E a escolha do vice continua sendo feita nas coxas, por Gustavo Conde

E a escolha do vice continua sendo feita nas coxas

por Gustavo Conde

E os vices continuam sendo escolhidos como sempre foram no Brasil: na base do “qualquer um serve, desde que traga tempo de TV”.

A lição “Temer” deveria ter sido aprendida. Claro que falo dos partidos do golpe, PSDB em destaque – porque o PT aprendeu e tende a apresentar um vice de respeito dentro de algumas semanas, até pela conjuntura que cerca sua campanha majoritária.

Na verdade, a melhor escolha de candidato a vice-presidente da história foi a de Lula, que nunca foi bobo nem nada. José Alencar deu imensa estabilidade política a Lula, elegante e leal que era.

Tanto que a referência encarnou no próprio filho. Foi só Lula acenar para Josué Alencar, que os partidos golpistas embaralharam o meio de campo como moscas varejeiras. Todos querem Josué Alencar como vice – só para não darem esse privilégio a Lula.

Sabiamente, Alencar rechaçou Alckmin que, no meu entendimento, vai penar para achar um vice que lhe aceite como cabeça de chapa. Ser vice de Alckmin deve ser um dos mais tétricos pesadelos políticos que algum pretendente a sub protagonismo poderia imaginar.

Essa chapa de Alckmin começa muito podre. Tem todo o centrão ali dando as cartas. O vice deverá ser um fantoche dos bons, desses quase lobotomizados (ou um larápio, tipo Roberto Jefferson, com preço e lista de chantagens pronta).

Todos os políticos com um mínimo de dignidade e amor próprio já rechaçaram Alckmin: Josué Alencar e Álvaro Dias. Aldo Rebelo, a bola da vez, está pressionado, mas tenho dúvidas se ele se prestaria a esse papel. Ele tem ‘alguma’ biografia.

De sorte que a escolha de vice, com exceção do PT (que parece ter aprendido a lição) e do Psol (que escolheu uma liderança indígena para a função, a interessante Sonia Guajajara), continua no limbo da intelecção primária. 

Temer deveria ser a eterna referência negativa para que a escolha de candidato a vice fosse um pouquinho mais democrática e representativa, afinal de contas, o vice tem um papel muito importante – e, às vezes, decisivo.

Nesse sentido, o protocolo do escolha de candidato a vice-presidente nos EUA é bem mais inteligente. O papel ali é de protagonismo e de muita ação, não esse limbo decorativo que se impregnou na cultura política brasileira.

Um candidato a vice-presidente merece respeito. Ele deve ter agenda própria e estar no pleno gozo de sua soberania de espírito.

Quando o Brasil respeitar mais essa função, teremos superado mais um degrau rumo a uma democracia digna do nome.

Antes disso, no entanto, precisamos re-instaurar a democracia básica, que nos foi usurpada pelo mais medíocre e desleal dos vice-presidentes.

 

 

Redação

4 Comentários

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  1. Sanbia que essa expressão

    Sanbia que essa expressão ”nas coxas”surgiu em Portugal ?

    E um fato real.

     Explique pra galera ,Gustavo Conde.

  2. A figura do vice é muito questionável

    Um governo legítimo, de Esquerda, que seja eleito em outubro próximo, deve propor – já na primeira semana de governo – apresentar proposta de referendo revogatório para TODOS os atos executivos e legislativos pós-golpe. A primeira das reformas do aparelho estatal deve ser a do sistema judiciário, seguida da política e da tributária. Tais reformas talvez só possam ser implementadas por uma ANC, já que o legislador ordinário, por interesses próprios, privados e da casta a que muitos dos seus integrantes pertencem, pode não se atrever a votá-las. Um Congresso Unicameral Constituinte – contando com os 3 membros a que cada unidade federativa faz juz atualmente no senado, independentemente do número de habitantes, extensão territorial ou importância econômica  – que poderá ser eleito já no ano que vem, com a atribuição de votar uma Nova Constituição Federal tomando por base a de 1988 sem qualquer emenda, deve dispor de 12 a 18 meses para votar e promulgar a nova Carta Magna.

    A primeira cláusula pétrea deve conter o seguinte texto ou o equivalente dele:

    “Promulgada esta Nova Constituição da República Federativa do Brasil, ele NÃO poderá ser emendada pelos próximos 20 anos, a fim de dar  estabilidade política e institucional à República. Transcorrido esse tempo outra ANC, com caráter revisor exclusivo, será eleita e terá o prazo de 12 meses para alterar/revisar o texto constitucional.”

    Dentre muitos comandos que devem ser alterados na CF, um referente ao processo eleitoral e organização do Estado deve estabelecer critério que extinga a figura de vice-presidente da república, torne esse vice novamente passível de escolha pelo eleitor ou obrigue esse vice a implementar o mesmo palno de governo defendido pelo partido e pelo presidente eleito que, por alguma razão, tenha deixado o cargo. Tal dispositivo evita golpes como este ainda em curso no Brasil.

     

  3. bom post.

    Já escrevi aqui e volto ao assunto.

    Já deveriamos ter acabado com os cargos de vice.

    Só serve para fazer politiquice da pior qualidade e gastar nosso dinheiro de nosso impostos.

    Servem também para apoiar golpes, vide Temer(ário).

    Que tal começarmos uma campanha?

     

  4. A questão do vice

    Nos Estados Unidos eles são mais praticos ou diretivos e assassinam seus presidentes, ja no Brasil… Cuidado com o vice!

    Muito se fala na chapa do PT ser “puro sangue”, mas quem teve um Temer tem que temer. Desculpe o horrivel trocadilho.

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