Pastores da Igreja Universal do Reino de Deus apresentaram à Justiça ações de indenização contra o escritor João Paulo Cuenca que publicou em junho no Twitter que o “brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal”.
A frase é parafraseada de um texto de Jean Meslier, autor do século 18, que escreveu que “o homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre”.
A defesa de Cuenca denuncia que já são mais de 80 ações apresentadas em 19 estados, com pedidos de ressarcimento por dano moral em valores entre R$ 10 mil e R$ 20 mil.
Ainda o escritor afirma que “as ações são muito parecidas, são todos pastores da igreja, isso é uma ação coordenada, isso é litigância de má-fé. Essas pessoas estão usando o sistema jurídico do país para me constranger. Essa ação coordenada é um abuso do uso da Justiça”.
A Universal negou as acusações, mas argumentou que seus integrantes podem mover ações individuais na Justiça, segundo a Folha de S.Paulo. (Do 247)
Recomendado
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
A frase é ofensiva , troque Bolsonaro por Lula e pastor por esquerdopata e seria ofensiva na via inversa.
Mas ela causa dano ?
Este coisa no Brasil de cobrança de lateral em pelada terminar na justiça está virando um problema.
Lula já foi ofendido e vilipendiado de tantas formas mui9to piores que essa que isso aí é fichinha, é café pequeno. Quem não se lembra daquele boneco com roupa de presidiário em todas as manifestações? E bonecos de Lula e Dilma enforcados? Gente comemorando diante do câncer dele e debochando da morte de familiares. E Lula é um gigante, sobreviveu a isso tudo. Que essa gente vá se catar.
Alexandre Schwartzman torceu pelo Coronavirus no seu embate com o presidente.
E o fez nas colunas da Folha de São Paulo. Sequer foi advertido pela empresa.
No caso de ações malucas deveria haver o pagamento de multa ou indenização quando perder a causa, aí o escritor iria lavar a égua
Lula já foi ofendido e vilipendiado de tantas formas mui9to piores que essa que isso aí é fichinha, é café pequeno. Quem não se lembra daquele boneco com roupa de presidiário em todas as manifestações? E bonecos de Lula e Dilma enforcados? Gente comemorando diante do câncer dele e debochando da morte de familiares. E Lula é um gigante, sobreviveu a isso tudo. Que essa gente vá se catar.
Quem melhor conhece a inutilidade da Religião são aqueles que a estudam e vivem dela – padres e pastores em geral – assim como quem mais conhece a iniquidade das Leis são aqueles que as estudam e dela vivem – os advogados e juízes.
São, uma como a outra, no todo e enquanto entidades, puramente expressões de classe, justificativa retórica e filosófica para as posições que ocupam seus operadores no quadro social.
Jean Meslier, padre católico, entre a primeira classe de homens, e, contemporaneamente, entre nós, juristas como Pedro Serrano, Lênio Streck, e Silvio Almeida, para só citar alguns dentre os que frequentam essas páginas, são a voz incômoda da consciência humana livre em meio a um oceano de almas aprisionadas aos seus privilégios de maior ou menor monta.
O Papa Francisco, também, dentro das limitações impostas por seu cargo, ao menos tenta deixar claro que, por trás da autoridade, há um ser humano igual a todos nós, com algumas virtudes e muitos defeitos. No caso de alguém querer descrever seus detratores, os pronominais devem ser invertidos.
Meslier foi prudente, e seus pensamentos e sentimentos íntimos em relação a essa gigantesca fraude que é a Igreja, enquanto instituição de homens, só foram revelados após a sua morte. Em vida, enfrentou aqui e ali alguns contratempos nas mãos de pios e tementes seguidores do Senhor, dentre eles um certo Senhor Antoine de Touly.
Cuenca não resistiu à tentação da frase de efeito, e agora vai pagar o pato. Daniel Cohn-Bendit usou a mesma frase, tendo como protagonistas stalinistas e capitalistas; não sei se sofreu processo por parte de nenhum dos dois.
Fosse brasileiro, em 2020, certamente estaria enfrentando as barras dos tribunais.
Quanto a ser livre…
O homem só se torna livre na hora da morte. Como diria Graciliano, nascemos oprimidos pela sintaxe e terminamos as voltas com o Departamento de Ordem Política e Social. Vale dizer, começamos oprimidos pelas convenções sociais e terminamos as voltas com o Estadão, e suas escolhas difíceis.
A menos, é claro, que nos tornemos admiradores de Jean Jacques Rousseau, cujo pensamento é bastante consolador, mas de pouco efeito prático. Um seu compatriota já admitia que estamos, na verdade, condenados a ser livres. Associar liberdade a uma condenação já é uma evolução filosófica. Pois essa é a única liberdade de que dispomos, a de ter um emprego e comprar o próprio pão, ou seja, a nossa liberdade é uma escravidão disfarçada. Enquanto houver emprego…
Despeço-me. E, com o perdão da má palavra, confesso que minha convicção é apenas uma: estamos f****.