Movimentos convocam ato de 60 anos do golpe e criticam silêncio do governo: “Não há espaço para a impunidade”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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A ação ocorre em meio a um silêncio do governo - criticado pelas organizações - de fazer um evento na data.

Arte: Frente Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular

“Não há espaço para a impunidade”, afirmam os movimentos sociais, que convocam um grande ato, neste sábado (23), em cidades de todo o Brasil para lembrar dos 60 anos de golpe da ditadura do regime militar. A ação ocorre em meio a um silêncio do governo – criticado pelas organizações – de fazer um evento na data.

Organizado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, os atos de sábado contam com o apoio do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), da CUT (Central Única dos Trabalhadores), da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), União Nacional dos Estudantes (UNE), e outras dezenas de entidades populares.

O ato, de alusão aos 60 anos do Golpe Militar que rompeu com o estado democrático e impôs o Brasil a 21 anos de ditadura, também pedirá o fim do massacre contra palestinos em Gaza e alertará para as ameaças de autoritarismo e violências da extrema-direita no Brasil e no mundo.

“Movimentos e organizações populares progressistas convocam toda a sociedade para se levantarem pela memória dos que tombaram na luta pela democracia e mobilizar-se contra os resquícios do golpismo que ainda perdura no país”, informam as organizações.

O Ministério de Direitos Humanos e Cidadania havia se preparado para uma ação da pasta, com o slogan: “60 anos do golpe: sem memória não há futuro”. O presidente Lula, contudo, vetou as ações, em meio a tratativas para um diálogo com os militares, após a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023.

Em entrevista recente, o presidente disse que tinha mais preocupações “com o golpe de 8 de janeiro de 2023 do que com 64” e também falou que queria “tocar o país para frente”, em indicativo de um polêmico silêncio frente à memória da ditadura.

Por isso, os movimentos destacaram que a Mobilização Nacional deste sábado é importante para relembrar e nunca mais se repetir. “O encontro visa expressar a voz da sociedade em favor dos valores democráticos e contra qualquer tentativa de retrocesso autoritário”, afirmou a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB).

“Mais do que nunca, é crucial reafirmar nosso compromisso com os ideais democráticos e proclamar em alto e bom som: Golpe Nunca Mais!”, escreveu o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS).

Os movimentos informaram que irão levantar as bandeiras “Punição para os golpistas: sem anistia”, “Ditadura Nunca Mais”, “Em memória dos 60 anos do Golpe” e “Contra o Genocídio na Palestina”.

“A manifestação busca enviar uma mensagem clara de que não há espaço para impunidade frente a atos que atentem contra os princípios fundamentais da democracia e, também, destaca a solidariedade internacional e a preocupação com os direitos humanos em um contexto global”, completou o CTB.

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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