Os 6 núcleos da “organização criminosa” sob Bolsonaro, segundo a PF

Carla Castanho
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN
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Ataques ao sistema eleitoral já estavam em prática desde 2019, seguindo o modus operandi do gabinete do ódio

FOTO: ISAC NÓBREGA/PR

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, dividiu em seis núcleos a atuação da organização criminosa que tinha como objetivo planejar e executar o golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder. A decisão a que o GGN teve acesso autorizou a fase ostensiva da Operação Tempus Veritatis, deflagrada nesta quinta (8).

Com a finalidade de assegurar a permanência do grupo no poder, priorizando a interligação entre eles, as funções eram divididas em seis núcleos, sendo:

1- Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
2- Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
3- Núcleo Jurídico;
4- Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
5- Núcleo de Oficiais de Alta Patente com Influência e
6 – Apoio a Outros Núcleos

Os ataques ao sistema eletrônico de votação não surgiram após o segundo turno das eleições de 2022, mas já estavam em prática desde 2019, seguindo o modus operandi do autodenominado “gabinete do ódio” para “propagar a ideia de vulnerabilidade e fraude no sistema eletrônico de votação do país”, por meio das milícias digitais. 

Os golpistas foram divididos em:

  1. Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral

A atuação do grupo era delineada na disseminação, divulgação e amplificação de informações inverídicas acerca da integridade das eleições presidenciais de 2022, cujo objetivo era instigar seguidores a permanecerem em frente a quartéis e instalações das Forças Armadas, a fim de criar um ambiente propício para um golpe de Estado. 

A lista menciona os nomes de Mauro Cesar Barbosa Cid, Anderson Torres, Angelo Martins Denicoli, Fernando Cerimedo, Eder Lindsay Magalhães Balbino, Hélio Ferreira Lima, Guilherme Marques Almeida, Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Tércio Arnaud Tomaz.

2. Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado

A tática empregada era a identificação de alvos específicos para intensificar ataques pessoais direcionados a militares em posições de comando que resistiam às investigações sobre as atividades golpistas. Esses ataques eram meticulosamente difundidos através de diversos canais, valendo-se também de influenciadores que detinham autoridade perante a “audiência” militar.

Walter Souza Braga Netto, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, Ailton Gonçalves Moraes Barros, Bernardo Romão Correa Neto e Mauro Cesar Barbosa Cid compunham o grupo em questão.

3. Núcleo Jurídico

O modus operandi do Núcleo Jurídico era o aconselhamento e a redação de decretos embasados em “fundamentação jurídica e doutrinária” para atender aos objetivos golpistas do grupo investigado.

Compunham o grupo Filipe Garcia Martins Pereira, Anderson Gustavo Torres, Amauri Feres Saad, Jose Eduardo de Oliveira e Silva e Mauro Cesar Barbosa Cid.

 4. Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas

Mauro Cesar Cid desempenhava um papel central na coordenação e diálogo de reuniões para planejar e executar medidas que visavam manter manifestações em frente aos quarteis militares. Desde a organização logística, mobilização e financiamento de militares das forças especiais em Brasília.

Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Bernardo Romão Correa Neto, Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Alex de Araújo Rodrigues e Cleverson Ney Magalhães são os nomes respectivos do núcleo de apoio ao golpe. 

5. Núcleo de Inteligência Paralela

Coleta estratégica de dados e informações para orientar as decisões do então Presidente da República, Jair Bolsonaro, durante a consumação do Golpe de Estado. Essa atuação envolvia o monitoramento do itinerário, deslocamento e paradeiro do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e possíveis outras autoridades, com o intuito de facilitar a captura e detenção durante a assinatura do decreto de Golpe de Estado.

Os nomes que faziam parte eram os de Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Marcelo Costa Câmara e Mauro Cesar Barbosa Cid. 

6. Núcleo de Oficiais de Alta Patente com Influência e Apoio a Outros Núcleos

Por meio de suas posições de alta patente militar, atuaram influenciando e estimulando o apoio aos outros núcleos, respaldando ações e medidas destinadas à concretização do Golpe de Estado. 

Walter Souza Braga Netto, Almir Garnier Santos, Mario Fernandes, Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, Laércio Vergílio e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira se destacam neste grupo de influência. 

As condutas do grupo investigado

A autoridade policial sustenta a representação com base em quatro condutas do grupo investigado. A primeira, na live de 2021, realizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na qual apontou suspeitas de fraudes e manipulação de votos nas eleições, ao se basear na fragilidade do sistema eleitoral.

A reunião de cúpula do Poder Executivo Federal, em julho de 2022, também liderada por Bolsonaro, vem em segundo. Nesta, foram apresentadas informações falsas sobre fraudes eleitorais, com ataques ao Presidente Lula e aos Ministros do STF Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes, cabendo “destacar a orientação externada pela liderança daquele encontro no sentido de que tais informações inverídicas deveriam ser promovidas e replicadas em cada uma das áreas dos participantes”. 

Em terceiro, era realizado o emprego de especialistas em tecnologia para adquirir dados com o propósito de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro, “que viriam a ser difundidos por influenciadores de largo alcance nas redes sociais e mídia tradicional, inclusive no exterior”. 

Por último, a “manipulação pelo grupo investigado quanto à divulgação do relatório elaborado pelo Ministério da Defesa sobre a segurança do sistema eletrônico de votação”.

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