Passadas as eleições, caem os mantras

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – “Mesmo se o governo fechasse todos os ministérios com exceção dos ministérios da Educação, Trabalho, Saúde, Previdência e Ministério do Desenvolvimento Social, a economia possível seria de 1,1% do PIB”, diz analista ouvido pelo jornal O Globo. Para o economista Raul Velloso, é claro o problema do aumento das despesas do governo. Mas ele acredita que, diante da situação financeira, o governo tem que fazer algum corte efetivo informa o jornal.

Sugerido por Assis Ribeiro

Governo só tem 9% dos gastos de custeio para cortar, dizem analistas

De O Globo

Segundo eles, despesas obrigatórias deixam pouca margem de manobra para Dilma

Embora a presidente Dilma Rousseff tenha prometido “olhar com lupa” os gastos da máquina pública para promover cortes, essa decisão não será simples. O governo tem hoje um universo de cerca de R$ 56,8 bilhões onde poderia promover cortes no chamado custeio da máquina. Só que a própria presidente Dilma deixou claro ontem que também não está disposta a diminuir o número de ministérios, o que poderia gerar economia de cargos nomeados politicamente, gratificações, despesas com terceirizados e estrutura física de cada um. Segundo dados do Siafi, de janeiro a outubro, os gastos em custeio chegam a R$ 615,67 bilhões, sendo que apenas R$ 56,8 bilhões, ou 9,22% do total, é efetivamente passível de corte.

Isso porque mesmo as despesas livres do governo já são hoje, na sua maioria, comprometidas com pagamentos sociais. Esse espaço para corte de R$ 56,8 bilhões equivaleria a 1,1% do PIB, mas os especialistas dizem que não se pode simplesmente acabar com todos esses gastos de custeio dos ministérios de uma só vez. Embora agora a presidente fale em cortar, o problema dos gastos públicos é que o governo vem aumentando, ano a ano, essas chamadas despesas correntes — especialmente com pagamento de benefícios sociais e previdenciários, onde não se pode cortar.

O levantamento no Siafi foi feito pelo economista Mansueto Almeida, que integraria a equipe econômica de Aécio Neves se o tucano tivesse sido eleito presidente. Foram retirados dos R$ 615,67 bilhões gastos em custeio todas as despesas com as funções sociais — Previdência, Saúde, Educação, Trabalho, Bolsa Família e Assistência Social — e ainda as transferências constitucionais e pagamentos de precatórios judiciais, bem como o custeio dos Poderes Legislativo e Judiciário. Então se chegou aos R$ 56,8 bi.

Para Mansueto, o governo poderia reduzir entre 0,2% a 0,3% do total das despesas de custeio, no máximo, o que daria algo entre R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões, utilizando a execução do Orçamento até 31 de outubro. Em 2013, o Orçamento teve o mesmo comportamento: foram pagos R$ 640,9 bilhões de despesas correntes ou de custeio, sendo que livres mesmo foram R$ 45,1 bilhões — o universo que o governo poderia ter mexido —, ou 0,93% do PIB.

O economista lembra ainda que se cortassem todas as despesas com diárias e passagens, por exemplo, a economia seria de cerca de R$ 2,5 bilhões. Nos últimos anos, o governo vem anunciando a redução desses gastos, num valor aproximado a esse.

— Mesmo se o governo fechasse todos os ministérios com exceção dos ministérios da Educação, Trabalho, Saúde, Previdência e Ministério do Desenvolvimento Social, a economia possível seria de 1,1% do PIB. Mas é possível fechar todos os ministérios com exceção dos cinco sociais? Claro que não. Não é possível nem economizar metade do custeio passível de corte. Assim, se o governo conseguir uma economia de 0,2 a 0,3 pontos do PIB de custeio já seria algo excepcional — disse Mansueto.

Para o economista Raul Velloso, é claro o problema do aumento das despesas do governo. Mas ele acredita que, diante da situação financeira, o governo tem que fazer algum corte efetivo.

— A pergunta é: o governo está consciente de que precisa fazer esses cortes para não perder o investment grade? Na hora em que ele está à beira de um precipício, de uma grande dificuldade, de uma grande crise, ele tem que decidir. Mas o primeiro alvo são sempre os investimentos — disse Velloso.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

26 Comentários

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  1. Só bobagem

    Essa bobagem de corte de ministérios já passou dos limites. O governo tem que governar. Não se pode olhar nenhum ministério como “despesa”, pois cada um tem uma função na sociedade.

    Ao invés de cortar ministérios, o Governo Federal deveria cortar a ZERO as verbas publicitárias. Seria uma economia de quase R$ 2 BILHÕES por ano.

  2. Cortar 9%

    O problema dos ministérios (40) é atrelado a Governabilidade do sistema político atual. A constituição de 88 dá poucos poderes ao Executivo, este fica refém do congresso, e tem de criar algo mais para poder fazer aprovar as leis de decretos, senão os parlamentares travam a pauta e o país para (mais ainda) e o Governo é quem leva a culpa. Então se criou 40 ministérios para negociar cargos com a “base aliada” no congresso e ver se agilizam as votações do interesse do país. Uma reforma política que reduzisse o número de partidos resolveria em parte o problema, uma vez que seriam poucos partidos para se negociar e menos ministérios seriam necessários.

    Não adianta os moralistas dizerem que o fisiologismo é um escandalo, porque um argumento destes não resolve a situação, é assim que funciona a índole dos parlamentares brasileiros aliada a um sistema politico que incentiva o fisiologismo. A índole deles não mudaria, mas uma reforma política viria a criar mecanismos para vacinar o país contra isto.

    E a situação piora a cada eleição, pois se a reforma política não vier logo, o número de partidos está aumentando a cada ano, daqui a algumas eleições teremos centenas de partidos no congresso, a maioria com apenas poucos políticos integrantes, negociar com todos eles para votar uma simples pauta será um tormento para o Governo e custará fortunas para a nação.

    O Governo poderia sim, cortar muito mais que 9%, diferentemente do que diz o autor. Só os juros da Divida pública atrelados a Selic consumiram muitíssimo mais dos que 9% do orçamento. Durante o Governo Lula, sobrou dinheiro para governar, porque os juros eram baixos, e a divida interna encolhia. Mas este é um mantra que não caiu, ainda…

     

  3. Restariam assim “cortes

    Restariam assim “cortes profundos” nos gastos com clips, canetas, papel A4, papel higiênico e similares. 

    Claro que é possível se cortar gastos. E não interessa se é 0,1%, 0,5% do PIB. Isso também é dinheiro. Pena que só o Executivo tenha essa ingrata missão. Gorduras mesmo existem é no Legislativo e no Judiciário. Quanto custa a manutenção daqueles palacetes? E as mordomias?

    Bem, pode o governo ainda: revisar contratos e aprimorar projetos, em especial na fase de execução. 

  4. Reduzir os juros da Selic

    Reduzir os juros da Selic para 8%a.a. o governo economizaria R$ 70 bilhões. Mas isto é tarefa para Estadistas. Estadistas colocam os interesses do país acima dos interesses de grupos que sugam os cofres públicos. Estadistas são corajosos e têm um projeto claro de país. Estadistas não se intimidam com manipulação da mídia e chantagistas. Estadistas têm atitudes, discursos fortes e convincentes que despertam o apoio da maioria da população, ganhando mentes e corações. Estadistas não retrocedem diante das ameaças; muito pelo contrário, avançam com projetos que mudam a face do país, contrariando os interesses mais mesquinhos que atrapalham o crescimento econômico e social do país.

    1. Ai, ai. Pelo amor de Deus.

      Ai, ai. Pelo amor de Deus. Então juros dependem da vontade de um “estadista”? Se é assim, por que não 4% em vez de 8%? E eu acabo lendo infantilidades como essas.

      1. Eu diria que 1,3% é melhor.

        Eu diria que 1,3% é melhor. Para fazer um carinho no ego do Partido.

        E se a inflação subir para 130% em função da canetada, que se reduza ela por decreto também.

        E tenho dito. Viva Imperatriz Dilma!

  5. O Goveno Dilma

    tem que cortar pelo menos 70% das propagandas nos tentáculos do PIG e dá condições financeiras para uma mídia alternativa. Se fizer isso vai sobrar dinheiro e vai dá uma lição no PIG. Agora quero ver se de fato a Dilma é gerentona.

  6. Talvez acabar com o Senado

    Talvez acabar com o Senado Federal (os assuntos da Federação seriam tratados por uma comissão especial da Câmara com um representante por Estado + DF) significaria um bom corte de despesas inúteis.

    1. e também reduzir ao mínimo as

      e também reduzir ao mínimo as despesas com publicidade do Governo e suas empresas. Os horários de rádio e televisão para informar a população não deveriam ser pagos uma vez que esses veículos são concessão pública.

      1. Apoiado (2)

        Capitão, parabéns por fugir dos velhos mantras de sempre, que ao contrario do título do post estão mais de pé do que nunca. 

        Uma reforma político administrativa ousada, com redução de 20% dos municípios também cairia bem.

        Ontem no Globonews Painel foi falado que é impossível cortar gastos sem gerar desemprego. Então que fiquem desempregados senadores, marketeiros, vereadores e acessores, não os trabalhadores produtivos.

        Sei que é inviável politicamente no momento, mas se a idéia se espalha a viabilidade passa a ser viável.

         

         

  7. Se conseguisse o governo ser
    Se conseguisse o governo ser mais eficiente na cobrança de impostos e diminuisse pela metade a sonegação, só com isso o governo teria à disposição mais de 200 bilhões de reais, já aliviaria bem as contas do governo.

  8. Periodo eleitoral

    Em ano eleitoral sempre houve e haverá aumento das despesas do governo.

    E em ano pós-eleitoral sempre houve e haverá contenção das despesas do governo.

    É a política, estúpido! Simples assim…

  9. os perdedores querem é cortar

    os perdedores querem é cortar o maximo, miniizar o tamanho do estado.,

    a pergunta é: em benefício de quem.?

    o curioso é que os entrevistados são da turma dos perdedores.

  10. E que tal acabar com o

    E que tal acabar com o superfaturamento de obras ?

    E que tal diminuir a farra das Câmaras municipais e Assembléias Legislativas?

    Só para começar.E tem muito mais.

  11. Caro Nassif e demais
    Analista

    Caro Nassif e demais

    Analista ouvido pela Globo?!

    Então tá.Assunto encerrado. Aécio perdeu, mas os analistas do derrotado, ainda querem dar seus pitacos?!

    Saudações

  12. Não entendi

    Se cortar Ministérios tem  pouco efeito na redução das despesas do governo, segundo o economista da equipe de Aécio, porque este insistia tanto nesse assunto durante sua campanha?

  13. Corte de despesas de custeio

    “Deixam pouca margem” uma ova. O corte do Bolsa PIG seria um bom começo. Passado o facão no Bolsa PIG, as “leis do mercado” fariam o resto, rapidinho. E ainda vacinaria o povo contra o envenenamento diário que o PIG promove, em pequenas e ininterruptas doses (não letais) do veneno “odiol antiPTisona”. Igualzinho a globo mostrou naquela novela Amor a Vida, em que a bela e mal-intecionada Aline (Vanessa Giácomo) envenenou o ricaço babaca César Cury (Antonio Fagundes) até deixa-lo cego, completamente dependente dela, que lhe tomou tudo o que possuía.

  14. Dilma, inicie por cortar a

    Dilma, inicie por cortar a Bolsa Imprensa. Só aí já vai dar uma boa contribuição para a austeridade desejada pelos analistas econômicos do PIG.

  15. Empresa

    Se o Brasil tivesse dono e fosse tocado como uma empresa seriam tomadas várias providências:

    Seria feito um diagrama de fluxo do dinheiro à montante e a jusante do caixa para localizar vazamentos, Cada pagamento, cada investimento teria que ter a sua justificativa. . Seriam olhados com lupa os direitos adquiridos.

    Trata-se de uma decisão político-administrativa. Deve abranger cada repartição pública, Cada secretaria, cada ministério. Deve ser afastada a sensação de que o cofre da viúva tem mais vazamentos que os canos da SABESP. 

  16. O deficit foi causado muito

    O deficit foi causado muito mais pela retração da arrecadação (graças a baixo crescimento da economia e desonerações) do que expansão do gasto – muito embora ela tenha ocorrido.

    No lado do gasto do governo, a expansão maior foi por conta do seguro desemprego (que é uma fábrica de fraudes – expansão do seguro desemprego com níveis baixissimos de desemprego não faz sentido), e das pensões por morte. Todas essas são atreladas ao valor do salário mínimo que teve ganho real acima do potencial de financiamento do governo através da arrecadação.  É possível criar regras para impedir o avanço desses gastos com uma operacionalização melhor. 

    A regra de valorização do mínimo acaba em 2015.  Deve ser imaginada uma nova regra que – não caindo no erro do arrocho (ou seja, estagnação ou diminuição real do poder de compra do mínimo) – possa manter um passo de valorização mais compatível com solvência das contas públicas. 

    É possível imaginar uma regra assim.  Indexar o mínimo ao centro da meta de inflação mais a média da variação da renda percapita nos ultimos anos.  Isso garantiria pelo menos a manutenção do poder de compra e um aumento real mais próximo dos ganhos de produtividade, o que geraria aumento real sem pressão inflacionária como temos agora.

    Além disso é fundamental que o corte não contigencie o nível de investimentos em infraestrutura, que já é baixo para as necessidades do país. 

    A idéia de corte de ministérios ou de cargos de comissão como parte de um choque de gestão é nada mais do que estelionato eleitoral.  Ela pode ser muito vendável para uma parte do eleitorado, mas não é uma politica realmente eficaz.

     

  17. cortes..

    1 – fecha o Senado

    2- reduz a taxa Selic a níveis civilizados

    3- cidade até 50 mil habitantes Legislativo com Vereadores voluntários e sem funcionários..

    4 – bota a Receita Federal para trabalhar e pegar os grandes sonegadores..

    5 – executa a dívida dp Itaú- unibanco ( 19 bilhões), a globo em agosto pagou o DARF.

    6 – Reforma tributária com poucos impostos e acaba com as máquians infecientes de fiscalizão em todos os niveis dde goveernoss.

    8 – fehca todos os TCM, TCE e TCU..

    9 – maior rigor nas mordomias doss Tres Poderes..

    10 – bota a CGU para trabalhar mais, os devios de recursos da saúde e Educação nos Estados e Munícipios é enorme

    11 – extinge a bolsa PIG

    Tudo isso só será possível com apoio popular, se depender de Congresso e Judiciário só piora..

     

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