Exército proibirá comemoração de 60 anos do golpe

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Os militares estão proibidos de comemorar o golpe de 64. Postura óbvia é mudança drástica nas comemorações durante o governo Bolsonaro.

General Tomás e demais comandantes em cerimônia do Dia do Exército em 2023, fazendo continência ao presidente Lula – Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Os militares estão proibidos de comemorar o golpe de 1964 nos quarteis este ano. A postura que em outros tempos pareceria ser óbvia é uma mudança drástica no alto escalão do Exército frente às comemorações do golpe da ditadura durante o governo de Jair Bolsonaro.

A decisão foi divulgada pelo Painel, da Folha: o comandante do Exército, general Tomás Paiva, estaria explicando aos seus pares que não haverá Ordem do Dia nos quartéis no dia 31 de março de 2024 e o militar que contrariar a decisão será punido.

A Ordem do Dia é o comunicado do Comando do Exército aos militares. Nos anos de governo Bolsonaro, no aniversário do golpe da ditadura do regime militar, 31 de março, o comandante do Exército emitia mensagens de comemoração ao que chamava de “ato revolucionário”.

Já no ano passado, o general Paiva também adotou a medida: anunciou que não se deveria comemorar ou realizar um ato oficial do dia 31 de março de 1964 e que caso a decisão fosse descumprida, os militares seriam penalizados.

Em 2023, a Comunicação do Exército informava:

“Não há comemoração ou ato oficial relativo ao ’31 de março de 1964′ no âmbito da Força Terrestre. Um eventual descumprimento de ordem, caso ocorra, após comprovado em processo administrativo e respeitados os direitos do contraditório e ampla defesa, estará sujeito às sanções previstas no Regulamento Disciplinar do Exército (RDE).”

Este ano, contudo, o golpe completa 60 anos e o número arredondado pode motivar atos ou celebrações por parte de militares saudosistas da ditadura.

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Talvez o pior de 64 seja nós manter presos à data.

    Se tivesse tido uma Comissão da Verdade tão logo a democracia voltou a hente não estivesse com esta discussão.

    Nada a celebrar todavia.

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