Os novos ‘progressistas’ conservadores; artigo de Patrick Diamond

Os novos ‘progressistas’ conservadores 

8/9/2013, Patrick Diamond,* New Statesman
Tradução: Vila Vudu

Com eleições gerais à vista na Alemanha e na Noruega, é visível que a política de centro-direita passa por mudanças dramáticas em grande parte da Europa – e a esquerda ainda tem de andar muito para entender o significado dessas mudanças. 

Esse chamado “conservadorismo progressista” evita o estilo 1980 da economia neoliberal, mas mostra renovada hostilidade contra o estado centralizado. Mais importante que isso, o “conservadorismo compassivo” abraça abertamente as liberdades sociais da geração pós-68, o que possibilita que os partidos conservadores disputem votos no centro. Tudo isso está pondo partidos de centro-direita, como a União Cristã Democrática [orig. CDU] de Angela Merkel na Alemanha, e o Partido Conservador Norueguês de Erna Solberg, a um passo de vitórias eleitorais.

A esquerda ainda não entendeu, ou só entendeu muito mal, essa mudança dramática na estratégia política dos conservadores. O adversário de Merkel, Peer Steinbruck, do Partido Social Democrata [orig. SPD] nada diz, além de repetir que o partido de Merkel ‘roubou’ suas políticas, – mas ter-se deixado roubar não é boa credencial para fazer-se atraente para os eleitores. 

 

A tática mais convencional é a esquerda insistir que o centro-direita não passaria de ‘lobo em pele de cordeiro’, e que adota retórica só aparentemente moderada, para ocultar o objetivo das políticas neoliberais de reduzir o tamanho do Estado e de defender os tradicionais interesses conservadores para os ricos, para a finança e para o establishment. Pode até haver aí um grão de verdade: os Conservadores (especialmente Angela Merkel) adotaram uma forma de austeridade pós-crise que reviveu a duvidosa ciência da ‘economia monetarista’. Fizeram vastos cortes no gasto público, em nome da consolidação orçamentária, um passo arriscado diante da crescente contração da demanda global e dos sinais fracos de alguma recuperação na eurozona.

Mesmo assim, os progressistas devem ter muito cuidado ao desqualificar só superficialmente o novo modelo da política de centro direita, como se não passasse de reles individualismo ao estilo do Tatcherismo dos anos 1980. 

Depois da vitória histórica do Partido Conservador em 1979, a esquerda britânica não soube ver um dos potenciais consideráveis daquela direita: a capacidade do Tatcherismo para se projetar como se estivesse aliado às grandes mudanças que varriam a economia mundial e aliado também ao reconhecimento popular de um novo acordo entre o trabalho e o capital para conter o relativo declínio econômico da Grã-Bretanha.

Assim, hoje, os partidos de centro-direita estão redescobrindo meios para alcançar votos: estão ativamente atacando os setores centristas e buscando ali seus eleitores. A União Cristã Democrática alemã de Angela Merkel há muito tempo quer atrair a esquerda, e governou ao longo do primeiro mandato em coalizão com os social-democratas do SPD. A crise financeira reforçou a determinação dos políticos alemães para demarcarem um ‘modelo alemão’, diferente dos piores excessos do capitalismo anglo-americano e da globalização neoliberal. 

A chanceler alemã parece decidida a derrotar seus adversários social-democratas atacando-os pela esquerda. O programa da União Cristã Democrática alemã inclui um salário mínimo federal, ação governamental para atacar o preço crescente dos aluguéis no setor de moradia e legislação a favor do casamento gay. A política de Merkel a favor de resgatar a Grécia e seus frequentes chamamentos à solidariedade europeia foram apoiados pelos progressistas, que não têm nada de melhor a acrescentar à posição de Merkel pró-Europa.

Assim também, o centro-direita na Noruega (onde haverá eleições na próxima 2ª-feira, 9/9) declara apoio aberto aos sindicatos, e promete não interferir nas leis hoje vigentes para o mercado de trabalho, mantendo a licença para trabalhadores doentes e as leis para o trabalho temporário. Para Sten Inge Jorgensen, jornalista em Morgenbladt, a explicação é clara: “O sucesso do Partido Conservador é resultado de estratégia cuidadosamente planejada, para mostrar-se como partido popular.” Contra essa visível mudança da direita em direção do centro e o novo apelo retórico, os progressistas noruegueses só ofereceram promessas de “governo seguro” e “estabilidade” – o que é pouco e não inspira confiança. 

Em toda a Europa, o conservadorismo ‘progressista’ está aparecendo, sob diferentes formas, adaptadas a diferentes tradições políticas, imperativos eleitorais e condições sociais. Mas o argumento ideológico que as unifica é a disposição para distanciar-se do individualismo, marca dominante do pensamento Conservador durante os anos 1980s; e para combinar aquela disposição e um renovado ceticismo contra o papel do Estado centralizado e contra a eficiência e eficácia do setor público. Essa agenda conservadora ‘progressista’ repousa sobre quatro pilares:

Primeiro, manter a dominância da economia: os conservadores muito lutaram pela bandeira da competência econômica, pintando os progressistas como ‘negadores do déficit’ incapazes de encontrar paliativo para a catástrofe do crash das finanças. Os partidos de centro-esquerda pareceram complacentes na questão da escala das dívidas públicas, pouco interessados a fazer as ‘escolhas duras’ entre aumentar impostos e cortar gastos públicos, necessárias para manter algum equilíbrio fiscal sustentável. E o centro-direita conseguiu redefinir a narrativa da crise como se fosse questão de “endividamento público”, não de “falibilidade dos mercados”. Hoje, já nenhum partido no mundo industrializado se manterá, como candidato com possibilidade de chegar ao governo, se não puder apresentar-se como gerente confiável da economia.

Segundo, redefinir o campo ‘centrista’: os Conservadores ‘progressistas’ combinam ceticismo quanto ao setor público e renovado compromisso com os valores da comunidade e do bem público. Na Noruega e na Alemanha, o centro-direita está conseguindo roubar da esquerda a bandeira da reforma progressista. Já abraçaram o compromisso de incluir os mais pobres e vulneráveis, criando um novo papel para as organizações caritativas, ONGs e todo o terceiro setor. Ao mesmo tempo, políticos de centro-direita cuidam atentamente de reformar direitos, como a assistência pública à saúde, aposentadorias e pensões, apelando diretamente aos eleitores que não confiam na seguridade pública.

Terceiro, renovar ‘valores tradicionais’ numa sociedade moderna: outra característica do apelo Conservador é promover as virtudes da ‘autenticidade’, da moralidade e da família, sem alienar os eleitores jovens, prósperos e educados. Isso significa reforçar modos de vida tradicional, protegendo simultaneamente as comunidades contra as forças impessoais da modernidade e da mudança social. O centro-direita aprendeu a fazer isso de tal modo que quase sempre evita o conflito social sobre o papel da mulher (como faz Merkel, que oferece bolsa de 100 euros a mães que permaneçam em casa), reconhecendo direitos individuais à não discriminação e tratamento igual às minorias. Os conservadores, assim, conseguiram romper a filiação tradicional aos partidos progressistas.

Por fim, adotar posição internacional pragmática: Os partidos conservadores em larga medida abandonaram seus instintos nacionalistas e protecionistas, a favor de cooperação internacional seletiva na União Europeia e nas instituições globais. Resultado disso, os partidos conservadores de centro-direita na Europa são hoje mais elegíveis que no passado, tendo já alcançado os grupos de renda baixa e média, porque governam ‘pela lei’ e ‘com competência’, não por dogma ideológico. Assim conseguiram recuperar-se dos danos que lhe causaram o núcleo duro da tradição conservadora que influenciava partidos de centro-direito na Europa, durante os anos 1950s e 1960s, encarnado na Democracia Cristã de Adenauer, e o conservadorismo da “Uma Nação” de MacMillan e Butler.

Claro que seria erro grave concluir que a agenda dos conservadores ‘progressistas’ teria poucas contradições. A questão da imigração, por exemplo, é um fio da navalha sobre o qual a centro-direita mal se equilibra, cada vez mais forçada a escolher entre seduzir (i) eleitores na ‘tradicional classe trabalhadora’, que estão abandonando a direita moderada e trocando-a pela extrema direita e (ii) eleitores liberais metropolitanos que abraçaram a globalização e o cosmopolitismo. É a escolha que David Cameron terá de fazer: por enquanto, flerta com a política de Lynton Crosby, o que talvez atraia apoiadores do Partido Independente do Reino Unido [orig. UK Independence Party, uma espécie de Tea Party não racista (NTs)], mas expõe-se ao risco de reviver lembranças dos Conservadores britânicos como o ‘partido sujo’. Seja como for, contudo, a nova política dos conservadores ‘progressistas’ já está impondo grave desafio à política de centro-esquerda.

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Patrick Diamond é vice-diretor de Policy Network e co-editor de Progressive Politics after the Crash: Governing from the Left[Política progressista depois do crash: governar pela esquerda] (em http://www.policy-network.net/news/3973/Governing-from-the-Left).

Tradução: Vila Vudu

Luis Nassif

18 Comentários

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  1. O título está errado

    O título está errado, o erro vem dos tradutores do Vila Vudu, que bobearam feio. O artigo não fala de “progressistas conservadores”, mas no oposto: de conservadores “progressistas”, como está dito e repetido várias vezes ao longo do texto. O título do original é “The new ‘progressive’ conservatism”, ou seja, “O novo conservadorismo ‘progressista’ “.

    http://www.newstatesman.com/international-politics/2013/09/new-progressive-conservatism

    Sugiro corrija-se o erro no título do post. Noves fora isso, a análise não deixa de ser alvissareira, e me faz torcer para que esse conservadorismo “progressista” imbua rapidamente nossa centro-direita também. Ou não é preferível uma direita “progressista”, mesmo se com aspas, a uma direita retrógrada, sem aspas, como a nossa?

    1. Não se iluda

      O que o artigo está alertando é que a esquerda tome cuidado para não ter as suas bandeiras roubadas.

      ACM Neto foi eleito em Salvador defendendo o Bolsa Família, as cotas, a lisura com o bem público, etc. Há poucos meses que assumiu o comando da prefeitura, parte de seus eleitores já estão de cabelo em pé. É só esperar mais um pouco para o castelo desabar. Sobre este falseamento da direita, e como ele se dá,  digo que linguagem, conceitos e eufemismos são armas importantes usadas pelos senhores do andar “de cima” concebidos por jornalistas e economistas capitalistas para maximizar a riqueza e a eficiência do neoliberalismo. Esta é a conclusão da releitura que fiz do artigo: A política da linguagem e a linguagem da regressão política de James Petras que está no link:

      http://assisprocura.blogspot.com.br/2012/05/retorica-e-eufemismos-na-economia.html

       

    2. Engraçado, progressive quer

      Engraçado, progressive quer dizer progressivo, enquanto para o termo progressista temos a palavra progressist…

      Talvez nesta armadilha semântica(titia ‘tá delirando por causa do suco de abóbora) esteja a chave da diferenciação que o texto traz: Conservadorismo progressivo (progresism conservatism) é diferente de associá-lo com a palavra progressista (que ficaria: progressist conservatism).

      O conservadorismo não pode significar ao mesmo tempo manutenção (conservação) e progressismo, se considerarmos este vocábulo como sinônimo de melhoria…enquanto progressivo admite movimento, mas com natureza diferente, ou seja, prejudicial, ainda que traga algumas conquistas do campo progressista como contrabando.

      Toda possibilidade de melhoria da Humanidade pelo conservadorismo capitalista é a História se repetindo como fraude…

  2. Eu já comentei isso aqui no

    Eu já comentei isso aqui no blog e até cheguei a debater com o Gunter.

    O mundo pode estar passando por uma contra-revolução de 1968, isso explica o crescimento do discurso religioso.

    Se antes de 68 a sociedade era reprimida e com inúmeros tabus sociais. Os pós-68 gerou um individualismo exarcebado, a sociedade está cansada dos problemas gerados pela desintegração social (pais abandonando filhos, separações traumáticas) e exige um retorno aos valores familiares.

    O próprio casamento gay criticado e incompreendido pelos religiosos tradicionalistas, também é uma medida que resgata os valores familiares do casamento, uma instituição que há muitos anos está em crise entre os héteros.

    Essa direita religiosa tem uma tendência de ser mais intervencionista (principalmente na economia) o que os aproxima dos progressistas de esquerda e afasta dos direitistas liberais. Já que o desemprego alto é um elemento desagregador social e familiar…

    Mais uma vez a esquerda latino-americana prova está na vanguarda política do socialismo, ninguém nos anos 80 e 90 entendia a aproximação do PT e o Foro de São Paulo da Teologia da Libertação, com o tempo provou-se que isso é uma tendência futura e chega até a influenciar o Papa Francisco.

    O conservadorismo de Reagan e Thatcher também usufruiu da ideologia libertária em certos momentos.

    1. Se há conservadores progressistas há progressistas conservadores

      Uma coisa básica é entender que, dos anos 1980 para cá, a política deixou de se nortear pelo permanente eixo ‘direita/esquerda’, que define papel de Estado, estatizações, tributações progressivas ou regressivas.

      Surgiu um outro eixo de ‘valores’, que vai do mais autoritário (disfarçado nos discursos com a falácia da ‘vontade da maioria’), ao mais libertário (que no inglês norte-americano seria ‘liberalismo’ para quem é de esquerda em economia e ‘libertarianismo’ para quem é de direita em economia.)

      Há tendências de longo prazo para o eixo focado em economia, que são o centro ser progressivamente cada vez mais à esquerda. Mesmo quando há ondas de privatização e liberalização de regras para o mercado de trabalho, o retorno nunca se dá ao ponto mais à direita anterior. Isso sob os modelos de democracia representativa partidária (ou seja, excluindo-se os países que passaram pela experiência do socialismo real.)

      Por mais que Reagan e Thatcher tenham cortado impostos e gastos públicos, não voltaram ao começo do século XX. No longo prazo as sociedades caminham para maior participação do Estado nas economias e na redução de injustiças sociais, e isso é aceito à esquerda e à direita.

      O que leva a outra coisa básica: políticas redistributivas, de igualdade de oportunidades em educação e saúde, de aceitação de imigrantes, etc etc não são mais bandeiras de esquerda, são bandeiras para a manutenção da viabilidade das sociedades capitalistas.

      Em outras palavras, não é necessário ser ‘de esquerda’ para ter bom senso comum.

      Já para valores há várias questões que não permitem esse movimento pendular (+ ou – impostos, + ou – estatais.) Quando sociedades descriminalizam o aborto ou a maconha, ou fazem a abolição da pena de morte, é muito difícil que voltem atrás. Cada causa só pode ser utilizada eleitoralmente uma vez, na prática, portanto, para a maioria delas.

      Aí passamos para a realidade que são as eleições, um concurso de propaganda. As coisas se dão com variações nos diferentes países, foquemos com exemplos brasileiros.

      Políticas como bolsa-família deixam de ser ‘política de governo’ e passam a ser ‘política de estado’. Há uma propaganda de medo disseminada por redes sociais que busca imputar ao PSDB uma tendência a voltar atrás nisso. Não importa o que Gunter ou Filipe acreditem, importa o que a maioria da população acredita que poderá acontecer.  Acho (apenas acho, nunca vi pesquisa sobre isso) que a maioria da população não teria receio de ‘retorno da direita’ por esse lado.

      (O movimento de conservadores adotarem ‘pautas progressistas’ é mera manutenção da viabilidade de sociedades capitalistas, com a diminuição de conflitos.)

      Aí partidos de centro-esquerda ficam sem o monopólio do discurso social. Precisam, para garantir vitórias eleitorais, apelar para sentimentos de massa. Ora, massas são mais suscetíveis a discursos conservadores de medo, como o de ‘fim da família’. Não é à toa que os mais pobres, com menor escolaridade, são os mais contrários à descriminalização do aborto e a reconhecer a naturalidade da orientação homossexual.

      São justamente as vítimas (da perseguição policial em periferias) que servem de massa de manobra para obstar a redução do Estado Penal! A descriminalização da maconha seria um alívio no excesso de aprisionamento e mortandade entre jovens negros, mas a defesa dessa tese (como, por exemplo, quando feita por FHC) é objeto de demonização pelo ‘conservadorismo’ que se implantou no (autodenominado) progressismo.

      Esquerdas não sabem reagir quando a direita faz discurso progressista. Quando FHC defende a descriminalização da maconha, ou Obama defende a inclusão de LGBTs, a reação é patética. Tenta-se desqualificar o discurso com argumentações ad hominen, como se políticos de direita não tivessem moral para defender aquilo que justamente é cobrado deles! (Isto é, que deixem de ser reacionários.)

      As ‘esquerdas’ não gostam de perder bandeiras, reagem muito mal quando acontece isso. O mimimi no Brasil, em torno de direitos civis de LGBTs, é cabal a respeito. (Esse é o assunto que melhor conheço, por isso o exploro, mas analogias podem ser encontradas em vários temas.) 

      Se um político do PSDB ou um veículo de mídia (como, ostensivamente, as Organizações Globo), defendem direitos LGBTs, a reação das ‘esquerdas’ deveria ser reconhecer que esse assunto já tem decisão de maioria na opinião pública brasileira.

      Ao invés de aceitar isso e se unir ao coro da igualdade, o que se faz? Resiste-se à ideia da inclusão, ora se omitindo em relação à flagrante necessidade de se lidar com a homofobia ora fazendo um discurso ativamente conservador (“não vamos combater bullying em escolas públicas porque pastores não gostam”.)

      Não adianta argumentar que o discurso menos conservador moral que a direita vêm fazendo atrairá votos da classe média que antes preferiria a esquerda, e poderá fazer perder votos entre eventuais pobres informados da importância desses temas (a adolescente que enfrenta uma gravidez indesejada, preferirá um discurso conservador em economia, mas que reconhece seu direito ao aborto, ou prefrirá um discurso ‘progressista’ em economia, que a trata como criminosa? Por que a Globo enxertou em três programas, neste ano, defesas pela descriminalização do aborto? Por que dois programas Globo Repórter para elogiar as legislações de Portugal e Uruguai?)

      Caso um jovem pobre tenha consciência da realidade da repressão policial, que vantagem tem ele em embarcar nesse atual discurso de partidos governistas pela redução da maioridade penal e recriminalização do consumo recreativo de drogas? (Se bem que o apoio à redução da maioridade penal perpassa toda a sociedade, inclusive a que vota no PSDB.)

      Como convencer um adolescente pobre LGBT, perseguido nas escolas, nas comunidades e em suas famílias, de que o abandono do combate à homofobia foi uma ideia ‘progressista’? Impossível, de tão ilógico que é esse discurso ‘realpolitik’ de que é bom desprezar injustiças presentes em nome de igualdades futuras.

      O discurso oficial do PT e PMDB em relação a esses assuntos é um equívoco completo. Não impedirá a reeleição de Dilma, por óbvio. Mas leva a desgastes tanto à esquerda (PSoL) como à direita (PSDB, PPS, PV) que começam a abordar com maior naturalidade o inevitável. 

      Criminalização da homofobia já é vontade de quase 80% da população, por que lutar contra isso? (Sabemos que é para garantir acordos de tempo de TV.)

      Redução da maioridade penal é inconstitucional. PEC do Plebiscito e Estatuto do Nascituro também. Por que apoiar via acordos de bancadas as tentativas para se retroceder a 1939? Por que obstacularizar a atualização do Código Penal?

      As propostas conservadoras que o PT defende podem trazer benefícios eleitorais de curto prazo, ainda há massas ingênuas e de menor instrução que acreditam nelas. 

      Mas o flanco na área de valores está aberto para a direita (em economia) apresentar-se como ‘moderna’.

      E o PT (e as esquerdas bolivarianas) precisarão saber lidar com isso.

       

      1. PSDB e Bolsa Família

        Políticas como bolsa-família deixam de ser ‘política de governo’ e passam a ser ‘política de estado’. Há uma propaganda de medo disseminada por redes sociais que busca imputar ao PSDB uma tendência a voltar atrás nisso.

        Caro Gunter,

        Não busca imputar, no último programa do PSDB em 30/05/2013 Aécio falou de forma clara contra o bolsa-famíla.

        Veja aqui num programa, de uma fonte insuspeita para o caso (CBN):

        http://cbn.globoradio.globo.com/editorias/politica/2013/05/30/AECIO-NEVES-FAZ-ATAQUES-AO-BOLSA-FAMILIA-DURANTE-PROPAGANDA-POLITICA-DO-PMDB.htm

        Acho (apenas acho, nunca vi pesquisa sobre isso) que a maioria da população não teria receio de ‘retorno da direita’ por esse lado.

        Se não tem receio, é melhor começar a ter.

        Quanto aos outros temas, concordo com você. O perfil conservador de parte da aliança empurra o PT para posições extremamente incômodas, que ocorrem constantemente inclusive no interior do partido (onde existem vozes progressistas sobre os temas abordados). 

        1. Oi Gilberto .
          Quando um

          Oi Gilberto .

          Quando um político faz isso que Aécio fez paga um preço político também. Bad for him.

          Se ele defendesse abertamente o Bolsa-família não espantaria eleitores de seu nicho (classe média), que cairiam nele por gravidade, e poderia atrair parte dos mais pobres. Estaria, talvez, melhor em pesquisas.

          É justamente por isso que as pessoas não precisam ter receio, já rebatem isso ao responderem a pesquisas. Se algum político do PSDB voltar a exercer o cargo executivo não será fazendo discurso neo-udenista. E mesmo que sim, enfrentaria extrema oposição.

          Analogamente, o discurso conservador religioso do PT não atrai novos eleitores junto à classe média e pode espantar uma muito pequena mas crescente parte de eleitores pobres que não querem progressismo só em economia, mas também em valores.

          Discursos conservadores, quer em economia quer em moral podem trazer bônus ou ônus eleitorais em todo o espectro social.

           

      2. ?

        Este trecho: “(…)As propostas conservadoras que o PT defende podem trazer benefícios eleitorais de curto prazo, ainda há massas ingênuas e de menor instrução que acreditam nelas (…)” não combina com este: “(…)Criminalização da homofobia já é vontade de quase 80% da população, por que lutar contra isso?”

        Afinal, as massas são ingênuas quando convergem ao “pragmatismo petista” ou são “modernas” quando concordam em criminalizar a homofobia?

        Ué, se estão majoritariamente a favor de um valor, por que não impõem a agenda do governo através dos suas maiorias parlamentares ou dos movimentos pró-minorias, com a devida pressão que sensibilizaria este governo?

        Titia ‘tá, de novo, confusa…

  3. Lições para nossa casa

    Este maravilhoso texto que relata as condições políticas de outros países serve bem para a nossa situação doméstica.

    O texto fala “Na Noruega e na Alemanha, o centro-direita está conseguindo roubar da esquerda a bandeira da reforma progressista.”  Esta situação foi quase conseguida aqui no Brasil quando setores progressistas procuraram rotular e condenar os movimentos de rua em junho passado dando margem para o que o texto define como novas estratégias de capturação de outros setores da sociedade “conservadorismo progressista” tom-se para si as bandeiras que sempre foram das esquerdas, aquelas mesmas defendidas pelos manifestantes; Melhoria dos serviços públicos notadamente nas áreas de saude, educação e transportes.

    Por pouco não perdemos para a direita essa que é a maior parte da nossa população; a juventude, e isso graças a genialidade de Dilma que percebeu claramente que as revindicações eram legítimas, justas, reais, e que estava dentro do que ela mesmo defendeu durante toda a sua vida.

    Sobre a importância dos jovens nos movimentos que impulsionam a sociedade por avanços cito passagens do ícone Luiz Carlos Maciel, em seu livro “Geração em Transe”:

    “…a visão característica básica da visão madura é a necessidade de organização.

    Um mundo organizado pela visão madura, manifesta em toda espécie de leis e regulamentos, deve sofrer periodicamente as fraturas criadas pela visão juvenil. Trata – se da condição de equilíbrio mínimo, capaz de insuflar a renovação num mundo dominado pela rigidez da ordem. Ainda que perigosa, a anarquia juvenil, ao contrário, é vitalizadora. Movimentos culturais tipicamente dominados por jovens, como os surgidos na era áurea do “Poder Jovem”, os anos sessenta, como a Contracultura e o Tropicalismo, são exemplos típicos da visão juvenil.(…) A principal função social da visão juvenil é a de gerar antídotos contra os venenos propiciados pela visão madura e seus apegos característicos. Pode – se dizer, portanto, que a vida que a vida é renovada através da insensatez.

    (…)Tal avanço foi de espantar todo mundo; os mais conservadores, em especial, inclusive da esquerda, ficaram assustados. Colocar o real como um todo, de maneira tão radical, era de uma audácia intolerável.

    Sim, as ousadias da época tiveram que ser anuladas, ou eliminadas, ou, pelo menos, distorcidas para que o mundo continuasse a ser o que era e “os mesmos patifes de sempre continuassem a mandar em tudo”, conforme disse John Lennon, ao declarar o fim do sonho. Para isso, os meios de anulação, eliminação e distorção foram aperfeiçoados e refinados.”

    1. Está acontecendo uma

      Está acontecendo uma inversão, nacionalismo que sempre foi ideologia de direita, está virando bandeira da esquerda latino-americana.

  4. A esquerda brasileira dos

    A esquerda brasileira dos anos 60 e 70 era machista é claro que não era o mesmo machismo da direita que apoiava os militares porém era mais machista do  que a esquerda européia do mesmo período. O Feminismo não era discutido na esquerda brasileira da época era considerado um assunto menor e não era para eles  um assunto urgente a revolução e derrubada da ditadura era para a esquerda o que interessava. As próprias mulheres da esquerda só foram tomar conhecimento do Feminismo no Exílio na Europa e começaram a questionar o machismo da esquerda brasileira mas não só isso: também a homossexualidade! O Gunter não deve saber porém o guerrilheiro Hebert Daniel (da mesma organização da presidente VPR)se assumiu homossexual no exílio causando espanto nos homens da esquerda da época ele introduziu esse assunto  :A Homofobia na esquerda  principalmente nas organizações de guerrilha urbana dos anos 70. Hebert Daniel quebrou o esteriótipo do guerrilheiro heterossexual latinoamericano. Portanto a esquerda tem que se despir dos preconceitos moralistas  e aprender que se não o fizer ficará encurralada a Direita vai se apropriar sempre da idéias da esquerda se a direita der um passo a frente a esquerda deve dar dois! mas isso só é possivel com discussão interna e autocrítica.

    1. Eu soube algo sobre Hebert

      Eu soube algo sobre Hebert Daniel. No caso ele foi a exceção que confirma a regra, não? Um conhecido que militava nos anos 70 também me falou que homoafetividade era mal vista no meio.

      Acho que o contexto era o contrário da peça/do livro “O Beijo da Mulher-Aranha”.

      Também já li um artigo bom sobre os problemas entre grupos LGBT e a esquerda francesa nos anos 1970. Deve ter sido um pouco assim por todo lugar. (artigo muito bom mesmo, está em algum ponto do brasilianas…)

      Soube por acaso mesmo porque, de fato e como você pôde intuir, não sou interessado em história da esquerda em geral, nem da brasileira em particular.

      Mas história de direitos LGBTs e os discursos feitos em torno conheço um pouco mais.

      Houve um período (anos 1980, a partir de ligações com o grupo Somos, entre outros, até meados dos anos 2000) em que o PT foi o mais simpatizante do Brasil. Foi o que mais apresentou projetos (Iara Bernardi, Marta Suplicy, Fátima Cleide, Erika Kokay) Em geral mulheres, projeto-lei pró-LGBT assinado por homem não lembro, mas sei que Dr. Rosinha, Paulo Teixeira e Paim fazem bons discursos.  Se são sinceros ou apenas jogada pra torcida (setoriais LGBT do PT) não sei.

      Vai ver era o modo de se conseguir votos na época! 😉 E para os partidos social-democratas e trabalhistas europeus também (se bem que na maioria dos países europeus a centro-esquerda ainda é mais simpatizante que a centro-direita, esse movimento citado no artigo, da CDU alemã, é muito recente, como também foi o de Cameron.)

      Temos um governador que joga a favor (Tarso Genro) e outro que joga contra (Agnelo) e mais um que é indeciso (Wagner, que além de se recusar a prestigiar as paradas de Salvador costura acordos com o PSC, não obstante o Estado da Bahia faz algumas campanhas inclusivas.)

      Também não sei se PT é, quer ser ou se considera de ‘esquerda’, nem isso é importante para mim. Se um político não pode se declarar simpatizante LGBT em público, é eliminado da minha cédula eleitoral e pronto. “Realpoltik” e discursos genéricos sobre a “igualdade” futura pertencem aos anos 1960. 

      Isto é, não considero alguém ser simpatizante condição “suficiente”, mas apenas “necessária”. Respeitar direitos civis é algo básico, óbvio, universal e precede ideologia. Depois, entre os simpatizantes, é que me ocupo de escolher quem eu prefiro.

      “Portanto a esquerda tem que se despir dos preconceitos moralistas e aprender que se não o fizer ficará encurralada a direita vai se apropriar sempre das idéias da esquerda”

      Eu tenho certeza disso. Para mim parece o óbvio ululante.

      Mas a direita já se apropriou do principal discurso, que era o da social-democracia (travestido de social-liberalismo para fins de angariar apoios conservadores.)

      “se a direita der um passo a frente a esquerda deve dar dois! mas isso só é possivel com discussão interna e autocrítica.”

      Imagino que você seja uma pessoa de esquerda, crisbr. E que esteja certa/o no diagnóstico. Mas isso é um problema da esquerda, não de LGBTs nem da opinião pública em geral.

      Eu realmente acho que um partido (ou parte de seus militantes) se autodenominar disso ou daquilo (conservador, progressista, liberal, esquerda, etc) não significa nada se a prática congressista não combinar.

      E o que posso falar do que observo é que a prática congressista recente do PT é basicamente conservadora moral.

      As teses são conservadoras? O eleitor disputado é o conservador? Há um esforço ativo para se postergar mudanças inevitáveis?

      É conservador.

      https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/o-conservadorismo-moral-do-pt-como-tabu

       

  5. A síndrome de Poliana e a dança das ideologias…

    Titia ‘tá meio confusa…O texto é provocador, em todos os sentidos…

    Um pequeno erro: Desconsiderar o fato histórico de que os postulados chamados progressistas NUNCA detiveram a hegemonia em nenhum país do mundo, nem atrás das cortinas de ferro…Daí uma cobrança que titia considera extremada do papel que as esquerdas deveriam protagonizar…

    É um bom chamado à reflexão, titia concorda, mas um pouco exagerada…

    Os arranjos ideológicos chamados progressistas sempre oscilaram entre a urgência da (re)arrumação das merdas cataclísmicas e perenes do ultra-mercadismo capitalista, e uma agenda moral-social liberalizante, do tipo: salvem as baleias, não queimem as bruxas (uiii, titia ‘tá incluída), respeitem os gays, lésbicas, não xinguem os pretos, liberem o aborto, etc…

    No Brasil, pelo menos, estes temas nem sempre ocuparam a pauta dos movimentos sociais organizados mais densos, que não à toa deram origem a maior força partidária de esquerda brasileira, o PT: as eclesiais de base e o sindicalismo combativo.

    Titia não conhece a realidade das esquerdas mundiais, mas não parece, salvo pequenas exceções, que os partidos da chamada esquerda tradicional sejam menos dúbios que o PT no tocante aos direitos da minorias…Neste sentido, teremos posições avançadas em alguns quesitos, como temas raciais, e teremos outros enclaves reacionários, como aborto, gays, etc, geralmente ligados a religiosidade, tema sensível na política mundial…

    Levadas aos estamentos políticos de cada país, cada qual com sua particularidade, os valores progressistas sempre foram apreendidos ou rejeitados por cada estrato social (corte de classe) de forma distinta, mas não seria errado dizer que o senso comum, seja ele sueco, estadunidense, francês, malaio ou brasileiro, sempre foi conservador…

    E neste ponto o texto acerta em cheio…O conservadorismo progressista só é possível na medida que o conservadorismo é dominante ainda que os governos sejam de esquerda…o que não significa (ainda não) que a esquerda alcance o poder…

    O conservadorismo progressista é a espiral capitalista dando mais uma volta, sempre mais ampla, onde incorpora aspectos mitigadores dos impactos da enorme concentração e oscilação dos fluxos de capital(retração/expansão), e se prepara para ir mais fundo do que foi antes, considerados estes aspectos macroeconômicos.

    Por isto que titia acha o comentário do Gunter ruim…

    Não se trata de mimimi, ou de dor de cotovelo quando um cínico como ffhhcc fala de temas como drogas, gays, etc…

    Pode até ser um pouco de ciúmes, mas é justificável, afinal, estes nomes conservadores quando estiveram com a caneta nas mãos exerceram seu conservadorismo ao extremo, e agora posam de teóricos da liberdade…

    E se fazer política, ainda que as de “Estado”(ainda que de “Estado”, não são desprovidas de eixo ideológico, porque o Estado nunca será neutro) é demarcar campo e identificar os atores para angariar mais ou menos apoio, mais ou menos representatividade e capital político na disputa pela hegemonia, titia acha estranho que grupos de defesa das minorias caiam na lenga-lenga da direita, hipócrita e autoritária, e “desembeste” a “denunciar” apenas contradições da esquerda, contradições estas já conhecidas, mas que nunca impediram que o debate avançasse nos governos de esquerda, ainda que os acordos e arranjos de governabilidade imponham a estes governos recuos…

    Em tempo: foi ffhhcc que assinou a lei do abate (nossa pena de morte, sem julgamento)…E se fazer política é expressar alguma coerência entre discurso e prática (justamente o que o tio Gunter reclama na esquerda), não faz qualquer sentido dar peso ao que fala o ex-presidente…

     

    1. “Daí uma cobrança que titia

      “Daí uma cobrança que titia considera extremada do papel que as esquerdas deveriam protagonizar…”

      Não inventa que ninguém está cobrando nada de especial.

      Basta que titias e titios digam claramente no Congresso:

      “eu apoio o combate à homofobia”, “eu apoio a descriminalização da maconha”, “eu apoio a descriminalização do aborto”.

      Se o pessoal das ‘direitas’, eventualmente vier a falar isso, não caberá desculpa para ‘as esquerdas’ não falarem.

      Aliás, já não cabe, independentemente das bobagens que ‘direitas’ digam.

      Simples assim.

       

       

      1. Gunter, perdoe titia por não

        Gunter, perdoe titia por não ter sido demasiadamente clara!

        Acho que estamos debatendo em duas estações…A mim, como bruxa e perseguida, há pelo menos quatro séculos, interessa mais que não acendam a fogueira, àqueles que apenas discursem sobre os benefícios da água, inclusive para apagar fogueiras quando der tempo…

        A política se exerce em várias instâncias: Nesta aqui, modesta porém profícua, onde estamos, nos Congressos, nos setores da sociedade (como gays, lésbicas, mulhres, negros, etc), na oposição, na mídia, etc.

        Titia sabe que você compreende que cada instância preconiza uma ação adequada, e que, via de regra, governos FAZEM, enquanto a oposição sobra o discurso…

        Eu tenho certeza: ainda que não hegemônica, como ensinou titio Gramsci, e sempre a busca pelo controle da produção ideológica das classes, é da esquerda  as únicas conquistas da Humanidade no campo dos Direitos Humanos que mereçam este nome…

        Ainda que você considere parte da esquerda omissa e aliada a homofóbicos, machistas, sexistas, racistas, foi um GOVERNO DO PT que possibilitou este debate inédito na Democracia brasileira, para o bem ou para o mal, e que tem empurrado a direita para assumir estas bandeiras, sob pena de não saírem do isolamento onde já se encontram…

        Mas não se iluda, titia sabe que quando eles voltam ao poder, lá vêm as fogueiras de novo…E aí, não adianta chorar, mona…

        Outra coisinha: Não houve país no MUNDO que tenha resolvido seus problemas de Direitos Humanos e minorias antes de resolver seus problemas de distribuição de renda, justiça social e conforto econômico, porque pior do que ser bicha, é ser bicha e pobre…pior que ser preto, é ser preto é pobre, e por aí vamos…

        Um grande beijo de titia, sua fã….

      2. Gunter, perdoe titia por não

        Gunter, perdoe titia por não ter sido demasiadamente clara!

        Acho que estamos debatendo em duas estações…A mim, como bruxa e perseguida, há pelo menos quatro séculos, interessa mais que não acendam a fogueira, àqueles que apenas discursem sobre os benefícios da água, inclusive para apagar fogueiras quando der tempo…

        A política se exerce em várias instâncias: Nesta aqui, modesta porém profícua, onde estamos, nos Congressos, nos setores da sociedade (como gays, lésbicas, mulhres, negros, etc), na oposição, na mídia, etc.

        Titia sabe que você compreende que cada instância preconiza uma ação adequada, e que, via de regra, governos FAZEM, enquanto a oposição sobra o discurso…

        Eu tenho certeza: ainda que não hegemônica, como ensinou titio Gramsci, e sempre a busca pelo controle da produção ideológica das classes, é da esquerda  as únicas conquistas da Humanidade no campo dos Direitos Humanos que mereçam este nome…

        Ainda que você considere parte da esquerda omissa e aliada a homofóbicos, machistas, sexistas, racistas, foi um GOVERNO DO PT que possibilitou este debate inédito na Democracia brasileira, para o bem ou para o mal, e que tem empurrado a direita para assumir estas bandeiras, sob pena de não saírem do isolamento onde já se encontram…

        Mas não se iluda, titia sabe que quando eles voltam ao poder, lá vêm as fogueiras de novo…E aí, não adianta chorar, mona…

        Outra coisinha: Não houve país no MUNDO que tenha resolvido seus problemas de Direitos Humanos e minorias antes de resolver seus problemas de distribuição de renda, justiça social e conforto econômico, porque pior do que ser bicha, é ser bicha e pobre…pior que ser preto, é ser preto é pobre, e por aí vamos…

        Um grande beijo de titia, sua fã….

      3. Titia pede perdão por se

        Titia pede perdão por se expressar tão mal, caro Gunter…

        Acho que não deixei claro que, como bruxa e perseguida há três séculos, eu prefiro aqueles que não acendam a fogueira àqueles que discursam sobre os benefícios da água, e apenas se dão conta de que água serve para apagar o fogo quando não há mais tempo…

        Neste sentido, titia acha que Gunter entende que política e os atos simbólicos da política se dão em instâncias, e sob uma práxis diferentes, ou seja, GOVERNOS fazem mais, enquanto mídia, oposição e grupos de defesa de minorias FALAM mais, o que não determina nenhuma hierarquia entre estas ações, ao contrário, às vezes um bom discurso supre várias ações…Mas ainda assim, no jogo fa hegemonia ensinado pelo bruxo italiano, Gramsci, governos estão sempre mais vulneráveis na disputa pelo controle da ideologia das classes, e neste caso, dos grupos e minorias…

        Não é o caso, haja vista que ainda que aliado com homofóbicos, sexistas e até racistas, foi o GOVERNO do PT que mais avançou e provocou (ou permitiu) o debate dentro do próprio governo, e nas instâncias de representação e instituições oficiais, e é bom repetir: os valores da defesa das minorias não são unanimidade, e sequer contam com apoio hegemônico, caso contrário, este debate nem teria sentido, frente a uma esmagadora maioria parlamentar pro-gays, negros, mulheres e pobres…

        Eu olho ao redor do mundo e enxergo que nenhum país deu conta dos diretos da minorias sem antes estabelecer condições de justiça social, distribuição de renda, e conforto econômico, porque eu e você sabemos que pior que ser bruxa, bicha ou mulher, negro ou negra, é ser bruxa, bicha, mulher, negro ou negra POBRE neste país…

         

        Um grande beijo de sua fã, caro Gunter…

         

         

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