por Leonardo de Souza Chaves (*)
O chamado “mercado financeiro”, composto na sua imensa maioria por quem de fato perdeu as eleições presidenciais em 2022, pretende permanecer formulando a política do novo governo, a julgar pelos últimos noticiários a respeito. E da pior forma possível.
Pode parecer paradoxal, mas é isso mesmo: o candidato dos atores comprometidos com o capital financeiro perde as eleições para o candidato das propostas populares, e através de discursos e práticas chantagistas, que beiram ao terror econômico, sem qualquer constrangimento, o tal “mercado” tenta encurralar o novo presidente da República, que, no entanto, se mostra fiel a seu eleitorado.
Em outras palavras: sob o rótulo de serem liberais não passam de boquirrotos da liberdade individual para continuarem a mandar e tentar fazer prevalecer os seus egoísticos interesses, estampados recentemente na defesa, sem sentido, da manutenção de escorchantes juros praticados pelo Banco Central.
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Lula, agora plenamente legitimado pela eleição de 2022, mostra-se vigilante em não minimizar a força golpista do “mercado financeiro”, fazendo o necessário enfrentamento, ditado pelas circunstâncias.
É bom relembrar que o verdadeiro estado liberal só se concretiza quando esse mesmo Estado sabe conciliar as classes sociais. E conciliar não é enganar, nem mentir. Conciliar é conceder a uma classe social, em determinada oportunidade, quinhão maior do que a outra; o Estado liberal sabe mediar e conceder. E assim alterna as concessões: ora uma classe social é beneficiária, ora é outra.
E ninguém de boa-fé há de negar o fato de que nos últimos anos, a alta burguesia nacional, notadamente os que integram o capital financeiro, se apropriou das nossas riquezas com exclusividade, contando para isso com a cumplicidade do Estado brasileiro, que lhe propiciou enormes privilégios em detrimento do conjunto da sociedade.
Exemplo do que se fala ocorreu no início de 2020, quando o então ministro da Economia transferiu para os cofres dos bancos a bagatela de mais de um trilhão de reais – dinheiro do compulsório.
E nenhuma concessão, para contrabalançar, foi feita ao trabalhador, seja da esfera pública seja da privada.
O discurso de ter colocado “bomba no bolso do funcionário público” soou como música aos ouvidos dos “liberais” brasileiros.
(*) Leonardo de Souza Chaves é professor de Direito da PUC-RJ e procurador de Justiça do MPRJ.
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