Centro-oeste distancia PT do histórico de disputa aos governos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

 
Jornal GGN – Ao contrário da região nordeste, onde o PT foi fator decisório para eleger os seus candidatos ao governo neste segundo turno, a região centro-oeste teve o predomínio de vitórias tucanas.
 
Em Goiás, Marconi Perillo (PSDB) foi reeleito por 57,44% dos votos, derrotando o candidato Iris Rezende (PMDB), que obteve 42,56% dos eleitores. Esse é o quarto mandato do tucano no estado. 
 
Ainda que tenha levado as votações a segundo turno, o candidato eleito teve expressiva votação na primeira rodada de votações, atingindo 45,86%. Um valor alto se comparado a de Iris Rezende, que obteve 28,40%. 
 
Marconi assumiu o governo de Goiás em 1998, assim que filiou-se ao PSDB, e foi reeleito no mandato seguinte, em 2002. Nesse hiato, elegeu-se senador em 2006, voltando à disputa do governo em 2010. 
 
Outro estado da região centro-oeste que elegeu representantes do PSDB foi Mato Grosso do Sul. O tucano Reinaldo Azambuja obteve 55,34% dos votos, contra 44,66% de Delcídio do Amaral (PT). A vitória foi mais folgada do que o esperado, já que terminou o primeiro turno atrás do candidato petista. 
 
É a primeira vez que o PSDB assume o Executivo de Goiás, deixando o PMDB fora depois de dois mandatos seguidos de André Puccinelli. A eleição Azambuja quebra o ciclo de 15 anos em que ocorre a alternância do poder entre PT e PMDB no estado.
 
A campanha entre Delcídio e Reinaldo foi marcada pela troca de acusações. O petista acusou Reinaldo de problemas na gestão dele quando foi prefeito de Maracaju, em 1996 e em 2000, apontou seu envolvimento com a máfia do hospital do câncer e de tentar beneficiar outros estados com a arrecadação ICMS da importação do gás da Bolívia.
 
O racha do PMDB no segundo turno deu a Reinaldo Azambuja o apoio de deputados estaduais e federais, da senadora eleita Simone Tebel e do candidato a governo que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, Nelsinho Trad.
 
Durante o discurso, o governador eleito de Mato Grosso do Sul declarou a necessidade de estreitar as relações com o governo de Dilma Rousseff: “Acho que nós temos que trabalhar as relações com o governo federal, que tem que dar mais atenção para as questões estaduais, como a segurança nas fronteiras [Brasil e Bolívia] e a infraestrutura do Estado”, disse.
 
O Distrito Federal também levou os candidatos a governo à disputa do segundo turno. Rodrigo Rollemberg (PSB) foi eleito com 55,56% dos votos, contra 44,44% de Jofran Frejat (PR).
 
A eleição na capital do país traz como histórico a renúncia da candidatura do ex-governador José Roberto Arruda (PR), que foi condenado por improbidade, no esquema de corrupção conhecido como Mensalão do DEM, e deixou a tentativa de se eleger pela Lei da Ficha Limpa. 
 
A vitória de Rollemberg já era esperada, pelas pesquisas eleitorais. Tanto o Ibope, como o Datafolha mostravam o levantamento de 55% das intenções de voto para o candidato pelo PSB e 45% para Frejat.
 
Por outro lado, o seu histórico não é de conquistas no governo. Em 2002, o candidato tentou a disputa mas ficou em quarta colocação, com apenas 6,79% dos votos. 
 
Dessa vez, apesar de não contar com o apoio do PSDB no início da campanha, já que levou o nome do tucano Luiz Pitiman à disputa, no segundo turno obteve o apoio do partido, além de ter sido determinante para a sua vitória a renúncia da candidatura de Arruda, na reta final da primeira votação.
 
Leia também: 
 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Quem mora ou morou no

    Quem mora ou morou no Centro-Oeste sabe do conservadorismo arraigado dos cidadãos dessa região. Em MT, por exemplo, durante muito tempo o PT foi visto como o diabo na terra do Sol. Cuiaba nunca conseguiu fazer um prefeito petista. Outro fator é que esses estados são muito controlados pela imprensa-oposição. A rede globo, através de suas filiadas, tem presença forte nesses estados, onde, à exemplo de Goias, politica, justiça,empresarios (da imprensa também) se misturam levianamente e irresponsavelmente. A população, via de regra, é condicionada a acreditar na pregação sem fim de radios e telejornais. A imprensa escrita, mera fotocopia dos jornalões, é uma lastima também. 

  2. O grande erro do Agnelo

    O grande erro do Agnelo não é original, ele cometeu o mesmo pecado da Ana Júlia (também petista), ao ser eleita governadora do Pará em 2006: ao invés de colocar servidores de carreira e gestores de caráter técnico em postos que assim o exigem, ela nomeou para cargos fundamentais políticos sem experiência em gestão administrativa e em serviço público.

    Isso faz o andamento do serviço “enrolar”, pois sem familiaridade com os meandros do serviço público e o andamento da burocracia esses políticos não conseguem planejar, discutir e tocar políticas públicas, obras e serviços.

    Prova maior disso é que pra desenrolar as inúmeras obras que estavam paralisadas ou andando a passos lentos aqui no DF a Dilma teve que liberar o Swedenberger Barbosa da Secretaria-Geral da Presidência da República, para que ele assumisse a Casa Civil e a Junta de Execução Orçamentária do DF. Berger assumiu a Casa Civil do DF em março de 2012. Até então o Agnelo não havia achado um único correligionário com capacidade pra destravar tudo em seu governo…

  3. Acho estranho este gasoduto

    Acho estranho este gasoduto que vem da Bolívia, pois passa por várias cidades do Estado de SP e não as beneficia, fica apenas passando pela tubulação embaixo da terra. Nos outros estados não sei como se dá.

     

  4. O centro-oeste é onde há o

    O centro-oeste é onde há o agronegócio com mais força. São terras e mais terras adquiridas por preços “bagaletas” e onde a escravidão no campo, ainda, é muito presente.

  5. Eleições no Centro Oeste

    Em Cuiabá venceu o candidato do PDT. Em Mato Grosso derrotas do PT ou de forças progressistas não podem ser creditadas apenas a força que o agronegocio tem. Essa responsabilidade, tem a ver com a estrutura ou falta dela, no partido. As disputas internas desmontaram o partido, e as  outas forças não encontram adversários.

  6. Atraso político

    O atraso político do centro oeste dá pena! Tem que aprender com o nordeste e Minas. Embora o governo Federal tenha sido generoso com a oposição, nos próximos quatro anos esse governadores do centro oeste irão sofrer muito. Alguém acredita que, embora na base de apoio,  dá para apoiar um Pedro Taques (ou Tax)? Goiás com Perillo e cia?. O Mato Grosso do Sul fez o certo. Esse candidato do PT não representa ideologicamente ou na postura o partido. Se é para eleger um candidato da direita é melhor escolher o originail.

     

  7. Atraso político

    O atraso político do centro oeste dá pena! Tem que aprender com o nordeste e Minas. Embora o governo Federal tenha sido generoso com a oposição, nos próximos quatro anos esse governadores do centro oeste irão sofrer muito. Alguém acredita que, embora na base de apoio,  dá para apoiar um Pedro Taques (ou Tax)? Goiás com Perillo e cia?. O Mato Grosso do Sul fez o certo. Esse candidato do PT não representa ideologicamente ou na postura o partido. Se é para eleger um candidato da direita é melhor escolher o originail.

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador