Como Deltan usou a “nossa filhinha” como álibi para sua saída da Lava Jato

Intenção de Deltan era calar críticos que afirmavam que ele pediu demissão do MPF para evitar condenação no CNMP

No dia de seu pedido de demissão do comando da operação Lava Jato, em 1º de setembro de 2020, Deltan Dallagnol publicou um vídeo com explicações. Dizia ele:

  • Há algumas semanas eu e minha esposa identificamos alguns sinais que nos preocuparam em nossa bebezinha, uma filhinha pequena, linda, de um ano e dez meses de idade. Nós identificamos sinais de regressão em seu desenvolvimento. (…) Nossa filhinha está passando por uma série de exames (…) No entanto, recebemos recomendação de uma série de especialistas de implementar imediatamente uma série de terapias e tratamentos que vão exigir uma dedicação muito intensa nossa como pais. (…) Depois de anos de dedicação intensa à Lava Jato, eu acredito que agora é hora de me dedicar de modo especial para minha família.

Pode haver desprendimento maior, demonstração maior de responsabilidade paterna do que abrir mão de uma carreira para cuidar da “nossa filhinha”? A intenção era calar críticos que afirmavam que Deltan pediu demissão para evitar uma condenação, entre os muitos inquéritos que tramitavam contra ele no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Um ano depois, pediu demissão do MPF.

Pouco tempo, o pai dedicado se candidata a deputado federal, em uma campanha que toma muito mais tempo do que o trabalho na Lava Jato. E não se fala mais na “nossa filhinha”.

Luis Nassif

7 Comentários

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  1. “Não importa o que vc ache”, a bíblia (sic) sabe que 54 milhões de votos de brasileiros desrespeitados sem crime (conforme auditorias do Congresso, tribunais, MP) valem mais do que 344 mil votos de paranaenses enganados. Ele deveria ter feito e fazer campanha em defesa de sua “colega” Dilma, “impeachada”, dentre outras, pela “memória do (torturador) Carlos Alberto Brilhante Ulstr@, o terror…”. Némêz?

  2. “Família, família. Papai, mamãe, titia. Família, família. Almoça junto todo dia. Nunca perde essa mania. Mas quando a filha quer fugir de casa, precisa descolar um ganha pão, Filha de família se não casa, Papai, mamãe não dão nenhum tostão. Família, ê. Família, família. Vovô, vovó, sobrinha. Família, família. Janta junto todo dia, nNunca perde essa mania. Mas quando o bebê fica doente, procura uma farmácia de plantão. O choro do nenê é estridente. Assim não dá pra ver televisão, oh. Família, ê.Família, família. Cachorro, gato, galinha. Família, família. Vive junto todo dia. Nunca perde essa mania. A mãe morre de medo de barata.O pai vive com medo de ladrão. Jogaram inseticida pela casa. Botaram um cadeado no portão. Família, ê”. – Titãs

  3. “… Depois de anos de dedicação intensa à Lava Jato, eu acredito que agora é hora de me dedicar de modo especial para minha família.” Linda mensagem somente para os bolsonarentos lavajateiros. Não há qualquer exemplo de um crente, machista, misógino, corrupto e carreirista que seja capaz de se dedicar “de modo especial” à própria família a ponto de deixar um emprego. Especial, infelizmente, é só a filhinha dele, que já em tenra infância vem experimentar a sordidez do caráter paterno.

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