Malafia: purificador ou genocida?

Yitzhak Yosef, chefe dos rabinos israelenses declarou recentemente que nenhum “não judeu” deve viver em Israel: http://linkis.com/www.rt.com/news/5cCuj

O duplo saudita do líder espiritual judeu, Sheikh Abdul Aziz bin Abdullah, clamou pela destruição de todas as igrejas construídas na região: http://whatsupic.com/news-politics-world/1459270468.html

No Brasil, o pastor Malafia convoca manifestações em favor do Impedimento e profetiza a purificação do Brasil após a queda do PT: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160326_malafaia_entrevista_rs_if

Apesar de professarem diferentes credos os três personagens citados acima tem uma característica comum: o chefe dos rabinos de Israel, o grande mufit da Arábia Saudita e o raivoso pastor brasileiro difundem a intolerância destrutiva, da estupidez teológica e justificam a violência por razões religiosas.

O ódio religioso no Oriente Médio está absolutamente fora de controle e produz ondas crescentes de violência e irracionalidade. É lamentável ver um rabino israelense promover hoje o mesmo tipo de intolerância que levou à exclusão e ao extermínio dos judeus pela Alemanha Nazista. Não menos lamentável é ver um líder islâmico disposto a justificar ataques terroristas contra as pessoas que professam outra religião.

Os dois primeiros, contudo, não são problemas do Brasil. Nosso problema é garantir a vigência e higidez da nossa constituição federal, que garante três coisas fundamentais:

a)     a separação entre o Estado e as igrejas (art. 19, I, da CF/88).

b)     a tolerância religiosa (art. 5º, VI, da CF/88).

c)     a punição daqueles que pratiquem discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (art. 5º, XLI, da CF/88).

Ninguém pode proibir o pastor Malafaia de pregar sua crença e de obter lucro com a credulidade dos seus seguidores. Mas ele não pode pregar o ódio ao governo Dilma Rousseff e ao PT, pois ao fazer isto ele pratica uma discriminação atentatória contra os direitos e liberdades fundamentais das pessoas que votaram em Dilma, que apóiam e que pertencem ao PT.

Malafia não está apenas pregando o ódio. Ele está pisoteando a CF/88 e desafiando as autoridades brasileiras. Se não for obrigado a responder pela intolerância política e religiosa que prega ele continuará a exigir a purificação da sociedade brasileira. Em algum momento ele começará a exigir o extermínio dos petistas infiéis. Quando isto ocorrer, as vítimas em potencial do genocídio desejado por Malafaia se organizarão para fazer face à ameaça. Quantos  mortos serão necessários para o MPF e o Ministério da Justiça tomarem medidas contra este pastor que pretende transformar seus cordeiros e vítimas em homicidas?

A violência reigiosa/homicida é explicada com eloquencia por Jacques Sémelin:

“A noção de embriaguez, aliás, tem aqui um sentido bem mais amplo que o do simples abuso do álcool ou mesmo de drogas, que os matadores podem consumir antes, durante e depois da passagem ao ato. A embriaguez é também da própria violência, pela qual o executor experimenta uma sensação de onipotência, podendo distribuir a morte sem restrições. A passagem ao ato, uma vez estabelecida, sempre recomeçada, parece induzir formas compulsivas de comportamento, próximas da toxicomania. Há um verdadeiro arrebatamento, ao mesmo tempo perverso e magnetizante, em poder assim agir sobre os corpos, sobre a vida e sobre a morte: causar sofrimento, humilhar, torturar, gozar, cortar, matar e de novo matar para, em seguida recomeçar.” (PURIFICAR E DESTRUIR, Jacques Sémelin, Difel, 2009, p. 412)

Uma vez iniciado, o processo violento de exclusão (por razões raciais, religiosas, políticas) segue seu curso e passa a se alimentar da própria violência. Foi o que ocorreu na Alemanha Nazista. É o que está ocorrendo no Oriente Médio. É por isto que o pastor Malafaia deve ser contido antes do seu discurso de ódio contra Dilma Rousseff resultar em violência e em reação violenta. Quando os seguidores de Malafaia passarem da cogitação (instigada pelo discurso intolerante)  ao ato nada mais poderá ser feito para salvar o Brasil de uma guerra de extermínio.  

Fábio de Oliveira Ribeiro

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