É sempre bom lembrar…

No blog “Conversa Afiada”, um post lamentável: “O Brasil deixa os mortos para trás. E anistia os militares da Argentina” (clique neste link para ver o post)

Pergunto: Se o tratamento para assassinos argentinos foi este, qual será o a ser dado para os torturadores brasileiros? Teremos que guardar esta mácula em nossa história?

De qualquer sorte, antes que se coloque uma pá de cal sobre o assunto (clamo aos nossos parlamentares que não o permitam), apresento algumas sugestões para lembrarmos o que a História não deixa esquecer:

1) Nos dias 04, 05 e 06 de abril passados, a TV Brasil apresentou a série “O dia que durou 21 anos”, que mostrou os bastidores da participação do governo dos Estados Unidos no golpe militar de 1964.

“Pela primeira vez na televisão, documentos do arquivo norte-americano, classificados durante 46 anos como Top Secret, serão expostos ao público. Textos de telegramas, áudio de conversas telefônicas, depoimentos contundentes e imagens inéditas fazem parte dessa série iconográfica, narrada pelo jornalista Flávio Tavares.”, dizia a chamada da emissora para a série.

Eis os links dos três episódios, veiculados através do You Tube:

Episódio 1 – http://youtu.be/NU7S4CwrwVA

Episódio 2 – http://youtu.be/1JZsNvnSloM

Episódio 3 – http://youtu.be/UObjtqKg0ps

2) Por sugestão de uma amiga e um amigo, tentei assistir alguns capítulos da novela Amor e Revolução, no SBT. Pela Internet, porque não tenho parabólica e o sinal da TV Aberta que chega aqui em Petrolina é muito ruim. Porém, nos dias que consegui (será que todos os dias são assim?) os capítulos apresentavam cenas fortíssimas de tortura, para as quais o meu estômago não está preparado.

Mas, ao final dos capítulos, o diretor colocou depoimentos de pessoas que estiveram envolvidas no “processo civilizatório” implantado pelas Forças Armadas, no período de 1964 a 1985, os quais estão no site http://amorerevolucaotvonline.webnode.com.br/depoimentos-sobre-a-ditadura-militar/.

3) A revista Época de 01/04/2011, também trouxe uma reportagem sobre a ditadura, mais especificamente sobre desaparecidos. Acesse o link.

4) Há também no You Tube um vídeo em que 15 filhos de guerrilheiros brasileiros falam de suas vidas em meio à ditadura: http://youtu.be/u-Lwh9u7ojI

5) Recentemente O GLOBO localizou uma agenda perdida pelo sargento que explodiu no colo uma bomba,  destinada a atingir trabalhadores e artistas no Rio Centro, em 30/04/81 e identificou metade dos 107 nomes e telefones de pessoas, militares e civis, ligados à tortura no Brasil. Leia mais sobre esse assunto no link a seguir: A agenda do sargento

6) “Você sabe quem sou?”, perguntou o homem postado diante dela. Denise respondeu que não. “Sou o famoso Fleury”, respondeu o delegado Sérgio Paranhos Fleury, torturador obstinado e com um histórico de morte de prisioneiros sob seus ombros. Ele então apontou uma porta e deu uma ordem: “Seu marido está naquela sala”, disse. “Entra lá porque ele se recusa a comer e falar antes de te ver. Você tem um minuto.” Denise viu o marido, o militante de esquerda Eduardo Leite, conhecido como Bacuri, sentado atrás de uma escrivaninha e com as mãos algemadas em cima da mesa. As lágrimas vieram de imediato. Bacuri tinha hematomas e queimaduras por toda a pele. Tocaram-se as mãos e, quando Denise se levantou para que ele sentisse o bebê na barriga, Fleury entrou: “O minuto acabou”, disse o delegado. Arrancada da sala, Denise pressentiu que aquela seria a última vez que veria o marido, prisioneiro que permaneceu mais tempo sob tortura ininterrupta da ditadura militar – foram intermináveis 109 dias de sofrimento antes de sua execução.

Veja a reportagem no site da ISTO É.

7)  Carta Maior trouxe na sua edição de 31/03/2011 os artigos “As heranças da ditadura” e “O que a falácia da ditabranda revela”. Transcrevo as introduções:

As heranças da ditadura no Brasil

Ao contrário do que ocorreu em outros países da América Latina, o Brasil manteve-se como modelo de impunidade e não seguiu sequer a política da verdade histórica. Houve aqui uma grande ditadura, mas os arquivos públicos não foram abertos e as leis de reparação somente ouviram o reclamo das vítimas por meio de frios documentos. Enquanto os torturadores do passado não forem julgados e punidos, não teremos êxito nas políticas de diminuição da violência. É preciso que o país crie uma Comissão da Verdade, apure as circunstâncias dos crimes, abra os arquivos da ditadura e puna os responsáveis. O artigo é de Edson Teles.

 O que a falácia da ditabranda revela

A escolha do termo “ditabranda” pela Folha de S. Paulo para caracterizar a ditadura militar brasileira não foi um descuido linguístico. Trata-se de uma profissão de fé ideológica embalada por uma falácia. O núcleo duro dessa falácia consiste em dissociar a ditadura brasileira das ditaduras em outros países do continente e do contexto histórico da época, como se não integrassem um mesmo golpe desferido contra a democracia em toda a América Latina. A ditadura brasileira apoiou política e materialmente uma série de outras ditaduras na região, sendo responsável por muitas torturas, mortes e desaparecimentos em outros países. “A gente não matava. Prendia e entregava”, admitiu um general brasileiro. O artigo é de Marco Aurélio Weissheimer.

Redação

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