Divulgação de nomes de técnicos da Anvisa é ‘alinhamento político’, diz Barra Torres

Em entrevista, presidente da agência reguladora aponta mortes de crianças por covid-19 como “estatística macabra”

Foto: Agência Senado

Jornal GGN – O posicionamento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do presidente Jair Bolsonaro com relação à vacinação de crianças contra a pandemia de covid-19 é “o perfeito alinhamento político”.

A afirmação foi feita pelo diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres. Contra-almirante da reserva e cirurgião vascular, ele lembrou em entrevista ao jornal O Globo que o Ministério da Saúde é um órgão de governo.

“Eu digo sempre: eu estou trabalhando com o ministro de número 4. Eu estava no cargo (de chefe da Anvisa) e três ministros já entraram e saíram. Este é o número 4. O que nós estamos vendo é o perfeito alinhamento político. É isso que explica o que está acontecendo”, disse Barra Torres.

O presidente da autarquia disse ainda que a pasta atualmente comandada por Queiroga precisa explicar os motivos para o atraso da vacinação em crianças, que a Anvisa liberou na última semana.

“Eu entendo que o ministério precisa apresentar à sociedade a justificativa do porquê de nós mantermos inalterada uma estatística macabra. Nós temos 301 crianças mortas na faixa de 5 a 11 anos desde que a Covid começou até o início do mês de dezembro. Nesses 21 meses, numa matemática simples, nós teríamos um pouquinho mais de 14 mortes de crianças ao mês, praticamente uma a cada dois dias. Se (a consulta pública) é uma ferramenta tão necessária por que não foi usada em relação às outras faixas etárias, às outras vidas? É uma outra pergunta muito importante”.

Enquanto Barra Torres questiona Queiroga, o ministro disse a jornalistas na manhã desta quinta-feira que a faixa etária de cinco a 11 anos é a que menos registra óbitos por covid-19, e que por isso não precisa decidir sobre vacinação com urgência.

“Os óbitos de crianças estão dentro de um patamar que não implica em decisões emergenciais. Ou seja, isso favorece que o ministério possa tomar uma decisão baseada na evidência científica de qualidade, na questão da segurança, na questão da eficácia”, afirmou Marcelo Queiroga, conforme citado no jornal O Globo.

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