Democracia não é algo de se pôr na sopa
por Wilson Ramos Filho
A Direita Concursada, principalmente a que exerce seu efêmero mandarinato no Judiciário e no MP, destruiu a crença na democracia. Não estava sozinha, é verdade.
O Golpe já havia desmoralizado “a política” e os que nela acreditam. Os meios de comunicação vinham há tempo gestando a ilusão de que nos “não-políticos” estaria a “solução para tudo isso que está aí”. Uma sensação de que “são todos iguais” veio sendo cuidadosamente cultivada.
Quando o Judiciário impede a candidatura do Lula, o perseguido com quem o povão se identificava, resta a aparentemente óbvia opção pelo outro mal-quisto “pelo sistema”.
Inventa-se o “radicalismo da extrema-esquerda” representado pelo PT (alguém com um mínimo de racionalidade acha mesmo que o PT é radical, depois dos 13 anos de governo em um presidencialismo de coalizão?), requenta-se o “anticomunismo” e proliferam nas redes sociais as mentiras deslavadas (fake-news). O povão, espremido pelas urgências da sobrevivência cotidiana decorrentes do Golpe, acredita em todas as mentiras. Quer acreditar no “salvador da pátria” voluntarioso, firme, inculto e violento. As igrejas fazem o resto sabedoras de que quem é capaz de crer em cobras que falam e no sobrenatural, vigiando cada ato ou pensamento em tempo integral, é capaz de acreditar em qualquer coisa. Em qualquer coiso.
A esperança de uma vida melhor para todos, como construção coletiva e solidária, é substituída pela premiação individual, pelo mérito do esforço ou da devoção. A esperança já não é a organização do povo, mas a entrega irracional do destino de todos e de cada um ao Messias, àquele que vai enfrentar o Sistema com base na moral para construir uma “nova ordem”, como uma cruzada do Bem contra o Mal, de Deus contra o Demônio, do nós contra tudo isso que está aí.
A Direita oferece às maiorias a promessa de que haverá o que pôr na sopa.
Wilson Ramos Filho (XIXO), é doutor em direito, professor UFPR/UFRJ.
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Coleciono frases, palavras ideias. A que intitula esta reflexão encontrei no Livro “o apocalipse dos trabalhadores”, de Valter Hugo Mãe, Ed. Biblioteca Azul, 2017. Ei-la: “aquelas teorias apaixonadas não lhe pareciam nada de pôr na sopa” (p. 21).
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bom post.
Bem observado. Se me permite acrescento…
Ninguém fica imune a decadas duma mentira de que tudo que seja coletivo é ruim( sindicatos, partidos,associações de trabalhadores rurais, sem terra, etc).,
O que importa é cada um cuidar de sua vida!!!
(não existe sociedade,só individuos, já dizia a “filosofa” M. Thatcher).
Some-se a isso: Multidoes de pastores com uma teologia absurda, simplória e milagreira businado do ouvido do povo; uma tv em que até as novelas servem para enviar mensagens subliminares; uma imprensa parcial, e por ai vai…
O resultado é isso que vimos. Um povo completamente desunido, alienado, fácil de manipular.
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Além do Moro, STF, MP, IMPRENSA,
Candidators que não tinham como alcançar o Haddad tacaram-lhe pau, na tentativa de tirá-lo do páreo. Vão esses todos nos levar ao Segundo Coturno.