porque sem

    aterrorizante porque sem reação do poder constituído….

    lembra da luta entre geisel e o general frota, da ultra-direita e que defendia

    tortura e morte à epoca?

    parece algo semelhante hoje em dia?

  3. aterrorizante porque sem

    aterrorizante porque sem reação do poder constituído….

    lembra da luta entre geisel e o general frota, da ultra-direita e que defendia

    tortura e morte à epoca?

    parece algo semelhante hoje em dia?

  4. aterrorizante porque sem

    aterrorizante porque sem reação do poder constituído….

    lembra da luta entre geisel e o general frota, da ultra-direita e que defendia

    tortura e morte à epoca?

    parece algo semelhante hoje em dia?

  5. É a iniciativa privada na sua

    É a iniciativa privada na sua zona de conforto.

    O tráfico e a milícia são o sonho de negócio para o pessoal que gosta de ganhar dinheiro com iniciativa privada: não recolhem imposto, não precisam pagar direitos trabalhistas, não incorrem em nenhuma obrigação social e não apenas não têm seus produtos fiscalizados pelo estado como contam com o aparato de violência estatal, tanto para protegerem-se quanto para eliminar a concorrência.

    Antes era só o Rio que tinha estado mínimo, efetivo apenas quanto à violência (eufemisticamente chamada de “segurança patrimonial”); agora o país todo pode contar com esse estado mínimo, ele se alojou na esfera federal.

  6. e a PF na direção do ex-juiz não tem interesses nestas coisas

    E os serviços governamentais de informação também não sabem destas coisas? Em breve este país sera do bolso… furado

  7. Será ?

    Que os militares que votavam em peso nos Bolsonários , não sabiam de nada ?

    E o horripilante juiz , que “descobriu” tantas falhas no Lula, que irá apodrecer na cadeia , tb nunca desconfiou de nada ? ou o caso dele e de tantos é tão somente as verdinhas ? E o seu comandante é muito severo ? ou ele foi colocado lá apenas para livrar o capitão e seus príncipes das grades ?

    Eta mundão velho e sem porteira !

     

  8. Haja Nhá Benta para explicar tanto patrimônio.

                            

    Se pressionada, a franqueadora pode discretamente vazar para a imprensa, os números de determinada franquia na praça carioca, antes, acho bom, que o troço ganhe destaque em manchetes de uma CPI. 

    Já pensou, manifestações, de norte a sul, na porta das lojas, espalhando sacos de laranja e servindo suco aos transeuntes? Será uma pena ver a imagem de marca tão tradicional enxovalhada por lavagem, com suco de laranja, de coisas tão escabrosas, lambusadas de chocolate.

    PS: alô militância carioca, contem comigo para comparecer, com um pacote de cinco quilos de laranja, duas garrafonas geladas de Fanta e copos descartáveis, ao xópingue da loja do meliante. Ah, não esqueçam de convidar o Trompetisa da Democracia. Está dada a receita.

     

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