A Sociedade Brasileira de Anatomia solicita que pessoas doem seus corpos para serem utilizados no ensino e pesquisa de anatomia nas faculdades. E explica:
Atualmente, na maior parte das instituições de ensino, o ensino da Anatomia é feito através da utilização de corpos de pessoas que faleceram e não foram procurados por amigos ou familiares. Assim, de acordo com a Lei n° 8.501, de 30 de novembro de 1992, estes cadáveres podem ser utilizados para o ensino e para a pesquisa.
Com o grande aumento de faculdades e a progressiva diminuição do número de corpos não reclamados, estamos enfrentando grande dificuldade em obter peças anatômicas para o ensino dos médicos, dentistas, fisioterapeutas e todos os demais profissionais da saúde.
Pela internet é possível verificar que universidades públicas e particulares também estão solicitando doações de corpos, e explicando como são feitas essas doações.
Ora, todo mundo há de concordar que os estudos de anatomia são mesmo essenciais para a boa formação de profissionais da saúde, o que é ótimo para todos os que ainda estamos vivos. Realmente fica sem sentido usar bonecos, vídeos, fotos, ou corpos de animais nesses estudos, se considerarmos as estimativas mostrando que morrem durante um único dia umas 130 mil pessoas, no mundo.
Ora, se os falecidos são enterrados ou cremados caso não sejam destinados a estudos, porque será que essa última possibilidade é tão pouco considerada?
A meu ver, o que está faltando é objetividade nos apelos: os que precisam dos cadáveres não oferecem, em troca, coisas práticas ao dono desse corpo enquanto vivente – e, convenhamos, há muito a oferecer. Nem estou me referindo a dinheiro que, como se sabe, já compra humanos com corpos e tudo, ou compra partes desses corpos enquanto vivos, nem sempre de forma ilegal.
Afora isso, muita gente se prestaria a doar seus corpos para estudos se ficassem sabendo que médicos e outros profissionais de saúde também se moveram a doar os corpos deles para tal fim.
Me lembro que a ideia de cremar corpos sofreu resistências de muitos tipos, mas hoje muita gente somente não opta por ter o corpo cremado quando se safar dele, unicamente por causa do preço, considerado muito alto até por camadas da classe média.
No portal da USP em 2012 Thelma Parada, que na época era doutoranda em Anatomia, mostrou o objetivo de seu projeto de pesquisa que consistia em desburocratizar o sistema de doações de cadáveres na cidade de São Paulo, mediante divulgação – nos serviços funerários, dentro da própria Universidade e para a população em geral, visando com isso descentralizar o processo de doação.
Leia mais:
A íntegra do apelo da Sociedade Brasileira de Anatomia:
http://www.sbanatomia.org.br/doacao.php
A lei de 1992 que autoriza o uso de cadáveres não procurados por familiares, para fins de estudos e pesquisas:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8501.htm
A notícia no portal da USP sobre o trabalho de Thelma Parada:
http://www5.usp.br/16100/pesquisadora-do-icb-quer-desburocratizar-a-doacao-de-corpos-a-ciencia/
Uma reportagem da Carta Capital de 09/03/2013 sobre doação de corpos:
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/uma-ultima-nobre-missao
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