Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa

De um lado a Veja, “jogando luz” onde nunca houve escuridão; de outro um advogado alçado a ministro do STF pelas mãos de quem ora tenta atingir, querendo jogar sombra onde poderia jogar luz, se quisesse.

Ou, de como uma simples “opinião” – por mais estapafúrdica que seja – sobre a conveniência de julgar o mensalão agora (como transparece a entrevista do ministro Gilmar Mendes ao G1) passa a ser “pressão sobre o ministro” (envolvendo uma ta l “blindagem”, embora sua afirmação de que “a questão não se coloca dessa forma”), e de resto, sobre o Supremo Tribunal Federal), segundo a Veja. Mas, se nunca fez quando tinha PODER (senão a Veja já teria, baluartemente, denunciado), por que o faria agora, como simples ex-mandatário?

Pelo menos de uma culpa o ex-presidente Lula não pode se eximir: depois de passar pelo vexame de ter sido (isto é verídico) “chamado às falas” pelo Ministro Mendes e outros do STF, depois da saída meio que “à francesa” do então Ministro da Defesa do governo Dilma, ele não tinha nada que se reunir com tais criaturas, menos ainda em um escritório sem testemunhas, e menos ainda, emitir sua opinião (se realmente a emitiu) sobre um caso tão delicado (vide coluna do Bob Fernandes no portal Terra de hoje, 29 de Maio de 2012).

Peço vênia ao Saul Leblon para reproduzir seu artigo publicado no site CARTA MAIOR de 27/05/2012.

Vou jogar no lixo as poucas edições de VEJA que tenho em casa. Corre-se o risco de faltar papel higiênico um dia e eu ter que fazer uso (argh, como diria o Millor) de suas nefastas folhas.

APARECIDO BARBOSA

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Mendes, o mendaz e o que ‘Veja’ oculta

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Lula, Nelson Jobim e Gilmar Mendes se encontraram no escritório do segundo no dia 26 de abril. Dos três, um deles, Gilmar Mendes, narra um diálogo em um ambiente (a cozinha do escritório) que os outros dois negam. Lula, em nota divulgada nesta 2ª feira, desmente e desabafa:’ Meu sentimento é de indignação’. Jobim também o faz enfaticamente: não houve conversa na cozinha e não ocorreu o tal diálogo, declarou o ex-ministro da Justiça FHC e ex-presidente do STF entre 2004 e 2006, um personagem reconhecidamente insuspeito de simpatias petistas. Um dado temporal pouco ou nada contemplado na repercussão midiática do evento: a ‘revelação’ do falso diálogo só vem a público um mês depois do ocorrido; coincidentemente, quando a CPI do Cachoeira avança – aos trancos e barrancos, é certo -, no acesso e divulgação das escutas telefônicas da PF que ampliam os círculos envolvidos no intercurso entre o crime organizado, mídia e expoentes conservadorismo golpista brasileiro (leia a reportagem exclusiva de Carta Maior sobre a ‘Operação Berlim’, na pág.). A revista VEJA que narrou o falso diálogo um mês depois de ocorrido estranhamente não ouviu Jobim antes de publicar a matéria. Uma testemunha tão qualificada, ademais de única, o amigável Jobim não foi ouvido pela experiente matilha da principal corneta da direita no país, que descuidou assim de encorpar o ‘escândalo’ de forma incontornável… Mas, fica a dúvida: Jobim não foi ouvido ou não quis se comprometer com a operação, motivo pelo qual Gilmar lhe ofereceu a porta de saída da cozinha (recusada por Jobim) recinto no qual, alega, teria ocorrido o constrangedor diálogo?A revista também não explica a razão pela qual Gilmar Mendes só se indignou a ponto de buscar o ombro confidente dos amigos de Policarpo Jr 30 dias depois do ocorrido que tanto o tocou. O dispositivo midiático demotucano passa ao largo dessas miunças. Prefere repercutir o ‘escandaloso’ comportamento de Lula. Usa a condicional ‘se de fato ocorreu’ no miolo do texto, mas ordena as manchetes e comentários seletos como se a reportagem de VEJA fosse verdadeira. Repete assim o comportamento da manada conservadora observado em 2008 quando a mesma VEJA e o mesmo Gilmar, denunciaram um suposto grampo telefônico de conversas travadas entre o então presidente do STF e o demo Demóstenes Torres. O ‘escândalo’ levou Gilmar a acusar o governo Lula de instaurar um “estado policial no Brasil’. Como agora, Gilmar mostrou-se indignado então. Com equivalente isenção, o dispositivo midiático demotucano também endossou o destampatório sem um grama de evidência objetiva. A pressão derrubou Paulo Lacerda, então chefe da ABIN. O grampo, comprovou-se depois, era falso. Uma peça desse jogo xadrez vai depor no Conselho de Ética nesta 3ª feira: Demóstenes Torres é parte da verdade escondida no cipoal de mentiras, interesses políticos e pecuniários que a novilíngua midiática tenta minimizar; se possível vitimizar.Parte da mesma verdade é a viagem a Berlim em abril de 2011 feita por ambos: o senador e o personagem togado. As particularidades que envolvem a ida e a volta dos dois, sobretudo a volta em 25-04 (LEIA reportagem exclusiva de Carta Maior, nesta pág. sobre a Operação Berlim em que Cachoeira providencia jatinho para um certo ‘Gilmar’) , podem explicar o suor frio do desespero excretado nas páginas da estridente corneta do conservadorismo brasileiro.

Postado por Saul Leblon às 08:55 – 27/05/2012

Redação

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