ABI divulga manifesto contra censura ao novo documentário do Jornal GGN no Youtube

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Manifesto tem apoio da FENAJ, sindicatos de jornalistas, de lideranças como Dilma Rousseff e da sociedade civil

A ABI (Associação Brasileira de Imprensa), em conjunto com a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), mais sindicatos de jornalistas, o Instituto Vladimir Herzog, lideranças como a ex-presidente da República Dilma Rousseff, entre outras figuras da sociedade civil, divulgaram um manifesto em defesa da liberdade de expressão e repúdio à “censura” imposta pelo Youtube ao novo documentário do GGN, o “Xadrez da Ultradireita à Ameaça Eleitoral”, idealizado e narrado por Luis Nassif.

No total, subscrevem a carta 17 instituições e 130 membros da sociedade civil. Para eles, o documentário “é de extrema relevância para levar aos cidadãos e eleitores brasileiros informações fundamentais no momento em que eles, pelo voto direto e secreto, irão decidir o futuro do país e da nossa sociedade”.

O documentário, que teve produção de Patricia Faermann e edição de Nacho Lemus, foi lançado no Youtube em 7 de Setembro de 2022. Semanas depois, o Youtube informou ao canal TV GGN que impôs duas restrições ao vídeo: uma por idade (acima de 18 anos, alegando tratar-se de conteúdo que parece ter sido postado para “chocar os espectadores”) e outra de monetização. Na prática, as restrições limitam simultaneamente a receita e o alcance do vídeo, o que significa que menos pessoas irão receber o documentário como sugestão para assistir.

“Ao limitar o acesso por idade, desmonetizar a reportagem e excluí-la do índice dos seus vídeos, a plataforma acaba praticando a censura ao documentário, no entendimento da ABI e de todas e todos que aderiram ao documento”, diz a carta divulgada pela ABI.

Leia também:
Youtube impõe restrições ao documentário “Xadrez da Ultradireita”, de Luis Nassif

À ABI, o Youtube, através de sua assessoria de imprensa, sustentou que busca “”oferecer uma experiência adequada à idade de cada usuário. Algumas vezes um conteúdo não viola nossas regras, mas pode não ser apropriado para espectadores com menos de 18 anos.” A plataforma reconhece que a restrição “significa que o conteúdo não será exibido para usuários não logados ou com menos de 18 anos.”

A nota da ABI lembra que não é a primeira vez que o Youtube toma uma decisão unilateral e classifica o conteúdo de canais progressistas como “inadequados”. O canal Brasil 247 também foi alvo de medidas restritivas ainda mais graves, como a remoção do documentário “Bolsonaro e Adélio – Uma fakeada no coração do Brasil”.

Leia, abaixo, o manifesto em solidariedade ao Jornal GGN, divulgado pela ABI em 10 de outubro, e confira seus signatários.

Contra a censura do Youtube; em defesa da Liberdade de Expressão

A ABI (Associação Brasileira de Imprensa), a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) e demais entidades da sociedade civil e cidadãos brasileiros abaixo-assinados, que lutam e defendem o Estado Democrático de Direito e a Liberdade de Expressão, denunciamos como prática de censura as restrições impostas pela plataforma Youtube ao documentário “Xadrez da ultradireita mundial à ameaça eleitoral”.

Lamentavelmente tem se tornado prática recorrente desta plataforma restringir a veiculação de reportagens jornalísticas, tal como ocorreu, em agosto passado, quando foram retiradas do canal reportagens da *TV-247*, incluindo documentário “Bolsonaro e Adélio – Uma fakeada no coração do Brasil”, produzido pelo jornalista Joaquim de Carvalho.

Produzido pela equipe do *JornalGGN*, encabeçada pelo experiente jornalista Luís Nassif, de credibilidade indiscutível, o documentário “Xadrez da ultradireita mundial à ameaça eleitoral” é de extrema relevância para levar aos cidadãos e eleitores brasileiros informações fundamentais no momento em que eles, pelo voto direto e secreto, irão decidir o futuro do país e da nossa sociedade.  Mais do que nunca, o momento exige a veiculação de informações que ajudem cidadão/eleitores a tomar decisões conscientes em relação ao voto.

Torna-se fútil e sem sustentação fática, a alegação de que o documentário veicula cenas de violência. Na verdade, ele reporta uma dura realidade que já resultou em inúmeros assassinatos por meras divergências políticas. O documentáio simplesmente mostra a violência existente na sociedade, induzida por uma política errática do atual governo, que tem o objetivo de promover a violência. Reportar tais fatos, portanto, não é apenas um dever, mas uma obrigação do bom jornalismo. Logo, não pode ser motivo de restrições como deseja a plataforma.

Nós, abaixo assinados, entendemos que a Plataforma Youtube deve, imediatamente, revogar a decisão que tenta limitar a veiculação desse importante documentário. Somos contra qualquer forma de censura. Sempre! Antes mesmo do triste período da ditadura.

Reafirmamos aqui e agora nosso compromisso pleno com o Estado Democrático de Direito, a Liberdade de Expressão e a consequente Liberdade de Imprensa.

Link para novas adesões: https://chng.it/88tcjz2JQH

*Subscrevem*

  1. Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
  2. Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)
  3. Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD
  4. Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia – ABMMD
  5. Centro Acadêmico Benevides Paixão, (Faculdade de Jornalismo PUC-SP)
  6. Centro Acadêmico Vladimir Herzog (Faculdade Cásper Líbero, SP)
  7. Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia – CAAD
  8. Comissão de Direitos Humanos da OABRJ
  9. Federação Interestadual dos Sindicatos de Engenheiros (Fisenge)
  10. Grupo Prerrogativas
  11. Instituto Vladimir Herzog
  12. Observatório da Democracia
  13. Serviço de Paz e Justiça SERPAJ-Brasil
  14. Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ)
  15. Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo (SJSP)
  16. Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ)
  17. Sindicato dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial – Sindct

*Endossam o manifesto*

  1. Dilma Rousseff (ex-presidenta da Repúbliva Federativa do Brasil)
  2. Octávio Costa (presidente da ABI)
  3. Samira de Castro (presidente da FENAJ)
  4. Regina Pimenta (vice-presidente da ABI)
  5. Irene Cristina Gurgel do Amaral (presidente do Conselho Deliberativo da ABI)
  6. Luiz Gonzaga Belluzzo (presidente do Conselho Fiscal da ABI)
  7. Ivan Cavalcante Proença (presidente do Conselho Consultivo da ABI)
  8. Fichel Davit Chargel (Conselho Consultivo da ABI)
  9. Acioli Cancellier de Olivo
  10. Alessandra Maia (cientista política)
  11. Alexandre Navarro (Dirigente do Observatório do Democracia)
  12. Alvaro Quintão- Secretário Geral da OABRJ
  13. Ana Carolina Lima (Coordenação Executiva Nacional da ABJD)
  14. Ana Rosa Abreu (equipe de direção instituto Vladimir Herzog)
  15. Clovis Francisco do Nascimento Filho (vice-presidente do Senge RJ)
  16. Dinália de Mesquita (coordenadora da ABMMDRJ)
  17. Eleonora de Lucena (editora do site Tutaméia)
  18. Fernando Morais (jornalista,
  19. Florestan Fernandes (jornalista, ABI)
  20. Gisele Cittadino (professora associada da PUC-Rio, ABJD)
  21. Ivo Hersog
  22. Juarez Tavares (jurista)
  23. Lêno Streck (jurista, procurador aposentado e professor de Direito )
  24. Marco Aurélio de Carvalho (jurista, coordenador do Grupo Prerrogativas)
  25. Olímpio Alves dos Santos – presidente do Senge RJ
  26. Pedro Celestino Pereira (engenheiro)
  27. Rodolfo de Lucena (editor do site Tutaméia)
  28. Sérgio Gomes (jornalista, coordenador da Oboré, ABI)
  29. Silvio Luiz de Almeida (advogado, filósofo e professor universitário)
  30. Simone Castro (Procuradora da Fazenda Nacional)
  31. Ana Helena Tavares (diretora de assistência social da ABI)
  32. Geraldo Mainenti (diretor Financeiro da ABI)
  33. Lia Ribeiro (diretora de Inovação Tecnológica da ABI)
  34. Maria Luiza Franco Busse (diretora de Cultura da ABI)
  35. Marcos Gomes (diretor de Igualdade Etnico-Racial da ABI
  36. Moacyr Oliveira Filho (diretor de Jornalismo da ABI)
  37. Moysés Chernichiarro Corrêa (diretor Administrativo da ABI)
  38. Virginia Berriel – CUT/SJPMRJ
  39. Vitor Iorio (diretor de Educação da ABI)
  40. Ágata Messina (conselheira da ABI)
  41. Alexandre Medeiros (conselheiro da ABI)
  42. Ana Amelia Bartolamei Ramos (médica, ABMMD)
  43. Ana Beatriz Oliveira Laser (médica, ABMMD)
  44. Ana Brito (médica, ABMMD)
  45. Ana Célia Castro (professora da UFRJ/Vice-coordenadora do INCT/PPED)
  46. Ana Márcia Vainsencher (jornalista, ABI)
  47. Ana Maria Carvalho Rumbelsperger (médica, ABMMD)
  48. Angela Carrato (jornalista, ABI)
  49. Angela F Vieira Bueno (psicanalista. prof aposentada da UFES)
  50. Antonio Corrêa de Lacerda, (economista e professor da PUCSP)
  51. Armando Sobral Rollemberg (conselheiro da ABI)
  52. Beatriz Santacruz Chargel (conselheira da ABI)
  53. Beth Costa (jornalista, da FENAJ)
  54. Camila Marins (jornalista e editora da Revista Brejeiras)
  55. Camila Shaw (conselheira da ABI)
  56. Carlos Alberto (Beto) Almeida (Jornal Brasil Popular, conselheiro da ABI)
  57. Carlos Alberto Torelli (Aposentado)
  58. Carlos Franco (jornalista, ABI)
  59. César Bolaño (professor titular aposentado da UFS(
  60. Christina Tavares (conselheira da ABI)
  61. Claudia Regina Gabardo (jornalista, ABI)
  62. Cláudia Tavares (jornalista, diretora do SJSP)
  63. Cristina Nunes (jornalista, ABI)
  64. Cynthia de Almeida Brandão (médica, ABMMD)
  65. Debora Fontenelle (médica, ABMMD)
  66. Elaine S. Amorim Savi (psicóloga – Ensp/Fiocruz)
  67. Elane Maciel (conselheira da ABI)
  68. Eliane Faccion (jornalista, ABI)
  69. Elson Faxina (professor da UFPR, jornalista, ABI)
  70. Emílio Mira Y Lopez (médico, ABMMD)
  71. Érika Werneck (conselheira da ABI)
  72. Fábio Costa Pinto (Coletivo Inteligência Brasil Imprensa – Bahia, conselheiro da ABI)
  73. Glória Alvarez (conselheira da ABI)
  74. Guina Araújo Ramos (fotojornalista, ABI)
  75. Hélio Doyle (jornalista, ABI)
  76. Inês Melgaço (artista plástica)
  77. Ion de Andrade (médico, ABMMD)
  78. Ivete Maria Caribé da Rocha, advogada
  79. João Batista Damaceno (conselheiro da ABI)
  80. José Antônio de Oliveira Lima (médico, ABMMD)
  81. José Paulo Kupfer (conselheiro fiscal da ABI)
  82. José Reinaldo Carvalho (conselheiro da ABI)
  83. Lara Sfair (jornalista, ABI)
  84. Laurindo Lalo Leal Filho (conselheiro da ABI)
  85. Leda Beck (conselheira da ABI)
  86. Lucia Santa-Cruz (jornalista, professora universitária)
  87. Lucy Lago (Juiza do Trabalho)
  88. Luiz Cláudio Vilaça Souto (médico, ABMMD)
  89. Luiza Sansão (jornalista)
  90. Lygia Maria Collor Jobim (escritora, conselheira da ABI)
  91. Marcelo Auler (conselheiro da ABI)
  92. Maria Cristina de Oliveira Santos (Professora aposentada)
  93. Maria Helena Malta (escritora, conselheira da ABI)
  94. Maria Julia Paiva de França (psicologa)
  95. Maria Lúcia Emediato Álvares (jornalista, ABI)
  96. Maria Luiza de Carvalho Guimarães (médica, ABMMD)
  97. Maria Rita Monteiro (médica, ABMMD)
  98. Marília Magalhães Morais Freire (médica, ABMMD)
  99. Marina Gomes (psicóloga)
  100. Mário Lobato da Costa (médico)
  101. Mario Moreira (jornalista)
  102. Mario Vitor Santos (conselheiro da ABI)
  103. Mauricio Corrêa da Silva (conselheiro da ABI)
  104. Miriam Gontijo de Moraes (jornalista, ABI)
  105. Mônica Clemente Machado (médica, ABMMD)
  106. Nilo Sérgio (jornalista, ABI)
  107. Patrícia Maurício (professora e pesquisadora da PUC-Rio)
  108. Paula Trope (artista visual)
  109. Paulo Cezar Pedron (jornalista, ABI)
  110. Pedro Aguiar (jornalista, ABI)
  111. Raimundo José Arruda Bastos (médico, ABMMD)
  112. Ricardo Cavalcanti da Silva Porto (jornalista, ABI)
  113. Rita de Cássia Nardeli (jornalista, ABI)
  114. Roberto Jorge Cheib (psicanalista)
  115. Roberto Junquilho (conselheiro da ABI)
  116. Rodrigo Moreno Marques (professor da UFMG)
  117. Rosane Prates de Amorim Gutjahr (cidadã)
  118. Rosangela Alves – Economista
  119. Rosayne Macedo (conselheira da ABI)
  120. Rose Filgueiras (médica, ABMMD)
  121. Rose Nogueira (conselheira da ABI)
  122. Roseana Brito (conselheira da ABI)
  123. Roselene Alves Pereira (Palavra de Mulher Comunicação)
  124. Rui Xavier (conselheiro da ABI)
  125. Salomão de Castro (Associação Cearense de Imprensa-ACI, conselheiro da ABI)
  126. Sebastião Squirra (jornalista, ABI)
  127. Siro Darlan (conselheiro da ABI)
  128. Veronica Couto (jornalista)
  129. Vicente Alessi Filho (conselheiro da ABI)
  130. Zilda Cosme Ferreira (conselheira da ABI)

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Práticas como essa são conhecidas como “shadowban”. Não se aplica censura explícita, porém as plataformas tomam medidas autocráticas de restrição de alcance dos conteúdos, prejudicando os produtores e o público interessado. Recentemente, o escritor e youtuber Ferrez acabou de vencer uma causa impetrada contra as plataformas Instagram e Facebook, comprovando que suas publicações nessas plataformas estavam tendo uma limitação anormal de alcance, não condizente com o número de seguidores. As plataformas foram obrigadas a devolver o impulso dos conteúdos prejudicados de Ferrez e estão sujeitas a multa diária, em caso de descumprimento. A causa foi ganha pelo advogado Bruno Silvestre, que em seu twitter @cddsilvestre divulga mais informações sobre o assunto. Torço pra que o GGn consiga reverter o ocorrido e obter o alcance merecido a esse documentário tão bem executado.

  2. Isso não basta. Nassif tem que tomar medidas judiciais contra o YouTube para obrigator a empresa a levantar a censura e a indenizar o dano moral que ela causou ao violar a liberdade de imprensa.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador