SÓ A MORTE LIBERTA LULA

Falei e publiquei, quando ainda tinha perfis em Redes Sociais (deletei-os quando percebi que estamos num Estado de Exceção), que Lula deveria ter ido para o exílio. Notadamente, camaradas, petistas e membros de várias “esquerdas” defenderam que Lula tinha que ficar, crer nas instituições e lutar por provar sua inocência. Os fatos e o tempo vem comprovando que tinha razão, não só eu, claro, em não acreditar na farsa da Democracia Brasileira. Agora impedem Lula de ir dar o último adeus ao seu falecido irmão, ‘Vavá’. Radicalizei, e mantenho, que Lula só sairá da cadeia morto ou inválido, e penso que o PT, e nossa esquerda “burra”, e atolada no pragmatismo, parece querê-lo mártir e de sobre o seu caixão seguir a retórica estreita de disputa de governo, e pseudo-poder, com a nefasta burguesia. Lula também absorve parte da culpa por sua moderação, revisionismo e resiliência diante de uma conjuntura sabidamente hostil ao que é, e representa, no contexto histórico, nacional e internacional, da atualidade. Lula parece impelido a exemplificar um ‘neo-mandelismo’, contudo, sem observar que Nelson Mandela foi encarcerado jovem e teve todo o tempo de vida para ser “adequado” à distensão que possibilitou  a minoria branca, detentora do real poder econômico da África do Sul, aceitar o fim do apartheid e “dar” aos negros majoritários a possibilidade de se sentirem donos e governantes de sua Nação. Não atoa, que por todo o mundo, quem mais exalta Mandela são os brancos. Voltando a Luiz Inácio Lula da Silva, aos 73 anos de idade, num cenário diverso, mais anômico e difuso, do experienciado por ‘Madiba’, não deveriam jamais estimulá-lo a essa imitação, senão apenas pelo fator tempo, ademais que a burguesia “branca” daqui tem um controle muito mais complexo e efetivo sobre a maioria, também negra, observando que Lula não é afrodescendente, mesmo sendo solidário às negras causas, e os trabalhadores, inclusas todas as etnias, neste país, não têm consciência e formação de classe, não atoa a convulsão operária não vir, nem com o encarceramento do maior líder operário de nossa história. Muito pelo contrário, trinta e nove por cento dos votos válidos, dos brasileiros, com uma expressiva contribuição de votos oriundos das classes populares, possibilitaram a chegada ao governo de um presidente que lhe é hostil por essência e representa a reencarnada personificação do “capitão-de-mando” da classe dominante. Lula só não morrerá no cárcere pela providência cidadã, mas essa depende de uma mobilização de massas que não creio ocorrer, neste desafortunado Brasil, afundado em Brumadinho, pelo que de fato vale por aqui. 

Redação

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