Éder Jofre: Alma de campeão, por Jorge Sanglard

Exemplo de atleta e cidadão, Éder Jofre apontou caminhos, demonstrou tenacidade e força de vontade

Ilustração de Éder Jofre por Mario Tarcitan

Éder Jofre: Alma de campeão

por Jorge Sanglard*

Éder Jofre, o “Galinho de Ouro” é um mito. Para que a geração mais nova tenha uma ideia de sua importância para o esporte brasileiro, vale recorrer à lembrança de outro “Galinho”, o de Quintino, mestre da bola, Zico, maior ídolo do Flamengo. O que Zico fez com os pés pode ser comparado ao que Éder Jofre fez com os punhos. Cada um no seu tempo e a seu modo ajudou a projetar o Brasil como potência da bola e do boxe. Mas como estes “Galinhos” são expoentes esportivos de décadas diferentes, é fundamental recuperar um pouco do período em que Éder Jofre imperou nos ringues e mostrou para o mundo sua alma de campeão. O Brasil deslanchava com a bola de futebol e de tênis, com a música e com o cinema.

Num tempo em que o país ganhava projeção como campeão mundial de futebol, revelando Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Mazzola, Pepe, Zito, Vavá, Zagallo, Bellini, Djalma Santos, Dida, Dino Sani e Gilmar, a bossa nova se afirmava com Tom Jobim, Vinicius de Moraes, João Gilberto, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Luís Bonfá, Ronaldo Bôscoli, Marcos Valle, Baden Powell e Nara Leão, e o cinema novo conquistava prestígio com Nélson Pereira dos Santos, Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Cacá Diegues, Paulo César Saraceni, Leon Hirszman, David Neves, Ruy Guerra e Luiz Carlos Barreto, o atletismo celebrava Adhemar Ferreira da Silva no salto triplo como o primeiro bicampeão olímpico brasileiro e a tenacidade de seu sucessor, Nélson Prudêncio, o tênis reverenciava o talento da n° 1 do mundo, Maria Esther Bueno, e o boxe revelava a técnica e a garra do genial Éder Jofre, um dos maiores lutadores de todos os tempos.

Campeão brasileiro “peso galo” em 1958, o lutador conquistou, em 1960, o título sul-americano e o campeonato mundial da categoria. Título mantido por Éder Jofre até 1965. Depois de abandonar o boxe, voltou ao ringue, em 1969, já como “peso pena”, e foi campeão mundial nesta nova categoria em 1973. Um feito, algo para entrar na história do boxe brasileiro e mundial. Superando barreiras e fronteiras, Éder Jofre abriu caminho para que o boxe no Brasil fosse respeitado e ampliasse perspectivas. No ringue, o pugilista brasileiro era pura técnica aliada a força e inteligência. Éder Jofre encantou o mundo do boxe e seu legado é até hoje reflexo de seu compromisso com o esporte.

Exemplo de atleta e cidadão, Éder Jofre apontou caminhos, demonstrou tenacidade e força de vontade. E inscreveu seu nome entre os eternos ídolos brasileiros e mundiais.


*Jorge Sanglard é jornalista, pesquisador e produtor cultural. Escreve em jornais de Portugal, Brasil e EUA.

Redação

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. E ainda tem Adhemar Ferreira da Silva? Aqui é Trabalho. É Competência. É História. É Luta. É Mérito. É Suor. Lacaios nem passam perto. Aqui é Genética. EDERJOFRESOBERANOSOMOS

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador