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Emmanuel Santiago, um sonetista na mais pura tradição de Manuel Maria Barbosa du Bocage
A Marcelo Aguiar
Bato palmas ao nobre deputado,
Defensor da família brasileira,
Que nos salva da sanha punheteira
Que assola este país degenerado!
Com tanta gente inculta, há o Estado
De ensinar e exigir boas maneiras
Para que não conspurquem a Bandeira
Com as manchas do sêmen derramado.
Pois o bom cidadão nunca se mete
(como é próprio das mais sublimes almas)
A acessar putaria na internet.
Loas teço aos bons hábitos burgueses,
E ao nobre deputado bato palmas:
Bato duas, três, quatro, cinco vezes!
Epitaphio
Manuel Maria Barbosa du Bocage
.
La quando em mim perder a humanidade
Mais um daquelles, que não fazem falta,
Verbi-gratia — o theologo, o peralta,
Algum duque, ou marquez, ou conde, ou frade:
.
Não quero funeral communidade,
Que engrole “sub-venites” em voz alta;
Pingados gattarrões, gente de malta,
Eu tambem vos dispenso a caridade:
.
Mas quando ferrugenta enxada edosa
Sepulchro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitaphio mão piedosa:
“Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada, e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro”.
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