Quem são eles? Uma análise sobre a casta política.

Talvez  para compreender o que nos espera seja necessário repensar alguns dos canônes de análise. Quem seria esta nossa classe dominante. Será que temos uma classe burguesa?  Talvez possamos até mudar o termo, e perguntar quem seria esta casta. O Brasil ainda tem um pé na Casa Grande e Senzala. Jamais se criou no Brasil uma burguesia capaz de cumprir seu papel histórico. Da época do império, esta casta  herdou o estado. Os barões que se empobreceram, os usineiros falidos, buscavam, como disse Joaquim Nabuco, as sinecuras, onde não precisassem trabalhar. Os outros que prosperaram sabiam que o controle do estado e das instituições, políticas  e da Justiça eram essenciais. Criaram suas estruturas de poder e de apropriação do estado, através de laços de família, e ou da cooptação necessária, fosse nas forças armadas, fosse na classe média  treinada para as funções de estado.  A indústria aparece como necessária, mas ainda com uma expressão restrita na economia, sobretudo baseada na exportação de produtos agrícolas e exploração da matéria bruta. O crescimento do país exigia a formação de quadros para gerenciar um estado, captado nas poucas escolas. Apenas na década de 30 do século passado se preocuparam com a formação de uma universidade. As contradições internas desta classe, e sua falta de homogeneidade e objetivos e o próprio mundo os fez optar por uma industrialização, que não é nem nunca foi revolucionária. Importaram a industria automobilistica  estrangeira. Os movimentos no mundo exigiam uma modernização do país, mas esta classe não entendeu o movimento dialético e se surpreendeu quando  esta mesma indústria cria em suas entranhas um movimento operário. Não percebeu  como em suas universidades um pensamento diferente sobre a realidade do país se desenvolve. Na tentativa de não perder o poder,  destituiram governos, se colocaram contra o desenvolvimento, contra os sonhos nacionalistas, se uniram a interesses estrangeiros ( qualquer semelhança não é mera coincidência). Em pânico chamam   parcela das Forças Armadas, para num golpe  manter o controle sobre o estado. Mas até contra alguns destes  interesses a visão nacionalista e desenvolvimentista é abraçada pelo governo militar. Fortalecem os setores   nas estatais e universidades que colocam a criação do conhecimento e de tecnologia como um objetivo .  Sem dúvida com uma visão muito tecnocrática, mas o que deveria ser a marca do papel histórico da burguesia, que seria revolucionar os meios de produção, permanece até hoje  como uma marca das instituições do estado, nos institutos de pesquisa, nas Universidades e nas empresas estatais. Mas principalmente através dos seus representantes cooptados,  a nossa casta dominante, continuou dominando o estado através da burocracia, continuou resolvendo seus interesses através do pode institucionalizado Mas jamais em seus objetivos, esteve o de cumprir o seu papel social  e histórico  na contrução de uma sociedade. Dela surgiu   uma classe empresarial essencialemente consumidora. Um classe empresarial que apenas consome tecnologia, importando ou se associando ao capital estrangeiro.  Existe nesta casta o lado financeiro que é o imperio da realização de lucros através da virtualidade e de descolamento da realidade produtiva. O lado financeiro e monetário, se tornou tão predominante  no país, que durante anos as empresas não calculavam sequer  seus custos de produção, pois realizavam seus lucros com os movimentos de valorização e desvalorização da moeda. A inflação e as várias moedas e planos foram momentos de realização de lucros.  Mas a história não para e na medida em que as contradições se manifestam,  a sociedade se movimenta em todas as áreas enquanto esta casta continua aprisionando as instituições do estado, tentando controlar os movimentos na sociedade. Os interesses são muitos, mas perdura o papel central das Instituições, que se torna na verdade o objeto  e objetivo central dos políticos. Através das instituições do país exercerm  um poder maior até do que o da parte empresarial desta mesma casta. Afinal empresários em sua grande maioria vivem das obras publicas. Os políticos e os representantes desta casta  controlam a burocracia do Estado,  os  poderes de um Judiciário, e os poderes de um parlamento, onde curiosamente não se tem visão política, apenas de poder. Temos  uma casta  que também  representa interesses não apenas dela, desde que combinem com seus próprios interesses.  Quando se vê uma planilha da Oderbrecht com mais de trezentos políticos de todos os partidos   se vê o papel estrutural destas relações. Por outro lado quando se  vê Marcelo Oderbrecht preso  e tendo seus direitos de cidadão violados , ( prisão preventiva é um absurdo), nota-se que ele se enganou quanto a estar comprando poder. De fato estava sendo apenas extorquido. Observem que isto não é uma defesa de Oderbrecht, apenas quero dizer que o cenário de poder, está na mão de fato dos que controlam as instituições, e estes são os politicos, mormente os representantes da casta. Eventualmente eles se associam a poderes estrangeiros, eventualmente se associam a poderes empresariais, eventualmente se associam a poderes financeiros, mas sempre defendem seus próprios poderes. No momento controlam todos os tribunais que podem dar transparência e controle ao Estado. A falta de posicionamento ou de uma visão ideológico partidária  é decorrência  deste encastelamento. Assim, ora falam em menos impostos, mas na prática os mantém ou mesmo criam . Ora falam em ajuste fiscal , ora são contra. Ora falam de menos estado, mas na prática querem mais controle pessoal ou privado sobre o  estado.

E  é dentro deste quadro que se pode entender a luta encarniçada pelo controle do estado, que está havendo. Curiosamente o partido dos Trabalhadores é e continuará sendo o partido com maior base social. Tem uma base não apenas nas classes trabalhadoras, e nos movimentos sociais, como na intelectualidade , nas universidades  em parte da classe média esclarecida e  tem também uma base inclusive em  setores empresariais.  Por outro lado a oposição não tem uma base social , mas tem a seu favor uma grande parte do quadro funcional das instituições. . Tentou se aproveitar dos movimentos de protesto, e de uma campanha Goebbeliana  da mídia e de uma pretensa  luta contra a corrupção. Porém as manifestação mostram que o que se excitou foi  uma turba, onde existem muitos grupos, que entraram em delírio de poder. De fato, esta turba   acha que as manifestações são apenas locais para exercício de um  poder momentâneo. Quando agridem transeuntes, quando expulsam políticos  estão apenas dizendo: agora eu (indivíduo)  sou poder. Outros participam da catarse publica, para recitar o palavrório, politicamente e civilizatoriamente incorreto, que diziam apenas  na intimidade de seus lares. Esta catarse pública, libera os mais baixos instintos, mas não cria base política.

Esta direita encastelada sabe que só chega ao poder ou pela força, ou jogando o jogo em sua arena. E sua arena é o judiciário, e o parlamento. Suas armas são os seus representantes nas instituições.  Mas os interesses são os mais difusos. Enquanto alguns querem favorecer interesses estrangeiros, como os das petrolíferas, ou os interesses dos banqueiros internacionais.  outros querem apenas manter seus feudos, suas seitas  ou suas contas. Partidos como PMDB, já se transformaram de há muito em agremiação quase maçônica de disitribuição de cargos, com interesses que vão desde a manipulação num vilarejo  rural, ao contrato bilionário com alguma obra publica. Mas seus caciques terceirizaram o poder para  Cunha, que é a criatura que se autonomizou, e agora os assusta. O PSDB, entre os interesses  sempre constantes e sempre direcionados  ao exterior, de José Serra, o poder  provinciano (essencialmente da Província de São Paulo) de Alckmim, e o poder quase delinquente do juvenil Aécio, que cumpre a sina de herdeiro que destroi a herança política da família.   Esta casta  está unida para derrubar o atual governo, mas não sabe o que fazer para harmonizar tantos interesses .  Não sabem também se o poder que conferiram ao judiciário, na figura de Moro, vai aceitar simplesmente se recolher  abdicando deste poder.  Não esqueçam que quando chamaram os militares, os militares permaneceram no poder por muitos anos. Como irão conciliar os interesses tão conflitantes de empreiteiras  que foram duramente atacadas com os interesses da mídia, que no momento são difusos no que diz respeito à propria casta, mas tão direcionado   na questão política.  Mas esta direita sabe também que se o jogo for às ruas e até mesmo às urnas, ela terá muitos problemas.  No momento, com a arena do jogo, se fechando nela mesma, crescem as possibilidades de que cometam um desatino, porem aconteça o que acontecer, isto não é o fim. 

Redação

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