A globalização e o fim do futebol brasileiro

Ontem assisti ao “tape” do Fla-Flu e fiquei atordoado pelos mais de 80 passes errados da partida. O pior é constatar que um dos contendores, o Flamengo, é também o segundo colocado da competição e que se analisarmos outras partidas verificamos que em outros embates coisa parecida se repete. Passados alguns minutos de estarrecimento registramos a ligação entre o Fla-Flu, a derrota do Brasil na Copa do Mundo Sub-17 e as dificuldades da seleção brasileira na Copa América. O futebol brasileiro vai mal, muito mal, mas o que explicaria esta decadência. Uma matéria da revista inglesa “FourFour­Two” decreta na edição de julho o fim do futebol brasileiro. Em tom de provocação, exibiram na capa um escu­do da Confederação Brasileira de Fu­tebol com letras alteradas para “RIP”, (“Rest in Peace”, em in­glês “Descanse em paz” ), e a manchete “A Morte do Brasil”. Será que estamos de fato nesta situação? Será que o futebol brasileiro perdeu seu encantamento, sua alegria, sua beleza? Será que um dos mais festejados símbolos nacionais caminha para seu fim? Afinal, de onde vem este pesadelo?

 

A exportação de jogadores

Buscando respostas fui ao Google e digitei a expressão – exportação de jogadores. Este é, para mim, o fato que explica neste momento nossas agruras futebolísticas. E lá vi algumas manchetes interessantes. Pude verificar que o Brasil é atualmente o maior exportador de jogadores de futebol do mundo, seguido de perto da Argentina. Há brasileiros nos mais longínquos recantos do planeta jogando futebol, levando nossa arte para pequenas e grandes equipes, exportando nossa cultura futebolística e sendo influenciado pela prática do futebol alheio. Outra constatação é que nossos jogadores estão indo para o exterior cada vez mais jovens. Os principais clubes europeus vêm aqui aliciam os meninos, suas famílias e os levam ainda muito cedo para suas escolinhas de futebol. Quantos de nós já nos vimos sendo apresentados à jogadores brasileiros, completamente anônimos entre nós, nos campeonatos europeus, ou mesmo em convocações para a seleção nacional? Será que podemos considerá-los efetivamente brasileiros, em sua forma de jogar, de tratar a bola, de exibir sua técnica e habilidade? E mais, que tipo de implicação estes aspectos têm na qualidade do futebol jogado no Brasil? Como a ausência de nossos maiores craques inviabiliza a formação de novas pérolas, uma vez que não ocorre a transferência da arte futebolística aos nossos jovens talentos?

 Ao analisar tais questões, não agora, mas no longo prazo, presumimos que caso continue esta derrama, veremos sim, o fim do futebol brasileiro. Esta paixão que nos alucina, e, da qual, tanto nos orgulhamos, caminha para um destino fatal, caso persistam as condições atuais. 

 

As emissoras de televisão

As emissoras de televisão, e outros setores envolvidos, faturam milhões de dólares com o Campeonato Brasileiro, mas mantêm-se indiferentes aos acontecimentos. Fico pensando em um torneio sem Neymar e Ganso. Que graça terá? Que jogadores assistiremos? Será de novo um campeonato onde os melhores jogadores estão, em termos de idade, na situação de sub-20 e pós-30? Este ano, isto parece inevitável, mas, e para os próximos anos veremos nossos jovens valores seguirem inevitavelmente para o exterior e com eles observaremos passivamente a destruição do nosso futebol? Sabemos que a globalização nos coloca uma série de desafios, contudo, temos de começar a avaliar se os responderemos de forma altiva e resoluta, ou de maneira submissa e dependente. Por enquanto, nos humilha a dependência e a submissão.

 

 

 

 

Redação

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