Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
[email protected]

Confusão política, fascismo e caos institucional, por Aldo Fornazieri

Confusão política, fascismo e caos institucional

por Aldo Fornazieri

A confusão política está instaurada no país e perpassa as esquerdas e chega à centro-direita. As esquerdas estão demorando em demasia para formar uma frente antifascista, não para concorrer às eleições, embora isto fosse desejável, mas para defender a democracia e para barrar a violência política que ameaça as suas lideranças. Algumas iniciativas positivas, contudo, se revelaram nos últimos dias: a presença de Boulos e de Manuela D’Avila no encerramento da caravana de Lula e Curitiba e o ato que se fará no Rio de Janeiro com os partidos de esquerda e progressistas em repúdio ao fascismo e em defesa da democracia. Ciro Gomes precisa ser convidado e precisa participar dessa frente.

Mas é nas análises que setores de esquerda continuam a semear confusão. Uns temem que as eleições de 2018 possam não ocorrer. Como já se disse em outros artigos, não há nem ambiente interno e nem internacional para que as eleições não ocorram. O Brasil precisa relegitimar o comando político quase que desesperadamente. Não há a menor condição de continuar com Temer ou com um substituto de Temer para além deste ano. Se a situação política e institucional está caótica, a economia entraria em nova recessão. A não eleições geraria ainda mais incertezas do que a sua realização está gerando.

É improvável que a detenção dos amigos de Temer (com a posterior soltura) tenha força suficiente para afastá-lo do poder. Não porque Temer seja forte. O governo acabou quando foi decretada a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro. Mesmo com o governo acabado, tirar Temer não interessa a um conjunto de forças, notadamente ao PMDB. Tudo incerto com Temer, as incertezas ficariam maiores sem ele. Ninguém vai querer arriscar.

Note-se que a intervenção no Rio fracassou. Não porque as Forças Armadas sejam incompetentes, mas porque não têm muito o que fazer naquela situação. Foram chamadas, de forma oportunista e eleitoreira, para uma missão que não é sua. Até agora, no período que marca a intervenção, se tem a execução de Marielle e uma montanha de cadáveres.

A centro-direita (PSDB e agregados) está atônita. Não tem credibilidade. As confusões de Alckmin acerca dos atentados à caravana de Lula deixou muita gente perplexa. Depois da execução de Marielle, FHC vê risco de fascismo, de barbárie, o que é verdade, e apela para a unidade. Mas ele e o PSDB foram artífices da quebra do consenso democrático ao apoiarem o golpe. Perdidos, buscam uma tábua de salvação. Sua confusão deverá aumentar se Joaquim Barbosa se tornar candidato.

Outra confusão se situa nas expectativas em torno dos desdobramentos que envolvem Lula. As esquerdas continuam mobilizando as base em atos convocados  para os 45 minutos da vigésima quarta-hora, quando não para a vigésima quinta, como foi o caso da reforma da Previdência. Há uma confiança excessiva de que Lula levará o habeas corpus e que possa ser candidato às eleições. Não se o que fazer se o HC for negado. A única coisa que parece estar corretamente definida, mas que vem sendo questionada por setores petistas, é a de que Lula será candidato até o fim, mesmo que esteja preso.

Mas é preciso não jogar Lula na vala comum de  Temer e de outros investigados na Lava Jato. Alguns analistas escreveram que o ministro Barroso, do STF, é inimigo comum de Lula e de Temer. Trata-se de um erro brutal qualquer aliança tática com os criminosos do PMDB – agora MDB – para enfrentar a Lava Jato. Se é para enfrentá-la, o PT e as esquerdas precisam enfrentá-la sozinhos. Sem se misturarem com golpistas.

Lula deve ser defendido porque é inocente e porque foi condenado sem provas. Já, Temer e sua quadrilha, vêm cometendo crimes de corrupção no Porto de Santos há anos, segundo investigações. Não deve ser defendido. Se são vítimas de erros judiciais, que se defendam. A confrontação à Lava Jato deve ser feita pelos seus erros e não por seus acertos. Deve ser confrontada pelo seu caráter persecutório, pelos seus atos de exceção e pela violação dos direitos e das leis. O jejum de Dallagnol para ver Lula preso, além de ser ridículo, prova, mais uma vez, o caráter persecutório da Lava Jato. É urgente, contudo, que as esquerdas se reapropriem da bandeira do combate à corrupção – inclusive da corrupção do Judiciário, nas várias formas e na forma de seus privilégios – por todos os danos que a corrupção causa ao povo e ao país.

Base paramilitar do fascismo

Não resta dúvida de que os grupos que se articulam em torno da candidatura Bolsonaro, do MBL, do Vem Pra Rua, do Ceticismo Político e de outros movimentos, estão constituindo as bases políticas do fascismo no Brasil. Mas a execução de Marielle e os atentados contra a caravana de Lula estão indicando que o fascismo está passando de uma fase política para uma fase paramilitar. Dois grupos armados são facilmente mobilizáveis para constituir milícias paramilitares fascistas: 1) os milicianos, particularmente no Rio de Janeiro, e grupos de  policiais militares e civis que atuam à margem da lei ou na linha limítrofe entre o legal e o ilegal em vários estados; 2) fazendeiros e agroboys, que sempre foram armados.

Numa situação de caos político e institucional, de anomia social, de crise econômica e, diante da percepção de que dificilmente a extrema direita chegará ao poder pela via das eleições, a opção paramilitar poderá ser incrementada. E, mesmo admitindo-se a hipótese, hoje improvável, de vitória de Bolsonaro, a organização de milícias paramilitares fascistas seria ainda mais facilitada. Existe um colapso da noção de autoridade, pois Executivo, Legislativo e Judiciário estão desmoralizados e boa parte dos cidadãos não acredita em saída política. Esta é uma massa disponível para ser manobrada pela ideologia fascista. Daí a urgência de articular uma frente e adotar medidas antifascistas e de defesa da democracia.

Caos Institucional

Depois que a crise varreu o Executivo e o Legislativo, o Judiciário se instituiu em artífice do caos constitucional e institucional. Era o único poder que poderia usar o freio de arrumação. Mas ao invés disso, soltou o freio e jogou o país rumo ao abismo. Validou e ele mesmo promoveu inúmeros ataques à Constituição: não reagiu a um impeachment sem  crime de responsabilidade, chancelando o golpe; de forma inescrupulosa, o STF, com o prego derradeiro de Cármen Lúcia, abriu mão do poder de controle constitucional da própria Corte para salvar Aécio Neves, conferindo poder judicial ao Senado; contra a Constituição, validou a prisão após condenação em segunda instância derrubando o princípio da presunção de inocência; no caso Maluf, dois ministros negaram o habeas corpus e um o concedeu; Cármen Lúcia se negou a colocar novamente em exame o instituto inconstitucional da prisão após segunda instância por interesse pessoal de prejudicar Lula; uma turma do STF mantém a prisão de condenados em segunda instância e a outra manda soltá-los, e assim vai. São dezenas de atos ilegais e contra a Constituição cometidos pelo STF e por juízes de tribunais inferiores.

É preciso perceber o seguinte: qualquer Suprema Corte tem o poder de criar norma onde há vácuos, fendas, na Constituição e nas leis. Mas nenhuma Suprema Corte pode criar normas contra a Constituição, contra sua letra e contra o seu espírito, sua intenção e seus princípios. O STF está criando normas contra a Constituição, está interpretando contra o espírito e a letra da Constituição e está julgando contra a Constituição.  Isto é o fim da ordem constitucional. É o caos institucional.

O fim, a desmoralização da autoridade constitucional e judiciária é campo fértil para o crescimento do fascismo. Neste momento trava-se uma luta tenaz entre a democracia e o fascismo. Se os democratas forem ingênuos, se acreditarem num judiciário corrompido, desmoralizado e tomado de ideologia, o que resta de democracia correrá riscos terríveis. Por outro lado, não se pode crer que os fascistas utilizarão métodos democráticos e pacíficos na luta política. É preciso preparar-se e organizar-se para detê-los.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP)

 
Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

17 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Ontem observando uma criança
    Ontem observando uma criança desenhando sobre papėis descartados notei um texto….ao verificar, vi que era sobre o golpe da dėcada de 30….noutra folha um texto sobre o golpe da década de 50, que levou vargas ao suicidio….noutra folha um texto sobre o golpe da década de 60 que de tão duradouro, a impressao de que, com o retorno da democracia, seria impossivel novo golpe.

    Melhor pensarmos nos golpes deste século, pois o século passado está farto de golpes….

    Golpe de 2016: vai durar quanto tempo para que, após o retorno da democracia, novo golpe seja dado

    ?????

    Como a média ė de um golpe a cada 20 anos,ėtão logo volte a democracia, façamos a recontagem…

  2. Blog 247

    Alguns jornalistas do Blog 247 deveriam ler com atenção os comentários desse post do Prof. Fornazieri e se preocuparem mais com o avanço do facismo e dos corruptos golpistas do que com eventuais atos falhos do STF. Falhas pontuais de ministros nesse momento mesmo que reprováveis não são comparáveis nem de perto aos caos que os golpistas e facistas instalaram no país. Alguns dos principais articulistas do 247 mesmo bem intencionados, agem como se vivessemos numa situação de normalidade e não é.

  3. Confusão política, fascismo e caos institucional

    -> Como já se disse em outros artigos, não há nem ambiente interno e nem internacional para que as eleições não ocorram. O Brasil precisa relegitimar o comando político quase que desesperadamente.

    as Eleições de 2018 serão para sempre longe demais.

    mas isto não implica que elas não se realizarão, é apenas uma metáfora com a operação Market Garden, na II Guerra. então sabia-se que estava fadada ao fracasso, mas a real soberba britânica se impôs causando em vão dezenas de milhares de baixas.

    o mesmo ocorreu com o movimento Não Vai ter Copa, que afinal se confirmou. nunca se tratou da não realização da Copa de 2014, o que era impossível de se impedir. mas a Copa foi um fracasso em todos os sentidos, exceto é claro para a FIFA e as empreiteiras, com todos os seus consorciados.

    as Eleições de 2018 acontecerão como uma farsa destinada apenas a legitimar o Golpe de 2016.

    sendo assim, a Esquerda jamais deveria contribuir para tal. evidentemente a opção correta não é simplesmente não participar das eleições, o que também seria fortalecer o golpe. é preciso usar o espaço político aberto pelas eleições tanto para denunciá-las como para avançar na mobilização e organização da sociedade.

    as eleições, sejam elas quais forem, são um momento importante de uma luta política, mas que em muito as ultrapassa.

    neste sentido, a candidatura Boulos parece se configurar em sentido oposto, mais uma vez carreando os movimentos sociais para uma via parlamentar e eleitoral.

    -> A centro-direita (PSDB e agregados) está atônita. Não tem credibilidade.

    a Direita não tem projeto, ou sequer proposta, para o Brasil. nunca teve, a rigor. jamais existiu neste país qualquer coisa remotamente assemelhada a uma “burguesia nacional”. e o tiro que Getúlio desferiu contra o peito deveria ter sido o ponto final neste ilusão.

    -> Há uma confiança excessiva de que Lula levará o habeas corpus e que possa ser candidato às eleições.

    talvez a confiança seja filha do desespero. afinal, sem Lula e sem a via eleitoral o que fariam?

    as Esquerdas orbitando em torno de Lula (o arco de forças denominado de Lulismo) se negam a expandir a política além do parlamento e das articulações de cúpula.

    com o Golpe de 2016 tudo isto desabou. aliás, o mesmo já ocorrera em 1964 com Jango e em 1968 com a Frente Ampla. ilusões, apenas ilusões. cognição dissonante.

    -> Alguns analistas escreveram que o ministro Barroso, do STF, é inimigo comum de Lula e de Temer. Trata-se de um erro brutal qualquer aliança tática com os criminosos do PMDB – agora MDB – para enfrentar a Lava Jato.

    a luta de classes se dá também entre frações de classe, inclusive no setor dominante. em política todo simplismo é fórmula certa para a derrota. não se trata de “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”.

    muito pelo contrário até. Bolsonaro pode ser inimigo de meus inimigos, nem por isto será nosso “amigo”.

    este tipo de análise desconsidera os interesses econômicos determinantes na luta pelo exercício do poder, e não apenas do poder político-institucional.

    assim como a Ditadura nunca foi dos militares, tendo sido estes apenas os gestores de um regime autoritário a serviço do grande capital, principalmente o internacional.

    do mesmo modo, não existirá uma Ditadura do Judiciário, sendo os magistrado os atuais operativos de mega interesses globais que em muito os sobrepõe e a eles pauta inteiramente.

    o que falta a Esquerda é nomear em alto e bom som, de modo claro e incisivo, quem são nossos inimigos: o Capital global financeirizado.

    cujos representantes no Brasil são os bancos, os rentistas e todo o grande empresariado, dado o nível de financeirização das grandes empresas.

    -> É urgente, contudo, que as esquerdas se reapropriem da bandeira do combate à corrupção

    não existe incompatibilidade entre ética e política. esta incompatibilidade pertence exclusivamente ao âmbito da política do setor dominante.

    um dos maiores erros da Esquerda brasileira foi deixar a Direita se apropriar da bandeira da luta contra a corrupção. pois sendo a corrupção endógena ao Capitalismo a luta contra ela é obrigatoriamente uma luta contra o Capitalismo.

    mas talvez tenha sido exatamente por isto que a Esquerda brasileira largou mão desta bandeira…

    -> fascismo está passando de uma fase política para uma fase paramilitar

    a crise estrutural do Capitalismo exige uma solução fascista. assim como impõe a Guerra.

    ao atingir seus limites dentro de uma crise estrutural, o Capitalismo só consegue se reciclar através da destruição maciça de forças produtivas e do completo abandono da Democracia liberal representativa.

    só que as armas de destruição em massa impedem a via pela qual o capital superou a Crise de 1929.

    para piorar, nenhum neo-keynesianismo do tipo encaminhado pela China, via OBOR, será viável dado a avançada deterioração das condições ecológicas, com uma irreversível mudança climática em curso, e o esgotamento dos recursos naturais.

    há claros limites para uma inclusão social (ou seja: uma expansão do mercado consumidor).

    -> As esquerdas estão demorando em demasia para formar uma frente antifascista, não para concorrer às eleições, embora isto fosse desejável,

    uma Frente Anti-Fascista deve ser fundada no reconhecimento dos repetidos erros cometidos, tanto pelo Lulismo quanto pelo conjunto da Esquerda. erros várias vezes apontados. e também várias vezes anunciada sua mais terrível consequência: o golpe e o fortalecimento do fascismo.

    este é o alicerce de uma autêntica Frente Anti-Fascista.

    do contrário, é apenas cortina de fumaça para dar suporte à candidatura Lula (ou aquele que este indicar como o poste da vez).

    uma Frente Anti-Fascista obrigatoriamente também deve ser uma Frente Anti-Capitalista, ainda mais numa conjuntura, nacional e global, na qual todas as contradição estão hiper acirradas.

    o que parece óbvio, e justo por isto muito difícil de aceitar, é que os desafios do tempo em que vivemos estão muito além da capacidade que temos demonstrado de não apenas enfrentá-los como sequer de entendê-los.

    .

  4. Efeito Orloff ou: O Egito ė aqui…
    Vou repetir aqui o que comentei noutro post…

    http://observatoriodaimprensa.com.br/mercosul/o-efeito-orloff/

    As eleiçőes, se existirem, serão um jogo de cartas marcadas….como dizem, pra egipcio sic inglês ver:

    O Egito é aqui…

    No Egito o ditador Al Sissi, candidato odiado pela população, tem tido mais de 90 por cento dos votos….isto tem sido possivel pq ele Sissi vem tendo sua candidadura viabilizada graças a exclusão de candidatos competitivos: depois da prisão do lider da Irmandade Muçulmana, outros candidatos que se mostraram viåveis nas eleições seguintes também foram presos…

    …diante desse quadro, mais da metade da populaçāo tem deixado de sair de casa pra votar…há muita censura, fraude e abusos, como por exemplo miilitares estuprando garotas presas por terem criticado o regime que tem no armårio muitas mortes e mais de 50 mil presos politicos.
    No Egito o ditador Al Sissi, candidato odiado pela população, tem tido mais de 90 por cento dos votos….isto tem sido possivel pq ele Sissi vem tendo sua candidadura viabilizada graças a exclusão de candidatos competitivos: depois da prisão do lider da Irmandade Muçulmana, outros candidatos que se mostraram viåveis nas eleições seguintes também foram presos…

    …diante desse quadro, mais da metade da populaçāo tem deixado de sair de casa pra votar…há muita censura, fraude e abusos, como por exemplo miilitares estuprando garotas presas por terem criticado o regime que tem no armårio muitas mortes e mais de 50 mil presos politicos…

    Efeito Orloff

    …qualquer semelhança com aquilo que serå o Brasil dentre em breve, nāo terå sido mera coincidência: com o STF e tudo junto…

  5. Esse caos é fabricado.

    E por falar em Ciro Gomes… Disseram-me que a palestra que ele deu numa sala da Sorbonne para um publico majoritario lusofano beirou o histrionismo. Infelizmente eu não pude ir, então relato o que minha amiga Aurea viu e ouviu. Segundo ela, Ciro Gomes fez toda sua palestra sem falar diretamente de politica. Como se ele tivesse receio que em algum momento o pressuposto preparado publico estudantil pariense dissesse que era um demagogo, um charlatão, um traidor. Então, Ciro preferiu falar sobre litaratura e poesia portuguesa, citando Fernando Pessoa, do que propriamente de politica e dos problemas brasileiros. E quando Aurea se manifestou, perguntando sobre o golpe, assissanato de Marielle, perseguição de Lula, entrega do pré-sal e o caos no Brasil, Ciro Gomes fez nada mais que abanar a cabeça. Não disse ui. Não sei se da para se esperar algo dai.

  6. Um texto com tal densidade e

    Um texto com tal densidade e preocupações merece uma análise mais detida.

    Ei-la:

    “A confusão política está instaurada no país e perpassa as esquerdas e chega à centro-direita. As esquerdas estão demorando em demasia para formar uma frente antifascista, não para concorrer às eleições, embora isto fosse desejável, mas para defender a democracia e para barrar a violência política que ameaça as suas lideranças. Algumas iniciativas positivas, contudo, se revelaram nos últimos dias: a presença de Boulos e de Manuela D’Avila no encerramento da caravana de Lula e Curitiba e o ato que se fará no Rio de Janeiro com os partidos de esquerda e progressistas em repúdio ao fascismo e em defesa da democracia. Ciro Gomes precisa ser convidado e precisa participar dessa frente.

    Réplica: Não, não há confusão da centro-direita. Aliás, a própria noção de que há um “centro” na direita já nos avisa o quanto confuso estamos. Outro erro: A defesa da Democracia. Qual Democracia? Desde quando eleição formal e pacto constitucional e relativa “liberdade de expressão” (seguramente vigiada pelo aparto midiático-jurídico-policial) garante que vivemos em uma Democracia. Desde a sua criação, em 1822 (outros dizem 1808), o Estado brasileiro nunca teve qualquer traço democrático em suas estruturas voltadas a garantia da desigualdade descomunal aqui, que por óbvio, resultou em déficit de poder político permanente às classes pobres. Até hoje! Não existe frente antifascista, hhistoricamente toda e qualquer tentativa desse tipo de frente falhou clamorosamente, até a heróica tentativa espanhola. Qualquer frente deve ser anticapitalista, e aí, claro, nomes como Ciro Gomes certamente vão ter que estar do outro lado, como de fato é o seu lugar.

    “Mas é nas análises que setores de esquerda continuam a semear confusão. Uns temem que as eleições de 2018 possam não ocorrer. Como já se disse em outros artigos, não há nem ambiente interno e nem internacional para que as eleições não ocorram. O Brasil precisa relegitimar o comando político quase que desesperadamente. Não há a menor condição de continuar com Temer ou com um substituto de Temer para além deste ano. Se a situação política e institucional está caótica, a economia entraria em nova recessão. A não eleições geraria ainda mais incertezas do que a sua realização está gerando.”

    Réplica: Qualquer calouro de Ciência Social sabe que o Capital não necessita e nunca necessitou de “eleições livres” (ou qualquer outro rótulo do gênero) para legitimar suas escolhas geopolíticas. Muito menos nossas elites. Aliás, olhando a História de forma ampla, poderemos perceber que, de tempos em tempos, são justamente a supressão das chamadas liberdades democráticas (outro slogan de alguma prateleira de algum CEO global) que determinam a continuidade dos estamentos da desigualdade ao redor do planeta, o que mantém as elites globais onde sempre estiveram, ou seja, no controle. A própria eleição de Trump é exemplo acabado de como os processos representativos chegaram ao limite da inutilidade para os donos do dinheiro. Justa e fundada causa revela que a eleição do pateta alaranjado passou pelo balcão dos algoritmos, e não pela escolha “livre” do povo de lá. E olha que ainda assim, foi eleito pela minoria, como George Bush Jr.

    A construção do ambiente de medo (“violência, violência, violência”), a intervenção (e sua ineficência para conter o caos da “violência”), a pauta cotidiana da mídia (“violência”), o descontrole, a incapacidade do poder político em responder, a necessidade de ampliar o combate a corrupção dos políticos (mais repressão judicial) revela que a tese da postergação ad infinitum das eleições está na pauta do dia.

    Um texto aqui no blog sobre Alckimin (que eu celebro como o melhor já escrito até aqui) é um bom argumento para ser lido.

    É improvável que a detenção dos amigos de Temer (com a posterior soltura) tenha força suficiente para afastá-lo do poder. Não porque Temer seja forte. O governo acabou quando foi decretada a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro. Mesmo com o governo acabado, tirar Temer não interessa a um conjunto de forças, notadamente ao PMDB. Tudo incerto com Temer, as incertezas ficariam maiores sem ele. Ninguém vai querer arriscar.

    Réplica: A detenção dos amigos de Temer nada tem a ver com sua desestabilização. Foi so jogo de cena, porque todos ali sabem que o processo vai trancar do STF quando da arguição de que os fatos apurados são anteriores ao mandato presidencial. Temer sabe que entrou para não ter estabilidade, mas sim para fazer os ajustes para a transição anti-democrática. Claro que no meio do jogo, ele não deixou de tentar angariar apoios para ser ele o “timoneiro”. Só que sua ação e sua vida pregressa o limitam, assim como o apetite das outras facções dos sabujos que brigam para saber quem será o mais sabujo entre eles, frente ao caiptal global. As “oportunidades” são colossais. O “Botafogo” esteve há poucos meses nos EUA, tentou captar grana e apoio para ganhar a Presidência, e deu a Previdência como moeda de troca. Os EUA não apostam em um cavalo só, e deram sinal verde para ele. Só que o Temer antecipou e tascou-lhe uma intervenção. Também o Temer recebeu sinal verde dos EUA, onde aliás, como em todo jogo capitalista, tem várias facções em disputa também.Moreira, que joga com Temer e com seu genro (Botafogo), ganha dos dois lados. Se Temer seguir, e se Botafogo tomar o lugar dele. Então, ele dá uma no cravo e outra na ferradura. Alimenta o caos com a intervenção, sabendo que ela dará em nada, ou pior, vai justificar o clima de que precisamos de uma intervenção ainda mais dura (Estado de Defesa), adiamento das eleições e prorrogação dos mandatos, com escolha indireta do presidente ou manutenção de Temer.

    Note-se que a intervenção no Rio fracassou. Não porque as Forças Armadas sejam incompetentes, mas porque não têm muito o que fazer naquela situação. Foram chamadas, de forma oportunista e eleitoreira, para uma missão que não é sua. Até agora, no período que marca a intervenção, se tem a execução de Marielle e uma montanha de cadáveres.

    Réplica: Aqui a pior parte do texto. A intervenção não fracassou. Ela está cumprindo rigorosamente a agenda desejada e planejada por todas as facções envolvidas. Não se trata de incompetência ou competência das FFAA. A exacerbação e repúdio (muitos justos aliás) acerca da morte da vereadora só ajudam no clima de que “tudo está fora de controle, apesar dos militares”. Essa tese vai dar azo a noção de que os militares precisam de mais poder e força, e que os políticos e suas decisões atrapalham os militares e o judiciário a promovorem a “limpeza” que tanto necessitamos.

    A centro-direita (PSDB e agregados) está atônita. Não tem credibilidade. As confusões de Alckmin acerca dos atentados à caravana de Lula deixou muita gente perplexa. Depois da execução de Marielle, FHC vê risco de fascismo, de barbárie, o que é verdade, e apela para a unidade. Mas ele e o PSDB foram artífices da quebra do consenso democrático ao apoiarem o golpe. Perdidos, buscam uma tábua de salvação. Sua confusão deverá aumentar se Joaquim Barbosa se tornar candidato.

    Réplica: Aqui vou apenas indicar o link do texto sobre Alckimin que está nesse blog hoje. Não vale o esforço de repetir o ótimo texto:

    https://jornalggn.com.br/blog/dalmoro/so-sobrevivera-quem-nao-reagir-alckmin-e-os-proximos-passos-do-golpe-por-daniel-gorte-dalmoro

    Outra confusão se situa nas expectativas em torno dos desdobramentos que envolvem Lula. As esquerdas continuam mobilizando as base em atos convocados  para os 45 minutos da vigésima quarta-hora, quando não para a vigésima quinta, como foi o caso da reforma da Previdência. Há uma confiança excessiva de que Lula levará o habeas corpus e que possa ser candidato às eleições. Não se o que fazer se o HC for negado. A única coisa que parece estar corretamente definida, mas que vem sendo questionada por setores petistas, é a de que Lula será candidato até o fim, mesmo que esteja preso.

    Réplica: Olha, Lula já está preso, e faz tempo! Desde 2006, quando ignorou o que se passava na ação 470. Boa parte da esquerda idem, quando repetiu ad nauseam que o PT e Lula estavam pagando por sua relação promíscua com a direita representada no MDB, e justamente nos golpistas que derrubaram o PT, Dilma e Lula. Ou seja, aquela esquerda que hoje clama por reação, ajudou a criminalizar a política de alianças (sim, elas eram horríveis, mas eram a expressão de uma política que existia e que, de alguma forma, era a possível).

    Todos nós, eu repito, todos nós adulamos e embalamos a serpente que agora nos aperta e sufoca.

    A situação chegou a tal ponto que o Capital sabe que Lula pode até ser candidato, e ganhar as eleições, porque seu mandato e os limites de sua ação dentro do atual ambiente já estão colocados:

    – Para não ser confirmada sua condenação, sua prisão, sua eleição, e enfim, sua posse e mandato, tudo terá que ser negociado no balccão do mercado!

    Mas é preciso não jogar Lula na vala comum de  Temer e de outros investigados na Lava Jato. Alguns analistas escreveram que o ministro Barroso, do STF, é inimigo comum de Lula e de Temer. Trata-se de um erro brutal qualquer aliança tática com os criminosos do PMDB – agora MDB – para enfrentar a Lava Jato. Se é para enfrentá-la, o PT e as esquerdas precisam enfrentá-la sozinhos. Sem se misturarem com golpistas.

    Lula deve ser defendido porque é inocente e porque foi condenado sem provas. Já, Temer e sua quadrilha, vêm cometendo crimes de corrupção no Porto de Santos há anos, segundo investigações. Não deve ser defendido. Se são vítimas de erros judiciais, que se defendam. A confrontação à Lava Jato deve ser feita pelos seus erros e não por seus acertos. Deve ser confrontada pelo seu caráter persecutório, pelos seus atos de exceção e pela violação dos direitos e das leis. O jejum de Dallagnol para ver Lula preso, além de ser ridículo, prova, mais uma vez, o caráter persecutório da Lava Jato. É urgente, contudo, que as esquerdas se reapropriem da bandeira do combate à corrupção – inclusive da corrupção do Judiciário, nas várias formas e na forma de seus privilégios – por todos os danos que a corrupção causa ao povo e ao país.

    Réplica: “É urgente, contudo, que as esquerdas se reapropriem da bandeira do combate à corrupção”. Essa frase resume toda e qualquer impossibilidade de alguns setores da esquerda atual conseguirem elaborar alguma proposta séria para o atual momento! Ou seja, nas palavras do articulista, é possível um moralismo de esquerda “do bem”.

    Base paramilitar do fascismo

    Não resta dúvida de que os grupos que se articulam em torno da candidatura Bolsonaro, do MBL, do Vem Pra Rua, do Ceticismo Político e de outros movimentos, estão constituindo as bases políticas do fascismo no Brasil. Mas a execução de Marielle e os atentados contra a caravana de Lula estão indicando que o fascismo está passando de uma fase política para uma fase paramilitar. Dois grupos armados são facilmente mobilizáveis para constituir milícias paramilitares fascistas: 1) os milicianos, particularmente no Rio de Janeiro, e grupos de  policiais militares e civis que atuam à margem da lei ou na linha limítrofe entre o legal e o ilegal em vários estados; 2) fazendeiros e agroboys, que sempre foram armados.

    Réplica: Erro grave: Os sistemas repressores ou movimentos políticos considerados “de direita” não estão lançando base de nada, estão apenas sistematizando um senso comum latente há anos! O extermínio, a violência, o machismo, o racismo são instituições mundiais (e brasileiras) faz séculos! Não á ação clandestina de policiais no RJ. Suas ações, salvo raríssimas exceções (aqueles casos que dão “TV”, na linguagem deles) são confirmadas e ratificadas desde as comunidades onde acontecem, até o judiciário.

    Numa situação de caos político e institucional, de anomia social, de crise econômica e, diante da percepção de que dificilmente a extrema direita chegará ao poder pela via das eleições, a opção paramilitar poderá ser incrementada. E, mesmo admitindo-se a hipótese, hoje improvável, de vitória de Bolsonaro, a organização de milícias paramilitares fascistas seria ainda mais facilitada. Existe um colapso da noção de autoridade, pois Executivo, Legislativo e Judiciário estão desmoralizados e boa parte dos cidadãos não acredita em saída política. Esta é uma massa disponível para ser manobrada pela ideologia fascista. Daí a urgência de articular uma frente e adotar medidas antifascistas e de defesa da democracia.

    Caos Institucional

    Depois que a crise varreu o Executivo e o Legislativo, o Judiciário se instituiu em artífice do caos constitucional e institucional. Era o único poder que poderia usar o freio de arrumação. Mas ao invés disso, soltou o freio e jogou o país rumo ao abismo. Validou e ele mesmo promoveu inúmeros ataques à Constituição: não reagiu a um impeachment sem  crime de responsabilidade, chancelando o golpe; de forma inescrupulosa, o STF, com o prego derradeiro de Cármen Lúcia, abriu mão do poder de controle constitucional da própria Corte para salvar Aécio Neves, conferindo poder judicial ao Senado; contra a Constituição, validou a prisão após condenação em segunda instância derrubando o princípio da presunção de inocência; no caso Maluf, dois ministros negaram o habeas corpus e um o concedeu; Cármen Lúcia se negou a colocar novamente em exame o instituto inconstitucional da prisão após segunda instância por interesse pessoal de prejudicar Lula; uma turma do STF mantém a prisão de condenados em segunda instância e a outra manda soltá-los, e assim vai. São dezenas de atos ilegais e contra a Constituição cometidos pelo STF e por juízes de tribunais inferiores.

    É preciso perceber o seguinte: qualquer Suprema Corte tem o poder de criar norma onde há vácuos, fendas, na Constituição e nas leis. Mas nenhuma Suprema Corte pode criar normas contra a Constituição, contra sua letra e contra o seu espírito, sua intenção e seus princípios. O STF está criando normas contra a Constituição, está interpretando contra o espírito e a letra da Constituição e está julgando contra a Constituição.  Isto é o fim da ordem constitucional. É o caos institucional.

    O fim, a desmoralização da autoridade constitucional e judiciária é campo fértil para o crescimento do fascismo. Neste momento trava-se uma luta tenaz entre a democracia e o fascismo. Se os democratas forem ingênuos, se acreditarem num judiciário corrompido, desmoralizado e tomado de ideologia, o que resta de democracia correrá riscos terríveis. Por outro lado, não se pode crer que os fascistas utilizarão métodos democráticos e pacíficos na luta política. É preciso preparar-se e organizar-se para detê-los.

    Réplica: Vou repetir o Darcy Ribeiro para analisar todo esse longo trecho: “Não é caos é projeto”.

    Não há crise nem anomia, é a conformação do capitalismo em suas zonas periféricas de reciclagem de capitais.

    Como colocado pelo autor, parece até que vivemos desde 1808 em um país cujos conflitos de classe nos legaram um ambiente institucional equilibrado, uma estrutura permanente de combate e reparação dos males da desigualdade, onde agora um grupo de ogros resolveu “ameaçar” a boa paz dos habitantes de Neverland.

    Quem sabe?

  7. Assim não vale!

    Assim não vale! Essa estória de “disseram-me que”, de “infelizmente não pude ir”, “então relato o que minha amiga viu e ouviu” é a definição da fofoca, pode ser até calúnia, tem fundo incertíssimo de verdade e por aí vai.

    Hoje, com fake news e comentários apuradíssimos nos blogs em contrapartida, não se pode ter a leviandade de expor “opiniões” sem nenhum lastro de informação ou algo que indique o conhecimento efetivo de causa, sob o risco de, ainda que os tendo, estar prestando um desserviço ao público interessado no debate, portanto, informe-se para depois falar e leia (ou assista) para se informar melhor.

    Para defender meu ponto e o acusado, segue o link da palestra feita por Ciro Gomes na Câmara Americana do Comércio (AMCHAM). Certamente este público que o assistia, tem motivos de sobra para tentar achacar o candidato que lhes falou em tributar grandes fortunas e heranças, claro e por óbvio, sem ser malcriado.

    https://www.youtube.com/watch?v=MWPG7ZmZHAg&t=0s&index=5&list=PL6NeMXdiwgcmw5ydge1Tz8_cDeYrruiLt

    Ainda sobre as colocações feitas no comentário sobre o Ciro, fica o desafio de indicar alguém que seja mais bem preparado do que ele para falar de Política, economia e assuntos pertinentes com a erudição e o conhecimento que tem Ciro Gomes.

    Minha “opinião” é que Ciro é a melhor opção para próximo Presidente da República, só falta o resto da esquerda concordar.

    1. Ciro

      Relatei o que me contou a amiga a Aurea Maldaner, que não é nenhuma criança. Ela não somente esteve presente na palestra da Sorbonne durante a manhã como esteve no bar Liberté com eles a noite. Sobre a tal erudição, ele lançou mão dela sim e de tal forma que vem dai o descontentamento de passar ao largo dos temas importantes do atual momento brasileiro.

  8. nada definido..

    .. eu acho que algumas opiniões aqui nesta página, tanto no artigo do professor Fornazieri quanto nos consistentes comentários que o criticam, estão precipitados, sobretudo porque depois de amanhã, 04/04, será dado um novo rumo ao país..

    .. novo em relação à história do país.. vem coisa aí que a gente nunca viu.

    Dia 04/04, o stf, direta ou indiretamente, vai prender ou soltar o Lula. Não consigo vislumbrar uma 3ª possibilidade..

    ———-

    Se prenderem o Lula..

    .. aí eu acho que a gente enfia o pé na jaca do fascismo.. vai contudo..

    .. mas tem um porém..

    .. fascismo no Brasil tem vida curta..

    Embora a gente saiba que o poder de fato vive na penumbra, haverá uma enorme transferência do poder visível para pessoas como o bolsonaro..

    .. e aí não tem fascismo que resista..

    .. os caras são extremamente incompetentes..

    .. muitos, é preciso dizer, são loucos.. literalmente..

    Não é um Reich Alemão.. nada disso..

    .. é barbárie pura, um misto de Nero com Idi Amin Dadá..

    .. em pleno século XXI..

    .. em 1 ano a gente mergulha numa guerra civil, e aí tudo vai depender do cenário externo..

    .. assim que os EUA falirem, rola um banho de sangue, as esquerdas tomam o Brasil e a América Latina.

    ———-

    Se soltarem o Lula..

    .. bem, nesse caso eu acho que vai nascer e crescer uma onda de esquerda que vai retomar o poder no país através das eleição, contra toda a expectativa do sistema..

    Essa frente meio que já está se formando..

    .. no Rio de Janeiro existe uma clara oportunidade neste sentido..

    .. e o Rio fará escola..

    Lula, como candidato ou como cabo eleitoral dessa enorme frente que vai varrer as eleições 2018, e vai afetar toda a América Latina, a começar pelos nossos irmãos venezuelanos..

    Os EUA e suas empresas vão se tornar personae non gratae..

     

    Dia 04/04 é dia D.

    1. Otimismo comovente.

      Caro amigo, seu otimismo comove. Mas comoção não tem sido boa companheira nesses dias bicudos.

      Se a esperança é a última a morrer, com certeza é a primeira que adoece.

      Sua esperança se baseia em bons sentimentos, pois:

      1- Que as jogadas daqui (do Brasil) se deslocam e se movimentam de forma isolada, ou seja, sem uma ação ou omissão vindas de fora, emitidas por quem realmente manda;

      2- Imaginar que é o destino de Lula que determina algo. Lula já foi colocado para fora do jogo desde 2006, passando pela primavera dos algoritmos dos 0,20 centavos de 2013 e terminando com o impedimento de Dilma;

      3- “Fascismo dura pouco no Brasil”. Bem, o fascismo como movimento político delimitado em algum tempo histórico durou pouco em todo mundo, com exceção de Franco e Salazar. Os nazifascistas “de raiz” (Hitler e Mussolini) duraram pouquíssimo. Se olhado como fenômeno de traços comuns, o capitalismo autoritário de Estado de Vargas durou bem mais.

      A questão não é o nome do autoritarismo no Brasil, mas reconhecer que ele vigora desde 1808, e se quiseres ser mais rigoroso, desde 1500.

      Sua esperança o fez acreditar que vivemos desde tempos imemoriais, uma Democracia no Brasil;

      4- Sua “hierarquização” dos autoritarismos merece destaque.

      Será que Hitler e seus alemães são melhores porque queimavam judeus ouvindo Wagner ou Brahms?

      É isso?

      É preciso entender que os trejeitos caricatos (também uma construção ideológica quando convém aos EUA derrubar seus aliados sanguinários) dos ditadores dos países pobres tem a ver com o lugar que esses autoritarismos ocupam no mundo.

      Sim, Macron parece mais chique, e fala até francês, mas é um Dória como qualquer Trump.

      Le Pen não é muito melhor que Bolsonaro.

      Competência?

      É o que isso, competição meritocrática, então?

      Mani Puliti e Lava Jato falam idiomas diferentes, e por certo, a indigência intelectual de nossos verdugos de toga por aqui é latente, mas o fato é que o resultado é quase o mesmo:

      Seja na Itália, seja no Brasil, a representatividade e a esquerda estão mortas.

      Por lá, Berlusconi, depois Movimento 5 Estrelas e Forza Itália.

      Aqui, bem, aqui…você já sabe.

      Mas o que acalente é que na política, morremos (e renascemos) várias vezes. 

      Não, dia 4 não é o dia D. O dia D já foi faz tempo, e foi dia G de Golpe.

      A intervenção é o G plus.

      O adiamento das eleições, inclusive para “preservar” Lula, que poderá estar solto e concorrendo, é só mais um ato.

    1. Tripla vergonha

      1) Pelos fascistas pedindo e celebrando com imensa burrice ativa os mais diversos absurdos (a  lista é longa).

      2) Pela nossa passividade em não reagir e deixá-los (uma minoria barulhenta e ignorante) assumir o controle

      3) Por ser um homem representado por uma estrangeirA, enfrentando-os aberta e publicamente.

      Que vergonhaS!

  9. A ida do Boulos ao PSOL trouxe maturidade ao partido, o que…

    A ida do Boulos ao PSOL trouxe maturidade ao partido, o que possibilitou a construção dessa frente antifascista que poderá avançar para uma aliança eleitoral como ocorrida em Portugal.

    Em Portugal só foi possível um governo de esquerda graças a aliança entre o Partido Socialista (uma espécie de PT) e o Bloco de Esquerda (uma espécie de PSOL). Bem diferente do ocorrido na Espanha onde o PSOE e o PODEMOS não aceitaram unir forças, o que acabou favorecendo a direita que elegeu Mariano Rajoy primeiro ministro pelo PP.

    O líder do MTST tem um faro político muito apurado e percebeu a cilada que seria o PSOL continuar com a hostilidade gratuita ao PT, que estava dividindo a esquerda e fortalecendo a direita. Com sua filiação ao partido conseguiu neutralizar os radicais irresponsáveis do PSOL e abriu a possibilidade de construção de uma frente de esquerda autêntica.

    O Boulos é um gênio da política, assim como o Lula!

     

  10. A doença infantil da Esquerda.

    Por tudo que li aqui, e em outros tantos textos, parece que há um erro de avaliação comum, e de certa maneira, histórico:

    Não se combate o fascismo, ou qualquer outro autoritarismo e/ou disrruptura golpista com frentes democráticas ou as chamadas frente antifascistas.

    Isso não deu certo antes, nem dará certo nunca, porque essas frentes se colocam para combater o fascismo em um ambiente que já não existe, ou seja, se colocam com instrumentos institucionais e apelidados de “democráticos” que são solenemente desprezados pelos golpistas.

    Foi isso que levou a esquerda alemã a imaginar que uma aliança tática com a social democracia de lá fosse suficiente para deter o avanço de Hitler e da agenda da guerra.

    Apesar do heroísmo republicano espanhol, nada deteve Franco.

    As frentes democráticas são úteis para aglomerar os restos dos setores anti-hegemônicos quando os regimes autoritários perdem força, e justamente aí está a nostalgia de setores da esquerda na construção dessas frentes, como se o ambiente fosse o mesmo de fins de 1979 e inicio dos anos 80.

    Erro tático e estratégico.

    Qualquer frente anti-autoritária, ou seja anti-hegemônica passa pela lula anticapitalista, sob o risco de sermos tragados novamente.

    Os golpistas não estão preocupados com eleições (não de forma principal), com popularidade, ou com acusações de que são truculentos, assassinos, etc.

    Eles detêm a agenda de transformar esses defeitos em virtudes.

    O problema é que a esquerda abdicou de um exercício reflexivo importante: Pensar fora dos limites institcuionais, ou seja, morre de medo de falar em ruptura, ou deus-nos-livre, rev…revo…revolu…deixa para lá.

    Tudo que queremos é o American Dream ou American Way of Life ddos EUA nos anos 1950.

    É só isso.

    Se tiver que pendurar uns “negros traficantes” nas árvores, que seja.

     

  11. Outro 7 x 1

    Não é mais meramente a luta da direita contra a esquerda!

    Neste momento é forma de se institucionalizar de grupos criminosos e fascistas!

    Ainda há generais na internet vociferando contra a decisão na segunda instância…

    Vão ter uma triste decepção quando a poeira se assentar…

    Basta ver o nível do que acontece e claramente deixou de ser meramente politica!

    As ações do procurador jejuando soma ao grupo dos religiosos que vota contra o povo em todas as matérias!

    Seus fiéis ficarão desempregados, mas ele principalmente e depois a sua igreja ganham…

    O PCC vai deitar e rolar e lavar dinheiro na economia e essa turma vai falar em retomada do crescimento…

    Crescimento econômico vai ser com lavagem de dinheiro!

    Não tem bandido que não saiba saiba o que ocorre com aval do judiciário!

    Com renovação minima estimada para o legislativo, nada mudará…

    Ou melhor, mudará para pior…

    A máfia vai controlar várias empresas e serviços de forma legal!

    Não acredito mais em nenhuma saída pacífica para o que vivemos…

    Por um motivo simples, o crime se juntou aos corruptos e golpistas!

    Essa bagunça os favorece –  a velha noite dos gatos pardos…

    Depois que o crime se institucionalizar, quem sabe daqui a uns 200 anos poderemos sonhar com a democracia novamente…

  12. Já era, amigo. A direita

    Já era, amigo. A direita venceu e a esquerda é moribunda.

    Acabou, o Brasil é uma republiqueta fascista com um povo atrasado e vai continuar sendo assim por pelo menos mais uma geração. Não tem frente democrática e eleição (se houver) que vai mudar isso. O PT conseguiu melhorar o Brasil em alguns pontos, mas vacilou no mais importante: a formação de cidadãos preocupados com a democracia.

    A esquerda tem que ser estratégica:

    1 – Aceitar a realidade de que o fascismo vai durar um tempo.

    2 – Se infiltrar nas instituições como a direita fez e cooptar figuras de importância.

    3 – Tomar o poder quando o ciclo da direita se esgotar.

    4 – Esmagar a direita com tudo que tiver.

     

    É isso.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador