Governo deverá se explicar sobre diretor do BC fora do país desde março

Líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri, solicitou destalhes das justificativas de autorização que permitiu o trabalho remoto do diretor de política econômica do BC, Fabio Kanczuk, que tem feito "bate e volta" no país

Diretor de Política Econômica do Banco Central, Fábio Kanczuk. | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Jornal GGN – O ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, terão que justificar o trabalho remoto do diretor de política econômica do BC, Fabio Kanczuk, que desde de março está fora do país. O requerimento solicitando as informações foi apresentado nesta terça-feira, 24, pelo líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados, deputado Enio Verri (PT-PR). 

Conforme revelado pela coluna de Carla Araújo, no Uol, Kanczuk tem realizado o trabalho de pesquisas e a elaboração do sistema de metas de inflação da Diretoria em Boston (EUA), onde passou a morar com a família por conta da pandemia da Covid-19. 

No entanto, “a ausência de Kanczuk tem incomodado alguns membros da instituição que, nos bastidores, alertam que seria importante ter contato mais direto com o executivo”, informou a coluna. 

Kanczuk também faz parte do Comitê de Política Monetária (Copom), que decide os rumos da taxa de juros do país, e tem feito “bate e volta” para reuniões desse grupo de trabalho.

Questionado sobre o caso, o BC chegou a informar que segue com mais de 90% do seu quadro em trabalho remoto e ainda não há previsão de retorno ao presencial. Além de garantir que “os custos de deslocamento são arcados pelo diretor Fabio Kanczuk”. 

Mas, de acordo com a ficha de remuneração de Kanczuk, disponível no Portal da Transparência, em setembro, o diretor recebeu o salário bruto de R$ 10.396,59 e mais R$ 4.000 em verbas indenizatórias.

Ainda, segundo a coluna, “no dia 26 de outubro, o diretor registra uma viagem entre a capital paulista e Brasília paga pelo BC no valor de R$ 643,47. Nos dois dias seguintes, aconteceu a 234ª reunião do Copom”.

Agora, a partir dos requerimentos Verri, o Ministério da Economia e o BC terão que detalhar as justificativas e apresentar documentos sobre a autorização que permitiu o trabalho remoto de Kanczuk.

“O presente requerimento de informações visa o esclarecimento de questões pertinentes à motivação para concessão do referido afastamento tendo-se em vista, em especial, o interesse da Administração Pública nesta concessão”, diz trecho do requerimento.  

Verri também questiona as viagens do diretor para o Brasil para que ele participasse presencialmente das reuniões do Copom e pede detalhes. “A que título foram realizadas essas viagens, a serviço ou de forma privada? Se a serviço, qual autoridade competente, nos termos do art. 3º da IN nº21, de 16 de março de 2020, autorizou a realização da viagem internacional? Qual foi a justificativa individualizada que corroborou a autorização? Apresentar cópia integral e legível dos documentos pertinentes, incluindo a citada justificativa individualizada”, segue o requerimento.

Sendo assim, com base na prerrogativa de enviar requerimentos de informações, Guedes e Campos Neto terão prazo de até 30 dias para enviar as respostas, sendo que a recusa pode culminar em crime de responsabilidade.

Redação

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