História e histeria mitológica no Brasil

Na década de 1930 os comunistas foram perseguidos pelo Exército e pela Polícia Política por causa do “ouro de Moscou”. O tal ouro comunista nunca foi formalmente apreendido, se foi deve ter sido embolsado pelos policiais e militares que colocaram as mãos nele.

Nenhuma novidade. O Brasil é um país que nasceu de um mito. A Escola Naval de Sagres, onde os portugueses supostamente realizaram os estudos que lhes permitiram chegar ao Novo Mundo, nunca existiu senão como um mito divulgado e alimentado pela Coroa Portuguesa. A chegada de Cabral ao Brasil em 1500, contudo, não foi acidental. Afinal, o Tratado de Tordesilhas data de 7 de junho de 1494.

Sempre me pareceu muito estranho que portugueses e espanhóis pudessem dividir aquilo que não poderia existir de acordo com a Igreja Católica. Naquele tempo Bispos e Papas costumavam queimar quem discordava da doutrina oficial, segundo a qual o mundo era plano, as terras conhecidas (Europa, África, Oriente Médio e Ásia) eram as únicas que existiam, nada havendo além do mar oceano. 

O mito do “ouro de Moscou” foi útil à ditadura Vargas e à ditadura militar pós-1964. Também foram úteis os mitos do “Plano Cohen” e o do “comunista comedor de criancinhas”, cada qual divulgado ao seu tempo. O triplex do Lula é a versão moderna destes mitos fundamentadores da repressão política através dos quais a elite senhorial sempre controlou o país e justificou violências contra seus adversários políticos. 

A política no Brasil é outro mito mal consumado. Não havia política entre colonos e índios, pois os primeiros matavam e apresavam os últimos se apropriando de suas terras comunais. Também nunca existiu política entre senhores de escravos e escravos, pois uns trabalhavam e levavam pancadas e os outros enriqueciam mandando torturar seus trabalhadores.

Política é coisa que existe entre iguais, com respeito às regras e aceitação das vitórias e das derrotas eleitorais. Os tucanos não se consideram iguais aos petistas e só aceitam vitórias eleitorais. Quando são derrotados eles tentam de tudo para derrubar o governante eleito pelo povo, como tem ocorrido desde o fim de 2014.

Dentre os mitos afundadores da nação brasileira nos últimos anos está o da isenção da imprensa. A imprensa brasileira não só não é isenta como se transformou numa instituição partidária e mafiosa. Os jornalistas atacam sistematicamente o PT e escondem tudo de bom que foi feito pelos governos Lula e Dilma. Tudo fazem para ajudar os tucanos, inclusive esconder os escandalos em que eles se enfiaram. Um Mensalão foi do PT o outro foi Mineiro, pois não poderia ser tucano ou do PSDB. O Trensalão Tucano e o Roubo da Merenda pelo PSDB também não foram atribuídos pelos jornais, revistas e redes de TV ao partido fundado por FHC. Os tucanos envolvidos em trapaças – como o próprio FHC, que comprou a possibilidade de disputar um segundo mandato e ao fim deste comprou um super apartamento na Higienópolis em São Paulo e outro na Av. Foch em Paris – raramente são nomeados e quando são nunca são associados ao PSDB. 

José Dirceu é um mito da luta contra a Ditadura que foi criminosamente afundado nos últimos anos. Condenado sem provas, porque não provou sua inocência e com base na literatura, o líder petista foi preso, solto e preso novamente. A justificativa para sua nova prisão é inexistente. A mitologia judiciária impede que ele seja tratado como um tucano qualquer. José Serra, Aloysio Nunes e Andrea Matarazzo certamente nunca serão tratados como José Dirceu, apesar de serem bem mais corruptos e repugnantes do que ele.

Quando o mito se desfaz começa a violência. Tem sido assim no Brasil desde as primeiras rebeliões indígenas, seguidas pelas revoltas de colonos pobres e de escravos fugidos. Quando a panela de pressão explodir novamente – o que pode ocorrer antes ou depois da prisão do Lula ou da cassação de Dilma Rousseff – os tucanos e seus juízes e jornalistas serão vítimas de violências inenarráveis. Pequena perda, direi. Eles fizeram por merecer.  

Antes disto, porém, sugiro a ação com base num novo mito. Não é novidade que os tucanos recebem dinheiro do Tio Sam para desnacionalizar o petróleo http://www.ocafezinho.com/2015/08/06/tio-sam-deu-r-3-milhoes-pra-fhc/. Antes que uma guerra civil encha as ruas de corpos – coisa muito desagradável que impedirá a circulação de pessoas e carros – sugiro ao Ministério da Defesa que comece a perseguir os tucanos e seus juízes e jornalistas por causa do “ouro de Washington”. O bem estar e as vidas de uns poucos políticos desonestos, juízes parciais e jornalistas que corrompem o jornalismo vale bem menos do que a paz civil e a integridade territorial e mitológica do país. 

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

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