Embaixadores franceses divulgam carta com críticas à posição pró-Israel de Emmanuel Macron

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
[email protected]

Alocados em países do Oriente Médio, os embaixadores cobram do governo Macron uma postura mais equilibrada entre israelenses e palestinos

Macron e Isaac Herzog, presidente de Israel. Imagem: Divulgação/Isaac Herzog
Macron e Isaac Herzog, presidente de Israel. Imagem: Divulgação/Isaac Herzog

Embaixadores franceses alocados em países do Oriente Médio e em alguns países do Magreb escreveram e assinaram coletivamente uma carta lamentando a postura pró-Israel adotada ppelo presidente da França, Emmanuel Macron, a respeito da ofensiva israelense na Faixa de Gaza, Palestina.

A iniciativa é considerada inédita na história recente. A nota conjunta foi enviada ao Quai d’Orsay, sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, mas “os seus destinatários estão no Palais de l’Élysée (sede do governo francês)”, disse um diplomata em Paris, segundo o jornal Le Figaro.

“Estes embaixadores afirmam que a nossa posição a favor de Israel no início da crise é mal compreendida no Oriente Médio e que rompe com a nossa posição tradicionalmente equilibrada entre israelenses e palestinos”, diz trecho da carta citada pelo Le Figaro.

Para os diplomatas que assinam a missiva, a posição do governo francês conduz a uma “grave” crise de confiança entre a França e o Oriente Médio que corre o risco de ser “duradoura”.

As consequências foram imediatas, apontam os diplomatas: desde o início da guerra, alguns embaixadores franceses já não têm acesso aos círculos de tomada de decisão nos países onde estão destacados.

Um deles recebeu ameaças de morte e todos estão preocupados com a perda de credibilidade da França. Várias manifestações ocorreram em frente às embaixadas francesas em Tunes (Tunísia), Teerã (Irã) e Beirute (Líbano).

Governo francês desconversa 

Questionado sobre o tema na manhã desta terça-feira (14) no France Inter, o porta-voz do governo, Olivier Véran, defendeu a “influência” da França.

“Poucos chefes de Estado (se referindo a Macron) são capazes de ter contato direto com os seus homólogos mais influentes para atuar neste conflito, de reunir tantos chefes de Estado na sua capital para identificar a ajuda humanitária (se referindo à Conferência Humanitária para Gaza, em Paris).”

Num artigo intitulado “Diplomacia francesa frustrada pelas opções de Emmanuel Macron no Oriente Médio”, o jornal Le Monde sublinha: “A posição adotada pelo chefe de Estado sobre a guerra de Israel (contra Gaza), por vezes sem consultar o Quai d’Orsay, causa agitação nas fileiras do ministério”.

“As tensões são discretas, nunca expressas abertamente, mas muito reais. A posição de Emmanuel Macron (….) suscita desconforto, até fortes reservas, dentro do aparelho diplomático francês”, observou o jornal.

Com informações do Le Figaro e Le Monde

LEIA MAIS:

Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador