Meio Ambiente terá menor orçamento em 21 anos

Dados do Observatório do Clima mostram que proposta orçamentária para 2021 coroa estratégia de desmonte ambiental do governo Bolsonaro

Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente. Foto: Reprodução/Lula Marques

Jornal GGN – O orçamento apresentado pelo governo Jair Bolsonaro para o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e órgãos vinculados para 2021 é o mais baixo desde, pelo menos, o fim do século passado.

Relatório lançado pelo Observatório do Clima revela que o Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) deste ano, que será analisado pelo Congresso em fevereiro, prevê R$ 1,72 bilhão para todas as despesas do MMA, inclusive as obrigatórias. Desde o início da série histórica, no ano 2000, o montante autorizado nunca ficou abaixo de R$ 2,9 bilhões, em valores atualizados pelo IPCA (índice de preços considerado oficial pelo governo federal).

Mesmo após dois anos consecutivos de aumento do desmatamento e das queimadas, o governo inicia 2021 com uma redução de 27,4% no orçamento para fiscalização ambiental e combate a incêndios florestais, considerando Ibama e Instituto Chico Mendes. Em 2020, a atual administração aprofundou o desmonte das estruturas de proteção socioambiental do Estado brasileiro, eliminando regulamentações e abdicando da gestão ambiental.

O corte de recursos se soma a medidas como a flexibilização do controle da exportação de madeira, o loteamento de cargos nos órgãos ambientais com policiais militares e a proposta de extinção do Instituto Chico Mendes.

Ao mesmo tempo, houve um esforço de relações-públicas de resultados pífios ao entregar também a Amazônia — além da saúde, da articulação política e de diversas outras áreas da gestão estatal — aos militares. Contudo, a estratégia bolsonarista tem encontrado resistência de instituições, da sociedade civil e da comunidade internacional.

“O governo Bolsonaro colocou em prática suas promessas de campanha em relação à política ambiental. O Ministério do Meio Ambiente/Administração Direta se apequenou como produtor de políticas públicas e, atualmente, gere valores irrisórios que nem justificam sua própria existência. O Ibama está fragilizado e deslegitimado pela narrativa do próprio presidente da República e de outras autoridades. Além disso, há evidências de que o Instituto Chico Mendes tende a ser extinto ainda no primeiro semestre deste ano, em retrocesso que não podemos deixar ocorrer. É um projeto de destruição que está sendo concretizado”, destaca Suely Araújo, especialista sênior em Políticas Públicas Observatório do Clima. A íntegra do relatório divulgado pelo Observatório do Clima pode ser consultada clicando aqui.

 

 

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Redação

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