Militares tutelam Itamaraty após erros do chanceler Ernesto Araújo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil
 
 
Jornal GGN – Em menos de 1 mês de governo Bolsonaro, o combo de decisões e movimentos errados do chanceler Ernesto Araújo fez o Ministério das Relações Exteriores sofrer uma espécie de “intervenção militar”, nas palavras da Folha de S. Paulo deste domingo (3).
 
“A ala militar do governo promoveu uma espécie de intervenção branca no Itamaraty, tutelando os movimentos do chanceler Ernesto Araújo sobre temas considerados sensíveis — crise na Venezuela à frente”, afirmou o jornal.
 
Segundo o jornal, Araújo deixou os militares da ativa de cabelo em pé depois que eles descobriram que o chanceler, em reunião do Grupo de Lima em Caracas, assinou um documento se comprometendo a acabar com a cooperação militar entre o Brasil e a Venezuela.
 
É justamente por meio dessa cooperação militar que o governo brasileiro se mantém informado sobre a crise que permeia o governo Maduro. A decisão de Araújo – que não tem experiência em postos fora do País – se deu sem consulta às Forças Armadas, o que irritou mais ainda o setor militar. Alguns, segundo a Folha, sugeriram a demissão do chanceler. “Outros ponderaram sobre o dano de imagem que tal queda geraria e sugeriram que ele se consultasse mais com os ministros egressos da área militar.”
 
De acordo com o jornal, na frente das câmeras, militares tentam ser “diplomáticos” nas críticas a Araújo. O vice-presidente Hamilton Mourão é um militar que tem passe livre para desbancar o chanceler, já que ocupa um cargo que não pode ser demitido. Apesar de ter começado a desautorizar Araújo com frequência, Mourão ainda tenta ser polido. Mas, em off, a depender do assunto (como os artigos escritos pelo ministro no passado), os militares fazem “chacota”.
 
Araújo já teve suas decisões corrigidas por Mourão ou pelo general Augusto Heleno em outras duas pautas: na transferência da embaixada de Israel de Tel Aviv para Jerusalém (o governo já recuou com medo de retaliação econômica dos arabes) e na oferta de uma base militar para os Estados Unidos (proposta que soou como uma heresia entre os militares da ativa).
 
“Mourão também trocou farpas públicas com Olavo de Carvalho, o misto de escritor e ideólogo a quem Araújo deve seu discurso político e a indicação, feita por meio de Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL-SP. Ele, Araújo e o assessor internacional da Presidência, Filipe Martins, são alunos de Olavo engajados no projeto de ‘livrar o Itamaraty das amarras ideológicas’, como diz o presidente”, lembrou a Folha.
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

7 Comentários

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  1. Mourão, e um pouco de “militarês”

        Mourão conhece bem bastidores das FANB, afinal foi adido lá por dois anos ( Gov. Chavez ), assim como contatos entre militares brasileiros e venezuelanos foram e continuam sendo constantes, pois alem das operações VENBRAS, ano passado tivemos eles ( pessoal da AMB , pela 1a vez sem aeronaves ), na CRUZEX 2018, e é bem real o que o Gielow escreveu a respeito desta linha de informações entre profissionais.

        Como escrevi em 27/01 ás 22:23 ( horario BRZ ), a parte militar ( ativa/reserva ) “suportou” os óbices referentes a suas preferencias quanto ao MEducação e principalmente ao MRE, em principio cedeu aos “paraquedistas” do circo mágico evangélico/antiglobalista/trumpista-bannoniano, mas como é de manual, recuar não significa desistir.

         ECEME :

         ” Cintar uma GU ( Grande Unidade ) ” : Quando em uma operação estratégica é comum algumas GU não serem de elevado conceito, por inexperiência ou dificuldade de comando, mas elas tem que atuar frente ao dispositivo proposto, então o EM ( Estado – Maior ) operacional as analisa em seus primeiros movimentos táticos ( por exemplo: sua disposição no campo ), e caso ela não corresponda aos objetivos da manobra, a primeira opção do EM não é desmobiliza-la, ou mesmo a troca de comando, MAS “cinta-la” através das prerrogativas do EM, colocando-a sob seu controle, sem a primeiro movimento substituir seu comando, apenas o submetendo a doutrina e que ele entenda o movimento estratégico.

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