Desde que me lembro, o Estado de coisas do Rio de Janeiro NUNCA teve jeito.
Lembro que mesmo dentro do regime de exceção existiam os bicheiros que financiavam a diversão ..depois vieram a institucionalização da LEI DO GERSON – baseado no jeito de ser do fluminense – os caça níqueis, traficantes e milicias, os pastores intermedeadores de milagres ..e tudo diante das barbas dos governantes e da polícia, tudo exaltado por GRANDE parte do meio artístico e da mídia ..fora que ANTES de tudo isso já existiam a MALANDRAGEM dos morros, cabarés, existia a jogatina, o jogo do poder e a política, esta que depois se mudou pra Brasília, levando consigo, fora da renda, uma pá de hábitos, como as cadeiras vazias que se vestiam de paletós anônimos.
Claro que é só nós observarmos aquele monte de favelas, de esgoto e lixo, da destruição de praticamente todas as matas nativas, da poluição dos rios e mares, pra intuirmos que o RJ se fez num ambiente propício pra todo tipo de arbítrio. Soma-se ainda a esta impunidade consentida, aquela facilitada por “nossas” instituições, e quando em sempre, pela inaptidão de nossas leis ..aí dá no que deu, nisso, digo, naquilo.
Sejamos francos ao MENOS uma vez na vida !? Tomemos o exemplo de um cara que participa dum crime aonde um inocente é pego e vestido com um PNEU, encharcado de gasolina, e depois incendiado vivo …sinceramente gente, que PENA seria suficiente, não para que assassino se arrependesse (ou se convertesse), ou pra que a vítima renascesse, mas que pena seria suficiente pra que QUALQUER delinquente pensasse cem vêzes antes de tentar se inspirar e se aventurar a cometer do mesmo crime novamente ? 30, 40, 50 anos, prisão perpétua ?
Pois é, e AQUI nesta terra SEIS anos (6) foram suficientes pra que nossos advogados (com OAB), promotores, juízes (concursados) e legisladores (eleitos tipo o famigerado palhaço Tiririca) achassem que era cabível para o caso, afinal, foi esta pena EFETIVA que o traficante (ZEU) recebeu antes de sair e voltar a praticar de outros (ou dos mesmos) crimes. Não lhe parece incrível ? Seis anos ..e se fosse um dos seus ?
Não bastassem estas questões, a impunidade e a falta de leis adequadas, percebo que neste processo de invasão dos morros (processo pra lá de retardatário) ocorreram ainda a defesa de alguns valores que, a mim, ainda estão trocados.
Dum lado, por exemplo, mães de TRAFICANTES indignadas com a presença das Forças Armadas ..inclusive eu vi uma dizer que pediu pro filho se entregar porque ela pensava que agora a coisa era séria, e que ela achava um exagero ver tanque de guerra subir o morro pra combater os MENINOS (isso mesmo, os meninos).
Fora ainda de ver uma turma vir com uma desculpa pra lá de ABSURDA, uma que alguns INDIOTIZADOS chegam a se apegar na côr da maioria dos marginais pra “justificarem” aquele tipo de tráfico (um que ostenta, desafia e oprimi, que sitía e BARBARIZA o humilde) como sendo um que deveria receber todos os tipos de “deferências” sociais, pois seus praticantes, além de serem descendentes de escravos (lá, à época, injustiçados) ainda estariam cobrindo e suprindo o papel do Estado dentro da comunidade ..e pior ainda, esta corrente esta sendo divulgada como sendo de “simpatizantes da esquerda”
Oras francamente, que inversão de valores é esta afinal ?
Aqui nós não estamos falando de delinquentes comuns, que agridem ou prejudicam um ou uma pequena parcela de cidadãos e depois fogem ou tentam se esconder ..aqui falamos de marginais, de facções, de grupos paramilitares, MILHARES que atentam com armas de guerra e recursos maiores do que a MAIORIA dos nossos municípios brasileiros, contra uma cidade inteira (milhões de pessoas), um Estado, quiçá o país ..fora ainda que a maioria de suas vítimas são JUSTAMENTE da mesma côr, condição social e, muito provavelmente, de mesma ou similar origem/história.
Sinceramente, eu acho que essa luta vai longe ainda ..acho mais, acho que uma pá de traficante fugiu (uma pena, pois penso que a maioria deveria ter sido alvejada na fuga) ..e penso mais, ainda penso que é uma questão de tempo pra que outra forma de equilíbrio e de tráfico se instale, pois afinal, a sociedade fluminense ainda continua, a meu ver, basicamente a mesma, DOENTE.