Israel Pode Sobreviver Sem Um Estado Palestino?

 

Atualizado 15 de setembro, 2011 08:03

Espaço para Debate

The New York Times.

Debatedores: Ronen Bergman, Daniel Gordis, Rashid Khalid, Aaron David Miller, Shibley Telhami, Dahlia Scheindlin, Rami Khour
Introdução.
Enquanto os delegados se reúnem em Nova York para a abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas na próxima semana, os EUA estavam buscando um compromisso de última hora para adiar a votação da ONU sobre o apoio ao Estado Palestino. A Turquia e o Egito, já declararam apoio a essa resolução, e os negociadores americanos no Oriente Médio estavam em conversações com vista a reverter essa votação na ONU.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de Israel demonstrava intenção de bloquear a votação, e o presidente Mahmoud Abbas da Autoridade Palestina parecia igualmente determinado a prosseguir. Seria verdade, que a própria sobrevivência de Israel depende da criação de um Estado palestino viável e estável? 

Israel não é uma superpotência.
14 set 2011
Ronen Bergman é um militar sênior e analista de inteligência para o Yedioth Ahronoth, um jornal diario israelense. Atualmente ele está escrevendo um livro sobre a Mossad ( serviço secreto de Israel) e a arte do assassinato.

Os judeus são conhecidos por responder perguntas com outra pergunta, então eu adiciono uma terceira questão a esta discussão: Será que o final do conflito israelense-palestino significa o fim do conflito israel-árabes? Ou mais concretamente, será, realmente, que a saída forçada dos embaixadores israelenses dos dois principais baluartes da estratégica no Oriente Médio – Turquia e Egito – foi motivada pelo fato de que, uma Palestina independente ainda não foi estabelecida, ou é o resultado do  ódio contra Israel, um ódio que nunca vai morrer? 

Em uma recente conferência sobre o terrorismo, a direita israelense, incluindo alguns ministros, disse que o Estado Palestino foi motivado por ódio. De acordo com seu raciocínio, a solução do conflito Israel-Palestina tem pouca valia, porque os palestinos não podem ou não querem uma solução pacífica que assegure a ambos os países, poderem viver lado a lado. Eles acreditam que a maioria dos árabes continuarão alimentando as ações contra Israel, numa tentativa de eliminar o Estado judeu. 


Tudo que podemos fazer, de acordo com essa visão – que é compartilhada pelo Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu – é continuar vivendo pela espada, enquanto tentamos chegar a soluções limitadas e parciais, para controlar a situação e ganhar tempo.

Embora essa opinião não seja totalmente desprovida de lógica, deve ser firmemente rejeitada. A deterioração da situação internacional de Israel exige uma ação diplomática imediata. A ocupação da Cisjordânia é quase universalmente considerada como ilegítima e, se Israel continuar a insistir, que não pode existir sem aquele território, corre o perigo de perder a sua própria legitimidade, também.

Os israelenses precisam, ainda, sentir no bolso a realidade de seu poder, mas esse dia não está longe. Israel não pode continuar, como costuma fazer, ignorando qualquer compromisso substancial sobre a questão palestina. O país não é uma superpotência, e seria melhor parar de tentar se comportar como uma.

O estabelecimento de um Estado palestino apresenta muitos perigos para Israel. O mais grave deles foi descrito por Yuval Diskin, o ex-chefe do Shin Bet, a organização interna de segurança de Israel, como “dois Estados para três povos”, uma referência para o abismo sem fundo entre o moderado Fatah e o Hamas fundamentalista. O que acontecerá na Faixa de Gaza governada pelo Hamas, se um Estado que abrange a Faixa e mais a Cisjordânia se revoltar? Será que o Hamas e os outros movimentos jihadistas desistirão de sua demanda para o “desmantelamento da entidade sionista”? Podemos assumir que pelo menos alguns deles não irão, o que significará novas rodadas de guerra. Lamentavelmente, um Estado palestino não significa que 130 anos de derramamento de sangue chegará a um fim, e nem o ódio contra Israel no mundo árabe.

Isso, no entanto, não é razão suficiente ou justificativa para prolongar a postura de congelamento que o governo israelense adotou. Israel se beneficiaria nas próximas rodadas, se usasse uma posição com legitimidade internacional.

 

 

Redação

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