Percival Maricato
Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais
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Cada eleição é uma vitória da democracia e da civilização, por Percival Maricato

Cada eleição é uma vitória da democracia e da civilização sobre a ditadura e o atraso

Com raras exceções, uma eleição razoavelmente livre costuma ser uma vitória contra as ditaduras, da civilização contra o autoritarismo, uma aprendizagem. Nesta última no Brasil, alguns perdedores falam em divisão do país, mas ao contrário, o país nunca esteve tão integrado. Milhões de pessoas que estavam fora dos benefícios do desenvolvimento, da modernidade, do sistema político, hoje estão integradas, as regiões também participam todas desse movimento. Os que passavam fome, votavam por um prato de comida, fato que foi ignorado por décadas, hoje não existem ou são em número insignificante.

A eleições que temos tido no país revigoram a democracia e são sempre uma esperança de maior justiça e desenvolvimento no futuro. Lembremos que o país tem mais de 500 anos, mas menos de 10% desse tempo tivemos prática e portanto aprendizagem realmente democrática. Nos demais, houve inclusive escravidão contra índios e negros, que deixam traços ideológicos muito mais fortes que as práticas democráticas. Em São Paulo ainda temos estátuas de bandeirantes, considerados heróis por explorarem os sertões e alargarem fronteiras, mas também por trazerem, quando chegavam, fieiras de orelhas de índios mortos, milhares, sem contar os que vinham em grilhões.

Trata-se agora de respeitar e fazer respeitar a legitimidade dos eleitos. Pelos atos desesperados de certas mídias, verdadeiro suicídio de credibilidade, às vésperas das eleições, percebe-se que riscos sempre existem, há sempre os rejeitados inconformados prontos a virar a mesa.

Não há qualquer outra forma mais civilizada de captar vontades díspares e permitir a convivência do que eleições democráticas e transparentes.

As eleições atuais mostram também como são desprezados, não só a ditadura militar, mas os golpistas de 1964 em geral. Raramente alguns deles ou que representem suas ideologias tem tentado se candidatar a cargos majoritários. Os três candidatos, mesmo Aécio, tem raízes na oposição a ditadura. O remanescente é o DEM, que apesar de infimamente minoritário, consegue ser o que tem mais políticos fichas sujas, é a agremiação mais corrupta. Tem, ainda, um ou outro político, de destaque, como o ACM Neto. Porém até ele já fala em fusão com alguma outra agremiação, antes da extinção. Se dariam bem com o “esquerdista” PPS. Ficarão no passado, cobertos por poeira, como ocorreu após a Segunda Guerra. Um pouco de democracia no país e fomos enterrando os coronéis nos meios urbanos. Os currais do campo foram enterrados com a redemocratização mais recente.

Terminadas as eleições é hora de apoiar ou fazer oposição aos vencedores, até apoiar esta ou aquela proposta de solução de problemas. A democracia, com suas virtudes e defeitos, com os vícios terríveis dos financiamentos de campanhas, dos partidecos de aluguel e golpismos de mídia, tem que ser apoiada, sem deixar de se lutar por aperfeiçoá-la. No momento, aperfeiçoá-la é lutar pela mãe de todas as reformas, a política.

Percival Maricato

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Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais

6 Comentários

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  1. AÉCIO NÃO MORA AQUI!

    AÉCIO NÃO MORA AQUI!

       No dia 02 de Janeiro de 2015, um senhor idoso se aproxima do Palácio da Alvorada e, depois de atravessar a Praça dos Três Poderes, falou com o “Dragão da Independência” que montava guarda:

    ** “Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com o Presidente Aécio.” **
    ** O soldado olhou para o homem e disse:**
    ** “Senhor, o Sr. Aécio não é presidente e não mora aqui .”

    O homem disse: “Está bem”, e se foi.

    ** No dia seguinte, o mesmo homem idoso se aproximou do Palácio da Alvorada e falou com o mesmo “Dragão”: **

    ** “Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com o Presidente Aécio.”**

    ** O soldado novamente disse: “Senhor, como lhe falei ontem, o Sr. Aécio não é presidente e nem mora aqui .”

    O homem agradeceu e novamente se foi.
    Dia 04 de janeiro ele volta e se aproxima do Palácio Alvorada e falou com o mesmo guarda:

    “Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com o Presidente Aécio.”
    O soldado, compreensivelmente irritado, olhou para o homem e disse:
    “Senhor, este é o terceiro dia seguido que o Senhor vem aqui e pede para falar com o Sr. Aécio. Eu já lhe disse que ele não é presidente, nem mora aqui. O Senhor não entendeu?”

    O homem olha para o soldado e disse:

    “Sim, eu compreendi perfeitamente, mas eu ADORO ouvir isso!”

    O soldado, em posição de sentido, prestou uma vigorosa continência e disse: “Até amanhã, Senhor!!!”

  2. Pregam a divisão do país como

    Pregam a divisão do país como se isso fosse já sacramentado. Como se o resultado das urnas daqui a 30 dias já será esqueciso pela grande maioria dos brasileiros que votam à sua vida cotidiana normal. Apenas estes pensadores, analistas políticos, cientistas de observação é que afirmam estas asneiras pra ver se cola!

    Pra haver uma ruptura de todo um povo seria necessário que a Presidenta eleita, baseada nas porcentagens de votos recebidos, fizesse um governo assim como recebeu os sufragios das urnas. E foi exatamente o inverso disso no seu primeiro discurso. Ela chama a todos para uma união em torno de propostas que podem mudar e alavancar as políticas de participação sociale dando um verdadeiro pontapé inicial propõe a reforma política.

    Daí não cabe esta baboseira de divisão do país entre perdedores e vencedores.

  3. Furtando Aldo: Dilma venceu contra a lógica…

    Olha,  essa coisa de eleição e democracia é importante,  mas não é bem uma vitória da civilização sobre a ditadura e o atraso.

    Afinal  o que vem a ser tal de  civilizaçao?

    Seria aquela  do “modelo” europeu? O ocidental contra os “bárbaros” orientais ou contras os  “índios”, bichos do mato?

    Seria uma espécie de disputa entre os  ameríndios  nús e “selvagens” contra os  civilizados?

    Sífilis e espelho versus pau brasil e acuçar?

    Café versus Indústria?

    Lacerda versus empregados?

    E os negros? Seriam os “semoventes com banzo”  para o uso e abuso dos “civilizados”?

    Pulando para o passado: E a democracia aristotélica? Para os “cidadãos” just?

    Voltando para hoje…

    Esses termos aglutinadores podem ser  bons para “simplificar” a conversa. Mas, não nos enganemos: simplificações no campo da entendimento  das regras de convívio social podem nos levar a sérios problemas. O tema  é bem mais complexo do que uma simples “eleição democrática” na qual a “maioria” venceu e uma outra parte perdeu.

    Nessa linha, prefiro abandonar a expressão: vencedores versus derrotados.

    Nossa democraica representativa, como sabemos, não se limita ao chefe do poder executivo de qualquer uma das esferas. Vai muito além.

    Nesse “ir além” eu, particularmente,  vibro quando sua excelência cogita  algo em torno  da direta democracia.

    Bravo sua excelência, clap, clap, clap…

    Mas,  por falar em  “regras do jogo” é bom lembrar que essas  ultrapassam , camufladamente, o direito posto. Aliás,  é justamente o direito posto que as  estabelece   para os “players”.  Ou são os players que as estabelece? Ah, agora me perdi… deixa pra lá.

    A contrario sensu,  as normas positivadas é  que vão  garantir o direitos das “minorias”, razão pela qual, vence o projeto de uma  maioria  democraticamente. Todavia , as minorias , ainda continuam com seus direitos fundamentais garantidos os quais foram e serão “negociados” pelos players. Compreende?

    Um dos problemas brasileiros  passa por ai, qual seja:  o de  que a minoria, da minoria, da minoria , detém a maioria, da maioria, da maioria, do produto  nacional.

    E essa  minoria do produto nacional , que votou e que acha que é maioria,  fica brigando pelo restante do produto. Alguns idiotas , mentecptos, participantes da minoria – às vezes taxados de “classe média” –  ainda compram essa briga em   seu próprio desfavor. Como podem ser tão idiotas e  desavisados assim!? 

    Enfim,   diante de um problemão histórico e ainda com a ajuda de mentecaptos que agem contra si mesmos,  nossa democracia acaba enfrentando batalhas entre imbecis cujos “civilizados” ficam de longe observando fomentando a imbecilidade.

    Como disse o r. Aldo ontem , diante de uma plateia( com exceção)  que não merece participar de uma talk entitulado “roda viva”: Dilma venceu contra a lógica. Professor esperto esse Aldo!

    Saudações

     

    Sugestão: O lobão, grande músico,  deveria compor uma nova música para o talk.

  4. agora o que falta é convencer

    agora o que falta é convencer os subjugados

    e raivosos

     habitantes dos  currais do hegemonico coronelismo eletronico.

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