Brasil descobre maior aquífero do mundo

Pesquisadores descobrem o maior depósito de água doce subterrânea da América do Sul e, provavelmente, do mundo na região amazônica. Com uma área estimada de 437,7 mil quilômetros quadrados e potencial volumétrico de 84,4 quilômetros cúbicos (84,4 trilhões de litros), o Aquífero Alter do Chão é 2,5 vezes maior que o Aquífero Guarani, mas com a vantagem de estar totalmente sob solo brasileiro.

“Tem-se certeza de que com a água desse aquífero pode-se abastecer a população mundial por algumas centenas de anos, além de proporcionar água suficiente para industria e agricultura”, avalia Milton Matta, professor que ajudou a coordenar os estudos da reserva que está sob os estados do Pará, Amazonas e Amapá. O levantamento foi feito em conjunto com pesquisadores das universidades federais do Pará e do Ceará.

O Aquífero Guarani, até agora considerado o maior reservatório subterrâneo do Brasil, e um dos principais do mundo, tem área igual a 1,08 milhão de quilômetros quadrados e reserva estática de 30 mil quilômetros cúbicos de água, conforme a última avaliação do relatório “Aquífero Guarani – Programa Estratégico de Ação”, publicado em janeiro de 2009 pelos governos dos quatro países que estão sobre o reservatório: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

O documento ajusta do Guarani em 92% da estimativa original, antes calculada em 1,18 milhão de quilômetros quadrados. O reservatório ainda é o maior em extensão, mas Alter o ultrapassa pois a espessura média da rocha que recobre o primeiro é de 700 metros, e do segundo, 545 metros.

Os padrões hidrodinâmicos de Alter do Chão, isso é, capacidade de armazenar e facilidade de circulação da água, são a chave para o potencial hídrico do aquífero. Como está localizado em profundidades menores que o Guarani, o custo de obras de captação também tende a ser menor.

Os dados sobre Alter do Chão são apenas preliminares. Matta destaca que serão necessários mais investimentos para melhorar a base de informações. O grupo trabalha na conclusão de proposta para aquisição de financiamento dividida em dois passos: primeiro à sistematização de todo material já feito sobre Alter do Chão, envolvendo cerca de 8 meses a um custo de R$ 300 a R$ 400 mil reais. Na segunda etapa, prevista para um período de 4 anos, serão levantados dados mais técnicos envolvendo verbas de US$ 5 milhões para trabalho de campo, obtenção de dados primários, levantamentos geofísicos, geológicos e hidrológicos.

O objetivo é que as informações obtidas nessa última fase sirvam como complemento do Método de Valoração Contingente, aplicado nos Estados Unidos e União Européia para valorar o uso da água.

O método também é utilizado pelos 31 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), pelo Banco Mundial e pela Organização das Nações Unidas (ONU). A precificação da água também é exigência na Declaração do Milênio-2000, que propõe a valoração dos ativos ambientais como bem econômico para geração de rende ou de serviços.

O potencial agrícola brasileiro está intrinsecamente ligado ao seu potencial hídrico. A agricultura do país consome anualmente cerca de 8 trilhões de litros de água. Estima-se que 70% da água captada pela humanidade são para atividades agrícolas, 20% para indústrias e apenas 10% para abastecimento público.

Para se ter ideia, apesar de 70% da Terra ser coberta de água, apenas 2,5% constitui-se de água doce. Desse total, 99% correspondem à parcela de águas subterrâneas, e os outros 1% ao volume de água doce superficial (rios e lagos). O Brasil tem 18% da água doce do planeta.

Redação

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