Vazajato: a não denúncia que driblou a “astúcia” dos Champolins de Curitiba, por Luis Nassif

Os gênios curitibanos da estratégia não entenderam nada. O conteúdo da matéria não constava de nenhum anexo da delação. Não havia o menor interesse dos advogados da OAS em vazar algo que pudesse prejudicar seu cliente.

Dê a qualquer narrativa imbecil uma cobertura intensiva da parte da mídia, e ele irá acreditar que controla a narrativa.

 A grande tolice dos procuradores da Lava Jato de Curitiba foi supor que estavam manipulando a imprensa – e não perceber que eram manipulados para o objetivo maior de derrubar o governo e inviabilizar Lula.

Certa vez, a familiar de um desaparecido político se expressou assim, sobre as tentativas de definir responsabilidades dos torturadores:

– Se um deles perder uma noite de sono que seja, nosso trabalho estará compensado.

Agora que nada têm a entregar, os procuradores e o ex-juiz Sérgio Moro amargam noites de insônia. À medida que a ficha vai caindo vão percebendo o amadorismo todo com que foram manipulados.

Um dos episódios mais reveladores foi uma capa da Veja, com trechos de uma suposta denúncia do presidente da OAS, Léo Pinheiro, contra o Ministro Dias Toffoli.

Era uma não denúncia. Não havia um fato sequer que pudesse caracterizar mau procedimento de Toffoli. Dizia apenas que Léo sugeriu uma empresa para reformar a casa de Tofolli e que o Ministro pagou pelos serviços. Ou seja, a revista que se notabilizara pelas maiores falsificações de reportagens da história do moderno jornalismo brasileiro, permitia que a própria denúncia se auto destruísse.

No mesmo dia, o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o vazamento foi feito por advogados da OAS e suspendeu o acordo de delação.

Os gênios curitibanos da estratégia não entenderam nada. O conteúdo da matéria não constava de nenhum anexo da delação. Não havia o menor interesse dos advogados da OAS em vazar algo que pudesse prejudicar seu cliente.

Januário Paludo – o mais experiente do grupo – percebeu que a reportagem tratava de um “não crime”. Mas, ladino como ele só – era o classe média deslumbrado que ironizava as roupas “bregas” encontradas no sítio de Atibaia – atribuiu a um mero erro de reportagem da revista.

– A Veja já publicou muita merda sobre a colaboração.

Astucioso como Chapolin, dos filmetes da SBT, Paludo analisava as consequências de receber ou não os anexos:

– Mas se ficarmos quietos e recebermos esse anexo, teremos certamente problemas.

E concluía que “a suspensão (da delação), volto a repetir, reforça a matéria da Veja”.

Mas concluía que “o momento atual é de fragilidade perante o STF”, depois das tentativas de incriminar os Ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli.

Ora, para qualquer observador minimamente antenado, a intenção era óbvia – e no GGN matamos a charada no mesmo dia. Sabia-se, pelos advogados envolvidos no caso, que a delação de Léo Pinheiro colocaria na fogueira os ex-governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais. Jogaria o PSDB na fogueira e, ao mesmo tempo, acabaria com a versão de que a cooptação se dava apenas no governo do PT. Com um diferencial sério: os sinais evidentes de enriquecimento pessoal de ambos.

Então simplesmente inventou-se que havia um anexo que imputava a Dias Toffoli um não-crime. E a revista não impôs a menor resistência a espalhar mais um fake news.

Com base na não-notícia, o Procurador Geral da República Rodrigo Janot, rápido que nem um raio, ordenou a suspensão da delação. E a campanha pró-impeachment pode seguir sem ser incomodada.

E os Champolins de Curitiba continuaram direcionando seu olhar aguçado para identificar roupas bregas em sítios.

Luis Nassif

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